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No Rio, Indio da Costa divide opiniões entre aliados de Serra

Terra

A polêmica na escolha do deputado federal Antonio Indio da Costa (DEM-RJ) para ser candidato a vice-presidente na chapa de José Serra (PSDB) não se limita à sua indicação aos 45 minutos do segundo tempo, após os tucanos terem desistido do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) devido à aliança do irmão dele, Osmar Dias (PDT) com o PT. No Rio de Janeiro, onde foi vereador por três mandatos e secretário de administração de Cesar Maia antes de ir para Brasília, Indio divide opiniões até mesmo entre os partidos aliados.

Integrante de assessoria de imprensa de José Serra nas eleições de 2002, Andrea Gouvêa Vieira, vereadora no Rio de Janeiro, afirmou que irá se licenciar do PSDB para ficar longe desta campanha. Em 2006, ela foi relatora de uma CPI que apontava irregularidades na compra de merenda escolar pela prefeitura do Rio quando Indio da Costa era secretário de administração de Cesar Maia.

"Lamento pelo Serra, que é a pessoa mais preparada para governar este País, mas não tenho condição de me juntar com Indio da Costa. Iria contra minha trajetória política e contra minha consciência", afirmou. A CPI relatada por Andrea constatou que uma mesma empresa ganhou 99% das licitações para fornecimento de merenda escolar durante um ano no Rio. O Tribunal de Contas do Município, entretanto, não apurou irregularidade e o Ministério Público arquivou o inquérito que abrira.

Líder do PT na Câmara, o deputado federal Luiz Sérgio aproveitou para alfinetar Serra. "Ele disse que não ia aceitar imposição e se rendeu ao DEM", disse.

Quanto a Indio da Costa, Luiz Sérgio acusou-o de "querer aparecer" por sua atuação na CPI dos Cartões Corporativos. "Ele parecia ver naquilo uma oportunidade de se mostrar aos holofotes, de notoriedade, sentia que estava muito atraído por isso, o que demonstra inexperiência", afirmou. Essa CPI foi aberta, em 2008, para apurar denúncias de gastos excessivos e inadequados com cartões corporativos, por ministros do governo Lula.

Para deputado tucano, Ficha Limpa diferencia os vices
Um dos relatores do projeto Ficha Limpa, Indio da Costa também recebeu elogios do PSDB fluminense. O deputado estadual Luiz Paulo Correa da Rocha comparou-o ao presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB), escolhido para vice de Dilma Rousseff (PT). "Enquanto o Indio foi relator do Ficha Limpa, organizando passeatas populares nas quais estive sempre presente ao lado dele, o vice da Dilma (Michel Temer) era contra", ressaltou. Embora tenham assinado, PT e PMDB se colocaram, inicialmente, contra o projeto.

Para Luiz Paulo, além da renovação, foi importante a presença, na chapa de Serra, de um político do Rio de Janeiro, terceiro colégio eleitoral do Brasil. "Em São Paulo, estamos muito bem, com o próprio Serra e o Geraldo Alckmin a governador. Em Minas, temos o Anastasia concorrendo ao governo, o Aécio Neves e o Itamar Franco, pelo PPS, ao Senado. Faltava no terceiro colégio, que é o Rio, alguém nessa chapa", opinou o deputado, que já participou do secretariado de Cesar Maia junto com Indio da Costa.

Autor da tese de que Rio e Minas decidirão o pleito - com o Sul e São Paulo para Serra, igualando Norte e Nordeste a favor de Dilma, e o Centro-Oeste tecnicamente empatado -, o ex-prefeito do Rio, Cesar Maia (DEM)nomeou Indio da Costa para seu primeiro cargo público, em 1995, como administrador de Copacabana em seu primeiro mandato.

Para Cesar, Indio pode ajudar a atrair votos para Serra no Rio, mas "o fundamental é a motivação nacional do DEM", que, para ele, entra mais entusiasmado na campanha tendo o cargo de vice. Segundo o ex-prefeito, seu apadrinhado, de 39 anos, leva "juventude, mobilidade e Rio" de bom para a campanha tucana. "De ruim, nada", acrescentou.

Outro político tucano, o deputado federal Otávio Leite (PSDB-RJ), vice-prefeito de Cesar Maia em seu terceiro mandato (2004-2008), elogia o vice de Serra pela oportunidade de renovação na política.
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