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Vídeos viram clipes e ganham nova vida na internet

Terra

Companhias de mídia se apressam em reformatar seus vídeos para a internet, e algumas dizem que mal conseguem acompanhar a crescente demanda dos anunciantes. Videoclipes de programas de TV e tomadas de bastidores são onipresentes online - mas como eles chegam lá?

Parte da resposta está na sede da Discovery Communications, onde uma pequena equipe de editores vasculha o cofre de 23 anos com os vídeos do canal Discovery, procurando por ataques de animais, animações de dinossauros e curiosidades científicas. Programas antigos que normalmente não seriam reprisados no Discovery ou em outros canais a cabo podem ser adaptados para a internet, fazendo semanalmente a "Semana do Tubarão", com três minutos por vez.

Como os internautas passam cada vez mais tempo assistindo a vídeos acompanhados de anúncios, eles estão rapidamente se tornando uma fonte de renda adicional para as companhias de mídia. Embora o novo meio não esteja protegido do desaceleramento econômico, a empresa de pesquisa eMarketer prevê um acréscimo de 45% nos gastos com vídeos online em 2009, evidência do acentuado crescimento da produção de vídeo para a web.

Talvez isso explique as palavras "futuro digital mais brilhante" escritas em tinta azul no quadro branco próximo à escrivaninha de Josh Ferg. Ele é um dos oito produtores-editores, ou preditores para encurtar, que criam vídeos pequenos para a web na Discovery.

Apesar do nome infeliz do cargo - "acho que a 'Dateline NBC' o arruinou," brincou Ferg, se referindo à franquia "To Catch a Predator" (Capturar um Predador) da revista online - a Discovery vê a equipe como uma parte importante de sua estratégia para a internet. Os produtores-editores já fizeram 4.500 vídeos para os websites da Discovery este ano, ajudando a companhia a registrar oito milhões de visualizações de vídeo em novembro.

Embora o mercado de propaganda online tenha desacelerado bastante devido à fraca economia, o vice-presidente executivo para mídia digital da Discovery, Josh Freeman, disse que a demanda dos anunciantes para vídeos permanece robusta. Quando questionado se os anúncios atrasavam a criação de conteúdo, respondeu: "Em vídeo? Claro que não."

Quando Freeman chegou à companhia, após deixar a AOL em meados de 2007, concluiu que a Discovery, disse, "estava simplesmente deixando dinheiro sobre a mesa" quanto aos vídeos online. Agora, ele afirma, a empresa procura recuperar o tempo perdido.

Em maior extensão que a maioria das companhias de mídia, a Discovery possui os direitos do conteúdo que transmite. Como possui 13 redes, incluindo TLC, Animal Planet e Science Channel, a companhia conta com incontáveis milhares de horas de gravação para lucrar. E como muitos de seus episódios televisivos são atemporais, os clipes podem ser relevantes a internautas anos após sua transmissão original.

"Guepardos ainda matam gazelas da mesma forma que há três mil anos," disse Doug Craig, vice-presidente sênior para produção de mídia digital, "e além de tudo isso, não precisamos pagar direitos autorais."

Para isso, a Discovery contratou seis funcionários temporários para "maximizar a biblioteca," disse Craig. Eles reformatam programas antigos em clipes curtos para o site explicativo HowStuffWorks, uma aquisição recente da Discovery, e para outras plataformas da companhia.

Isso dá mais tempo a Ferg e os outros produtores-editores em período integral para projetos mais complexos. Às vezes, eles misturam diversos vídeos para criar séries originais com novos gráficos e narrações. Exemplos recentes incluem Jaws and Claws, sobre a relação entre predador e presa, e Strange Science, sobre todo tipo de fenômeno bizarro. O Science Channel recentemente encurtou seus últimos segmentos em vinhetas de 30 segundos.

Quase todo vídeo tem menos de cinco minutos. Killer Clips, uma série de clipes de 30 a 40 segundos sobre matança de animais, se mostrou especialmente popular no website do Animal Planet. Mas Ferg evita o termo clipe porque, segundo ele, simplifica demais o processo. "É sempre uma história," diz, seja de uma hora ou de um minuto.

Quando os produtores-editores querem reformatar programas muito antigos, a contínua digitalização do acervo da Discovery os permite vasculhar o cofre cada vez mais fundo. Um arquivo em Sterling, Virgínia, armazena 1,3 milhão de fitas com episódios antigos; quando um produtor quer selecionar algo de uma dessa fitas, ela é levada a um centro de edição a algumas quadras da sede da Discovery e uma cópia digital é criada.

Todos os programas são matéria-prima para clipes online. Freeman particularmente aprecia os vídeos em super câmera-lenta de Time Warp, que mostram o impacto do soco de um boxeador ou uma explosão de fogos de artifício. O programa de meia hora funciona bem em sua variação de um minuto.

Alguns vídeos parecem estar destinados a se tornarem virais. Colocá-los em sites como YouTube claramente ajuda.

A série MythBusters (Os Caçadores de Mitos, em português) é provavelmente o programa mais popular no formato de clipes. Um vídeo de um de seus apresentadores, Adam Savage, inalando hélio e explicando os efeitos da mudança de voz teve mais de um milhão de visualizações no YouTube. Nos próximos meses, a Discovery vai começar a vender anúncios para seus vídeos no YouTube, criando outra fonte de renda para a companhia.

Recentemente, os vídeos curtos do Discovery.com tiveram anúncios de companhias de produtos ao consumidor final, fabricantes de eletrônicos e Exército americano. A indústria do vídeo online continua a sofrer pela falta de um formato de anúncio específico ou de medidas padronizadas, mas Freeman está otimista sobre o dinheiro da propaganda.

"Esses dólares vão chegar," disse. "Quero estar lá quando eles chegarem."

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