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Indiferença abala sanidade e compromete recuperação de morador de rua

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 A indiferença das pessoas para com o morador de rua, em alguns casos, como o de Robson César Mendonça, o deixa triste e desesperançado. “É triste você estar na calçada, as vezes nem pedindo uma esmola, e ver que uma pessoa atravessa a rua só para não ter que olhar para você”, afirmou.

Mendonça morou três anos em albergues da prefeitura e mais três nas ruas de São Paulo. Conhece bem a o que a indiferença da população acarreta no comportamento do sem-teto. “Isso faz com que você procure uma fuga da realidade. E isso, muitas vezes é o álcool ou a droga.”

Hoje, ele é presidente do Movimento Estadual da População em Situação de Rua em São Paulo. Combativo, cobra com fervor mudanças em políticas públicas voltadas para o morador de rua. Exige também mudanças na forma como a sociedade trata as pessoas que ela “finge não ver” sentadas em esquinas da cidade ou dormindo em praças. “Muitas vezes o morador de rua só quer conversar. Precisa só de uma palavra amiga”, disse em entrevista concedida à Agência Brasil.

“A gente pede respostas e as pessoas não dão”, complementa Atila Pinheiro, pessoa em situação de rua e coordenador-geral do movimento nacional dessa população. Pinheiro foi dependente químico e admite que a indiferença da sociedade empurra ainda mais as pessoas que vivem na rua ao vício. “Você entra em paranoia. Ninguém te vê e você sai andando pela rua, cria uma rotina infinita, perde a sanidade mental.”

Sem sanidade, o problema do morador de rua se agrava. Além de um emprego, de uma moradia, ele passa a precisar também de um tratamento especializado para dependentes químicos a fim de deixar a rua. Este tratamento, segundo ele, é falho, tornando a recuperação quase impossível.
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