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‘Botei o inimigo em casa’, diz mãe de jovem que acusa padre de abuso

G1

Justiça decreta prisão de padre que teria algemado jovem para fazer sexo Padre suspeito de algemar jovem para fazer sexo se apresenta à polícia Padre que teria algemado jovem para fazer sexo foi afastado, diz Igreja Foi entre lágrimas que a mãe do rapaz que acusa um padre polonês de tê-lo algemado na casa paroquial para fazer sexo deu entrevista ao G1. “Botei o inimigo dentro de casa, pensando que meu filho estava bem amparado e estava pisando em cima de um campo minado sem saber”, desabafou ela, que pediu para não ser identificada. O padre se entregou à polícia na última sexta-feira (21), um dia após ter sua prisão decretada pela Justiça.

“Ele frenquentava a minha casa e eu freqüentava a casa paroquial. É muito difícil, muito dolorido mexer nisso tudo de novo. Ver a foto dele sendo preso não diminui a nossa dor, mas sabemos que a história toda só está começando agora”, contou ela, que descobriu o episódio cerca de um ano após ter acontecido, ao desconfiar do comportamento agressivo do filho e resolver entrar em sua caixa de emails.

Família vai processar Igreja
O advogado da família Peron Cavalcante, que pretende entrar com um processo cível de danos morais contra a Igreja Católica, conta como mudou o comportamento do ex-coroinha. “Ele era uma pessoa dócil e comunicativa e de repente ficou agressivo e fechado. Ela (a mãe) pegou a senha dele e descobriu emails do padre de cunho pornográfico. Ela começou a pressionar até que e o menino falou. Aí eles procuraram a delegacia”, diz.

“O processo será contra a igreja, que é a responsável. O padre foi só um preposto e é o principal objeto da investigação criminal. O episódio aconteceu dentro de suas dependências”, explicou Peron. Ele pretende que o pároco, inicialmente indiciado por atentado violento ao pudor, responda também por corrupção de menores.

Igreja não se pronunciou
Isto porque, segundo a família, o padre, de origem polonesa, se aproveitou da condição de confessor e instrutor espiritual do rapaz para tentar seduzi-lo. Em depoimento, de acordo com o advogado, o religioso teria dito que a vítima é homossexual e o episódio aconteceu com seu consentimento.

Procurada pelo G1, a Arquidiocese do Rio ainda não se pronunciou sobre o processo. Mas, na última sexta-feira (21), a instituição anunciara o afastamento do religioso.

Como foi
Segundo a denúncia do Ministério Público, o jovem era coroinha da igreja até 2006. No início de 2007, o adolescente foi procurado pelo padre com uma oferta de ajuda financeira para a família. Na saída, ele teria puxado o rapaz à força e o beijado. O passo seguinte do religioso, de acordo com o documento, teria sido o envio de mensagens de cunho erótico via internet.

Ainda de acordo com o documento, o padre chamou o então adolescente à igreja e o algemou na cama da casa paroquial. Lá, ele teria despido o menor e praticado sexo oral, além de uma tentativa frustrada de penetração. No final, o pároco pôs dinheiro no bolso da vítima, exigiu segredo do acontecido e o coagiu, afirmando que já sabia as flores que depositaria em seu caixão caso a notícia viesse à tona.

‘Masmorra erótica’
No processo, o juiz Alexandre Abraahão Dias Teixeira, da 1ª Vara Criminal de Bangu, na Zona Oeste do Rio, escreve que, via internet, o padre “descreve uma intensa vida sexual com outros”, “tudo levando a crer, até mesmo pelas suas preferências sexuais, que fossem outros jovens no meio religioso”. Na decisão, o magistrado afirma que o sacerdote fez da casa paroquial uma “masmorra erótica”.

“O indícios apontam o indiciado como uma pessoa compulsivamente ligada a sexo com adolescentes, demonstrando sua franca capacidade de usar da sua postura de padre para executar a ‘lavagem cerebral’. (...) No seio destas conversas o acusado arregimentava este rebanho de inocentes jovens para levá-los a sua Casa Paroquial, subestimando sua alta relevância espiritual para transformá-la numa espécie de ‘masmorra erótica’ onde submetia estes jovens, inclusive com emprego de algemas, as orgias descritas entre risos nas ‘conversinhas’ mantidas com seus amigos na internet. A liberdade do acusado põe em sério e concreto risco a garantia da ordem pública, em especial o bem estar da juventude religiosa que frequenta as igrejas”, diz o documento.
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