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Notícias / Ciência & Saúde

Bactéria que causou infecção em jovem é encontrada em ar-condicionado

G1

A nutricionista Aline Winkler Borges, de 23 anos, continua internada, desde o dia 30 de dezembro, após ter os dedos dos pés e as pontas dos dedos das mãos amputados por causa de uma infecção generalizada, que teve origem em uma pneumonia. Segundo o médico Rogério Castro, que cuida de Aline, o problema foi causado por bactérias Legionella sp.

Médico infectologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Carlos Magno Fortaleza explicou ao G1 que essa bactéria se multiplica em água parada e ambientes quentes, situação geralmente encontrada em aparelhos de ar-condicionado.

“A Legionella frequentemente se multiplica bem em sistemas de ventilação interna de prédios e se dispersa pelo ambiente. Se ela for aspirada em grande quantidade ou se a pessoa tem algum problema de imunidade, pode contrair uma pneumonia que pode ser muito grave”, afirmou Fortaleza. 

Segundo o médico, a bactéria pode ser encontrada em sistemas de ventilação velhos ou sem manutenção adequada. “É o que chamamos de Síndrome do Edifício Doente. Quando o sistema de ar tem muitos fungos, são comuns essas infecções e problemas como rinite, sinusite e bronquite”, afirmou.

Nem todos que trabalham em um ambiente com ar-condicionado ficam doentes, mesmo que o local esteja contaminado. “Isso depende da defesa imunológica da pessoa. Às vezes, ela não tem defesa contra aquela bactéria específica ou está com baixa imunidade”, afirmou Fortaleza, que ressalta que o fato de Aline ser diabética pode ter contribuído para o agravamento do caso.

Manutenção é necessária
Gerente de qualidade de um laboratório de biotecnologia que analisa bactérias, Elisa Goulart explica que a única forma de evitar a contaminação é a limpeza periódica. Mesmo umidificadores de ar e aparelhos em carros também precisam de manutenção. Elisa ressalta que a manutenção nos veículos deve ser feita nas concessionárias ou em oficinas especializadas. 

“Há pessoas que só notam alguma coisa errada quando há odor estranho, quando começam a espirrar. A recomendação é que o filtro de ar seja trocado a cada seis meses”, afirmou Elisa.

Normas da Anvisa
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) possui duas normas que regulamentam o assunto: a Portaria GM/MS nº. 3.523, de 28 de agosto de 1998, que fala sobre a limpeza e manutenção dos aparelhos, e a Resolução RE nº. 9, de 16 de janeiro de 2003, que é uma orientação técnica relativa à qualidade do ar.

De acordo com o especialista em Vigilância Sanitária da Anvisa, Sandro Dolghi, a limpeza do filtro dos equipamentos é fundamental tanto em equipamentos grandes quanto pequenos. A maneira de limpar varia de acordo com o aparelho, mas qualquer fabricante pode passar essas orientações.

“Vários fatores influenciam na periodicidade com que a limpeza deve ser feita. Um equipamento pode ter que ser limpo a cada cinco dias, enquanto outro só uma vez por mês. Quem define é quem cuida da manutenção”, explica Dolghi. “Em um prédio de escritórios, por exemplo, um equipamento em uma sala de reuniões que é usada várias vezes por semana será limpo com mais freqüência do que aquele que fica na sala de um diretor que vive viajando e quase nunca está na empresa.”

A fiscalização é feita pela Vigilância Sanitária dos municípios, fiscais dos trabalhos e conselhos que reúnem profissionais de uma categoria. Segundo Dolghi, qualquer usuário também pode auxiliar na fiscalização, checando os relatórios de manutenção do ar-condicionado, que devem ficar à disposição.

Outro caso
A modelo Mariana Bridi foi outra vítima de bactérias. Ela morreu no dia 24 de janeiro após uma infecção causada por Pseudomonas aeruginosa.

“Contaminação por Pseudomonas se torna grave quando a bactéria invade uma parte do corpo onde normalmente não fica. É muito comum em casos de infecção hospitalar, após cirurgias. No caso da modelo, foi uma infecção urinária contraída na comunidade. Elas são mais raras, mas acontecem”, disse Fortaleza.
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