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Candidato do Psol ao governo de MS pede votos em lanchonete

Terra

Em meio a um balcão de mármore envolto de cadeiras e prateleiras cheias de tortas e salgados na região central de Campo Grande, é se que apresenta o baiano, Nei Braga (Psol), a única alternativa às candidaturas do governador de André Puccinelli (PMDB) e do ex-governador Zeca do PT nas eleições deste para governador do Estado.

Comunicativo e ágil nos serviços de sua lanchonete, que inaugurou há pouco mais de dois meses, Nei conversou com a reportagem do Terra sobre sua vida e os motivos que o levaram a se candidatur ao governo do Estado de Mato Grosso do Sul.

Nei descobriu o Estado, na década de 80, quando ainda morava em Brasília e veio visitar um amigo na cidade de Vicentina. Gostou tanto que se mudou para cidade de Dourados, onde virou soldado da Polícia Militar, atividade que ocupou por dois anos até passar no concurso do Banco do Brasil.

Nesta época, ele já se inclinava para participar de movimentos políticos de esquerda. Foi aí, então, que ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores em Dourados, militou no sindicato dos bancários e na CUT. Após esse período, foi convidado a participar da gestão do prefeito de Dourados Laerte Tetila (PT), onde ocupou o cargo de auditor na Secretaria de Saúde. Nei também passou pela ouvidoria da Agência Estadual de Serviços Públicos (Agepan), pelo Hospital Regional e pela Secretária de Planejamento e Ciência e Tecnologia (Seplanct) no último governo Zeca do PT.

Entre um suco e outro que preparava, respondia as perguntas de campanha e os clientes curiosos prestavam atenção tentando entender o porquê daquele papo sobre política com o senhor que lhes servia os lanches.

Uma delas chegou a perguntar.

-O senhor é candidato?

Ele respondeu:

-Sim, sou candidato a governador.

O comentário gerou espanto à senhora que fez a pergunta. Nei comentou que mesmo candidato só se apresenta como tal se os clientes derem certa abertura.

"Eu respeito o cliente, sei que deste lado do balcão eu estou para servir e ele é o cliente. Não posso pegar ele pelo colarinho e dizer vota em mim"

Ele conta que certa vez duas professoras da rede pública de ensino conversavam sobre as eleições deste ano enquanto tomam um lanche. "Elas estavam ali no canto e uma perguntou para outra se só tinha o André e o Zeca para votar e a outra professora respondeu que tinha outro candidato, um tal de Nei Braga. Aí, eu fui lá e disse eu sou o Nei Braga que vocês estão falando", lembrou o candidato do Psol.

Durante a entrevista, outro cliente disse que não sabia que havia um terceiro candidato ao governo e com a cara amarrada declarou que votaria no André Puccinelli. Quando soube que o dono da lanchonete em que comia era candidato ao governo, afirmou: "Já perdeu".

O comerciante e candidato ao pleito de governador pode não contar com apoio da própria família. A esposa e o casal de filhos, uma jovem universitária, de 20 anos e um garoto de 18 anos com inclinações a ideologias de direita não aprovaram a candidatura do pai.

"Ela (esposa) está de mal de mim faz oito dias, desde que soube que eu sairia candidato. Ela está coum bico deste tamanho. Posso não ter nem os votos dentro de casa", disse rindo da situação.

Sobre os reais motivos que o levaram lançar sua candidatura, considerada uma "loucura" por muitos, Nei diz que foi uma forma de demonstrar que o homem comum é independente e tem autonomia.

Considerado a terceira via e o que pode forçar um possível segundo turno entre os candidatos do PMDB e PT, caso tenha uma votação expressiva, ele espera chegar a ter 2,5% dos votos, que corresponderia a 30 mil votos.

Nei, que declarou apenas uma casa de patrimônio, estima o custo de sua candidatura em R$ 250 mil. "Fizemos uma projeção de R$ 250 mil, mas desde que as pessoas doem, porque eu mesmo não tenho dinheiro".

Sobre a plataforma de campanha, Nei foi sucinto e disse que o eixo central é o combate a corrupção. "Todo foco que você vê da corrupção tem uma figura pública. Se você acaba com isso (corrupção), acaba com boa parte dos males da população", observou o candidato do Psol. Outros pontos elencados dentro das cinco propostas principais estão projetos gerais sobre educação, saúde, segurança pública, fiscalização dos serviços públicos e economia.
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