Como se tivessem vencido a Copa do Mundo, os uruguaios receberam os jogadores da seleção de país nesta terça-feira, depois de conquistarem o quarto lugar no torneio, o que despertou o orgulho e a lembrança dos históricos feitos futebolísticos da pequena nação sul-americana.

Milhares de pessoas acompanharam os jogadores em seu percurso pelas ruas de Montevidéu, apesar da temperatura que beirava zero grau. Todos flamejavam bandeiras brancas e azul-celestes enquanto cantavam o nome do país, que tem cerca de 3,3 milhões de habitantes.

Os jogadores e o corpo técnico receberam medalhas de reconhecimento das mãos do presidente do Uruguai, José Mujica, em um evento que encerrou os festejos que, durante um mês, comemoraram o sucesso de sua seleção, que pouco a pouco transformou o habitual desânimo em alegria, devido ao trabalho bem feito e o orgulho recuperado.

"Vocês nos deram um pouco de coragem e jovialidade. Em nome de todo Uruguai, isto é de vocês. Vocês ganharam. Vocês nos deram a esperança de sonhar. Agradecemos em nome de todo o povo uruguaio", disse o presidente Mujica, em um improvisado discurso.

Antes, em seu habitual discurso pelo rádio, o governante disse que a ''Celeste'' provou que é possível mudar a velha mentalidade uruguaia do "não dá", incubada desde quando levantaram a taça pela última vez, em 1950, pelo "sim, dá".

"Este é o maior legado deste sonho celeste que começou algum dia, e que vai continuar, apesar de mal sermos três milhões em uma esquininha da América do Sul", disse o governante.

Para ele, o técnico da seleção uruguaia, Oscar Washington Tabárez, merece o crédito pela vitória da equipe, com sua capacidade de "construir esforços coletivos" e de "começar de novo e se levantar" sempre que teve dificuldades.

O ministro uruguaio de Turismo e Esportes, Héctor Lescano, disse à Agência Efe que esta equipe, além de ser "um grande orgulho", despertou "a alegria e a auto-estima" de um país que "há muito tempo não tinha uma vitória esportiva".

Os jogadores claramente se mostravam satisfeitos por terem feito seu povo feliz e pelas demonstrações de agradecimento recebidas desde que aterrissaram em Montevidéu, na madrugada de segunda, enquanto a multidão os aplaudia, algumas das pessoas em cima de árvores.

Um dos mais ovacionados foi, como não poderia ser de outra maneira, o atacante Diego Forlán, eleito pela Fifa o melhor jogador do torneio.
"Era inimaginável pensar em um dia em que nós, um país tão rico de história como é o Uruguai, conseguiríamos unir todo o país em uma festa tão grande como esta. É algo incrível", disse Forlán.

Em seu discurso, o jogador do Atlético de Madrid pediu a seus compatriotas, especialmente às crianças e aos jovens, que não esqueçam que embora o Uruguai seja "um país tão pequeno, há muita gente, muitos profissionais, advogados, doutores, empresários que, em nível mundial, estão nos primeiros lugares. E no futebol também".

"Acreditem em nós e aproveitem esse momento", concluiu.