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Candidatos na Câmara ainda buscam votos, mas já cantam vitória

G1

A dois dias da eleição que vai definir o novo presidente da Câmara dos Deputados, os quatro concorrentes declarados ao cargo vão com expectativas diferentes para a disputa. Apoiado por 14 partidos e preferido pelo Palácio do Planalto, Michel Temer (PMDB-SP) não nega seu favoritismo. Ciro Nogueira (PP-PI), atual secretário da Câmara, diz ter votos suficientes para chegar ao segundo turno. 

Os outros dois candidatos –Aldo Rebelo (PC do B-SP), que já presidiu a Casa, e Osmar Serraglio (PMDB-PR) –, são mais comedidos. Rebelo aposta nos votos dos que não concordam com a possibilidade de o PMDB assumir as presidências da Câmara e do Senado. Osmar Serraglio concorre como “azarão”, sem aprovação de seu partido, que tem Temer como candidato oficial.

Apoiado por 14 partidos que formam o chamado “blocão”, Michel Temer não esconde o seu favoritismo. “Embora eu aguarde o dia 2, eu prevejo o dia 2 com vitória”, disse na última quarta-feira (28). Temer já foi presidente da Câmara duas vezes.

O “blocão” é formado por PMDB, PSDB, PR, PTB, PPS, PHS, PTC, PT, DEM, PDT, PV, PSC, PTdoB e PRB. Juntas, essas legendas somam mais de 400 deputados. No entanto, por haver dissidentes na maioria dos partidos e principalmente pelo fato de o voto de ser secreto, não se descarta a possibilidade de a eleição ir para o segundo turno.

Questionado se acredita em traição por parte de deputados de partidos que declararam apoio a seu nome, Temer descartou a possibilidade. “Absolutamente não. Nada disso. Nossos colegas são sérios, cumprem sua palavra, sabem o que estão fazendo. Tenho absoluta convicção de que isto é risco zero”, afirmou. “Não sei se não haverá nenhuma traição, mas se for será a meu favor”, completou. 

Liderança no ‘baixo clero’
O deputado Ciro Nogueira (PP-PI) disse que está confiante com a possibilidade de chegar ao segundo turno na eleição. “Estamos na reta final, certos de que temos números que nos colocam no segundo turno”, afirmou Ciro Nogueira ao G1.

Otimista, ele afirmou que se chegar ao segundo turno contra Michel Temer suas chances de vitória serão reais. “Conversei com pelo menos 500 deputados durante a minha campanha. Quem conhece o dia-a-dia de todos os deputados sabe que a minha vitória não será surpresa”, completou.

Atual segundo-secretário da Câmara, Ciro Nogueira é conhecido como uma das principais lideranças do chamado “baixo clero”, grupo de deputados com menos espaço na mídia e pouca expressividade.

Para ele, o fato de o PMDB lançar candidato próprio no Senado [José Sarney (AP)] beneficia os três candidatos que disputam a eleição na Câmara contra Michel Temer, já que há parlamentares insatisfeitos com a possibilidade de os peemedebistas presidirem as duas Casas. 

Ex-presidente
Aldo Rebelo concorda que o descontentamento com a possibilidade de o PMDB assumir as presidências da Câmara e do Senado as duas casas pode atrair parlamentares de partidos que declaram apoio a Temer para outras candidaturas.

Ex-presidente da Câmara, Aldo disse que pretende conquistar votos não só de petistas insatisfeitos, mas também de tucanos, democratas e parlamentares descontentes de outras legendas.

Ele é um dos maiores opositores à ideia de um mesmo partido ocupar as presidências da Câmara e do Senado. Para ele, “não é ético um mesmo partido presidir as duas Casas”.

Assim como seus concorrentes, Aldo tem dedicado seus últimos dias de campanha a reuniões com colegas da Câmara e telefonemas para pedir apoio dos parlamentares.

Correndo por fora
Candidato avulso, mesmo contra a vontade de seu partido, Osmar Serraglio afirmou ao G1 que não vai desistir da candidatura. Ele defendeu que é o candidato com mais condições de administrar a Câmara de forma eficiente, por ser um candidato independente. 

Serraglio criticou a candidatura de Michel Temer. “O fato de Michel ser o presidente do partido complica sua candidatura à presidência da Câmara. Comigo na presidência, não há riscos, pois não sou da Executiva do partido”, afirmou.

“Aposto nos dissidentes, que sabem que se votarem no Osmar tirarão o risco de ter um presidente que amanhã ou depois terá que negociar em nome do partido”, completou Serraglio, que é o atual 1º secretário da Casa.

Questionado se está sofrendo pressão do PMDB para abandonar a candidatura, Serraglio contou que o partido vem pedindo para ele desistir, mas sem pressão. “Pressionado não estou, mas estão pedido para eu repensar, refletir.”
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