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Filme joga na cara: 'Ele não está tão a fim de você'

G1

“Ele não me ligou porque não quer compromisso”. “Minha independência o assusta”. “Ele tem medo de sofrer”. “Não quer estragar nossa amizade”. Tudo isso é besteira. Pelo menos de acordo com Greg Behrendt e Liz Tuccillo, autores do livro que agora virou filme, “Ele não está tão a fim de você”, com estreia nos cinemas nesta sexta-feira (27). 

Roteiristas do seriado 'Sex and the city', os dois tiveram a ideia de levar para o livro todo aquele blablabla de relacionamentos, mas com graça e se mantendo longe do apelo dos tradicionais livros de auto-ajuda.

Foi sucesso de vendas e agora, com um elenco poderoso, virou filme. Reunindo algumas das atrizes mais requisitadas de Hollywood, a produção traz histórias cotidianas e atuais, tendo como máxima justamente a frase do título. E apesar de fazer questão de escancarar na cara da mulherada a verdade nua e crua, o diretor Ken Kwapis (de “Licença para casar” e “Quatro amigas e um jeans viajante”) opta pela delicadeza e pelo bom humor.

A primeira sequência do longa já mostra o que vem pela frente. Uma menininha de uns 5 anos brinca, feliz, num parquinho. Um garoto pentelho a empurra no chão e diz algo como “você tem cara de cocô”. Humilhada e chorando, ela recorre à mãe, que ensina: “Filha, ele fez isso porque gosta de você”. E aí danou-se. Está criada a geração de mulheres confusas, que não sabem compreender nem lidar com a rejeição.

A rainha em criar desculpas esfarrapadas é a carente e sonhadora Gigi (Ginnifer Goodwin). Ela não desiste de encontrar seu príncipe encantado. Sai com um cara, acha que tudo foi muito bem e espera, quase que desesperadamente, que ele ligue. E quando isso finalmente não ocorre, se ilude achando que ele perdeu seu telefone e aparece “por acaso” no bar que ele frequenta. Numa dessas investidas erradas é que ela conhece Alex (Justin Long), o amigo que não titubeará em explicar claramente e com todas as letras: “se ele não ligou e não te chamou para sair, é porque não está a fim de você”. 

Entre um tropeço e outro de Gigi, os personagens são apresentados. E além dos flertes e relacionamentos ocasionais, o filme fala do papel da tecnologia nos namoros atuais (uma mulher se questiona: “eu não sei para que inventaram o identificador de chamadas. Eu gostava de poder ligar 15 vezes para um cara até ele atender, sem ser considerada uma psicopata. O que eu não sou. Obviamente”). E há ainda uma discussão ótima sobre o eterno dilema da modernidade: casar ou não casar, eis a questão.

Scarlett Johansson, Bradley Cooper (o sorriso mais encantador do cinema atual) e Jennifer Connelly vivem um triângulo amoroso, em cujo centro está ele, que cedeu à pressão da namorada de anos e decidiu casar-se, mesmo sem estar pronto. Do outro lado, Ben Affleck é louco por Jennifer Aniston, com quem divide o mesmo teto, mas recusa-se à enfrentar o véu e a grinalda –para total infelicidade dela.

Ou seja, o melhor de “Ele não está tão a fim de você” é que você não passará por ele impunemente. Hora ou outra se identificará com um caso, um dilema, um momento cômico ou de tristeza. E se lembrará de uma dessas desculpas esfarrapadas que, com certeza, você já usou pelo menos uma vez na vida.
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