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Notícias / Educação

Em encontro internacional de reitores, mulheres são minoria

UOL

É visível aos olhos a baixa proporção de mulheres no 2º Encontro Internacional de Reitores Universia, que acontece entre os dias 31 de maio e 1 de junho, em Guadalajara, a 458 km da cidade do México. A organização do evento não tem um levantamento oficial. E, por meio da lista de participantes, poderiam escapar algumas personagens emblemáticas como a mexicana Yoloxochitl Bustamante Díez, a primeira mulher a ocupar o cargo de reitora no IPN (Instituto Politécnico Nacional).

Durante as entrevistas, elas descartam preconceito. Mas, na conversa miúda sem compromisso, a história é outra. Contam que há resistências ao seu comando e que ainda há quem duvide de sua capacidade. Mesmo no ensino superior, onde se espera que a instrução possa minar esse tipo de atitude.

"Somos poucas, mas fortes", disse a mexicana Verónica León Dominguez, reitora há um ano da Unversidade Del Valle do Mexico, uma instituição particular. "Minhas dificuldades são as mesmas que as dos meus colegas [homens] e se relacionam com a crise econômica, pois faço parte do sistema privado de ensino." O que "ainda persiste", segundo ela é o pensamento de que os cargos de chefia deviam ser ocupados por profissionais do sexo masculino.

"Também me perguntei por que haveria tão poucas mulheres nas reitorias", comentou a brasileira Laura Laganá, superindente da rede Paula Souza, que inclui escolas técnicas e faculdades tecnológicas do Estado de São Paulo. Ela é a primeira mulher a ocupar o posto na instituição, que tem 40 anos de tradição. "Mas isso é temporário", avalia. Ela ainda pondera que talvez seja uma característica específica do ensino superior, uma vez que "as mulheres dominam na educação fundamental e média".

Gestão "feminina"
Para a brasileira Maria Célia Pressinatto, reitora do Centro Universitário Barão de Mauá, uma gestão com características tidas como femininas agrada mais. "Não encontramos resistência. Muito pelo contrário, pois somos capazes de equilibrar razão e coração", disse.

Concorda com ela a chinesa Zhang Xiaojing, diretora do escritório de intercâmbios internacionais da Universidade Renmin, uma instituição pública da China. "As mulheres são mais pacientes, mais amáveis", disse Xiaojing. No mesmo nível que ela há cinco mulheres num grupo de 30 profissionais.

Ambas apontam a necessidade de se desdobrar nos papéis da vida profissional e da vida pessoal. "É muito difícil", afirmou Xiaojing. "Meu marido estava desesperado porque eu passaria quatro dias fora e ele ficou com nossa filha de quatro anos", disse.

"Merecemos essas oportunidades pois somos exemplos de competência e entrega", disse Verónica. "Afinal, somos capazes de criar nossos filhos e ter um trabalho tão demandante."

Negros
Se quase não se encontram mulheres na audiência do evento, negros são figuras ainda mais raras. Um dos poucos representantes da etnia é o reitor da Universidade da Cidadania Zumbi dos Palmares, José Vicente. "Encontrei mais três reitores no evento", disse Vicente. No caso do negro brasileiro, Vicente diz que o maior problema é a autoexclusão: "o menino nem presta o vestibular porque acha que a universidade não é para ele".
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