O líder do DEM na Câmara dos Deputados, Paulo Bornhausen (DEM-SC), afirmou nesta terça-feira que as negociações em torno da participação da legenda na chapa do tucano José Serra não vão provocar um desgaste entre as duas agremiações e precisam ser jogadas "até os 45 minutos do segundo tempo" para se encontre uma solução favorável.

"Não vejo desgaste. É uma questão da política mesmo. A política é feita de conversa, de encontros e desencontros. O que estamos procurando fazer agora é um encontro. Vamos vencer a dificuldade. O desencontro é condição da política. A política não é a arte da unanimidade. A política é a arte do possível", disse o parlamentar, que aguarda em Brasília uma solução final sobre o impasse entre PSDB e DEM.

Na última sexta-feira, o PSDB confirmou ter indicado o nome de Alvaro Dias para compor a chapa de Serra, o que abriu espaço para duros ataques de representantes do DEM. Aliados do candidato à presidência, PPS e PTB endossaram a indicação do senador tucano.

"Até os 45 minutos do segundo tempo você joga. Se você quer saber o resultado antes do final do jogo, tem que terminar o jogo antes. Isso não é possível. O importante é o que vai acontecer para a frente e a gente tem que estar mirando a vitória", declarou Bornhausen, que, assim como outros quadros do DEM, observou que o partido tem melhores nomes que o senador Alvaro Dias para apresentar como vice de Serra.

"Mais até que Alvaro Dias, sem diminuí-lo, de uma forma tranquila. O senador Alvaro Dias é um grande senador, como são outros tantos senadores, tanto do Democratas quanto do PSDB. A questão é como encaminhar isso", salientou, negando que o imbróglio entre as legendas afete o projeto serrista, como chegou a admitir o próprio presidente do PSDB, Sergio Guerra.

"Estamos dentro do prazo. O prazo é o dia de amanhã. Temos uma parceria com o PSDB que é muito maior que apenas esse episódio. Como tem uma data fatal que é amanhã, até lá estará resolvido. No calor das discussões acabam saindo frases que nem sempre representam aquilo que a gente imagina que vai acontecer. Eu não acredito nisso (risco de derrota de Serra por conta do impasse).

Após longa reunião neste domingo (27), o DEM decidiu baixar o tom nos ataques direcionados aos aliados tucanos. Pretende recuperar o diálogo e sinalizar que a aliança está firme, reforçando que está aberto a conversas sobre a questão. Nova rodada de negociações foi feita hoje em São Paulo.

O PSDB ofereceu a vice a Alvaro com a intenção de atrair seu irmão, o senador Osmar Dias (PDT-PR) para a vaga de senador na chapa com o candidato tucano ao governo do Paraná, Beto Richa. Osmar já declarou, mais de uma vez, que, caso seu irmão seja mesmo o vice, não fará campanha contra ele e já sinalizou à direção de seu partido o desejo de se coligar com os tucanos no Estado.