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Rio de Janeiro quer extinguir 2,5 mil leitos de longa permanência para saúde mental

ABr

Estado com a maior taxa de leitos de saúde mental de longa permanência (0,42 por 1.000 habitantes), o Rio de Janeiro quer acabar com pelo menos 2,5 mil dessas vagas para se adequar à reforma psiquiátrica brasileira. Institucionalizada pela Lei Federal n° 10.216 de 2001, a reforma prevê o fim das internações longas (que duram mais de dois anos) e a reinserção de pacientes com problemas mentais na sociedade.

Segundo o coordenador estadual de Saúde Mental do Rio, Marcos Gago, o fechamento de leitos é um trabalho difícil e requer a ampliação da rede de assistência fora dos hospitais. Essa rede inclui os centros de Atenção Psicossocial (Caps), que funcionam como ambulatórios da saúde mental, e as residências terapêuticas, casas sob cuidado do Estado onde moram até oito ex-pacientes.

Marcos Gago explica que o estado conseguiu, nos últimos sete anos, fechar 2,5 mil leitos de longa permanência, devido ao óbito de pacientes, o retorno dessas pessoas às famílias ou à abertura de vagas em residências terapêuticas. Segundo o Ministério da Saúde, existem no Rio 102 residências que atendem 570 pacientes. Sete unidades ainda estão em implantação. Há ainda o suporte de 99 Caps em todo o estado.

De acordo com o coordenador, não há como prever um prazo para o fechamento de todos os leitos.

“Quando você começa a intervir, você consegue fechar leitos muito rápido. Mas aí você chega àqueles pacientes mais isolados socialmente e com quadros psiquiátricos ou clínicos mais graves que não conseguem sair [do hospital]. Por isso, agora o processo é mais lento. Para tirar os primeiros é rápido, mas os últimos demoram para sair. É uma história de 100 anos, a gente não consegue, em dez anos, reverter esse modelo”, afirma.

De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, o número de leitos de longa permanência varia entre 2,5 mil e 3 mil, em 38 hospitais fluminenses. Alguns deles, como as instituições psiquiátricas de Rio Bonito e de Paracambi, na região metropolitana do Rio, têm mais de 200 pacientes internados no modelo manicomial.
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