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Serra diz que MST apoia Dilma porque poderá fazer mais invasões

G1

O tucano José Serra (PSDB) fez críticas a uma suposta ligação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) com o Partido dos Trabalhadores (PT) e com o governo federal. Ele acusou o MST de se apoiar na estrutura do governo, de ter objetivos "revolucionários socialistas" e de apoiar Dilma porque poderá continuar realizando invasões.

Serra participou nesta segunda-feira (26) de encontro com o Grupo de Líderes Empresariais, em São Paulo, quando apresentou suas propostas e respondeu perguntas de empresários.

Serra criticou os objetivos "revolucionários" que, segundo ele, são a fundamentação do movimento. "O MST é um movimento de acumulação de forças revolucionárias", afirmou. "'Sou contra dar dinheiro para isso", disse.

Ele afirmou que o MST tem viés político porque prega a revolução sociallista. Entretanto, o candidato fez a ressalva de que não é contra o movimento defender suas ideias, mas disse não concordar que o governo financie esse trabalho, mesmo indiretamente. Ele citou o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e ONGs como possíveis fontes desses recursos para o MST. "Empreguismo para lá e para cá, eles estão apoiados na estrutura do governo", disse.

O candidato afirmou que o "PT tem que mostrar sua cara", cobrando que o partido apresente sua ligação com o movimento. Ele apontou que o MST já declarou apoio à candidata petista porque, com ela, tem expectativa de expandir suas atividades. "Tanto que o Stédile declarou apoio à Dilma, está gravado, está dito, porque com ela vão poder fazer mais invasões, mas agitação."

O G1 entrou em contato com a assessoria do MST e aguarda um posicionamento sobre as declarações de José Serra. Em 9 de julho, em entrevista a Agência Reuters, o economista João Pedro Stédile, um dos fundadores do MST, abordou a relação entre o PT e o movimento. "Se o Serra ganhar, será a hegemonia total do agronegócio. Será o pior dos mundos. Haverá mais repressão e, por isso, tensão maior no campo. A vitória dele é a derrota dos movimentos sociais", disse Stédile.

Fim do 'financiamento'
Após o almoço, Serra concedeu entrevista coletiva. Ele disse que é preciso "parar de alimentar" o MST com dinheiro do governo. Segundo ele, as verbas públicas chegam ao movimento principalmente por meio de ONGs. "O dinheiro do governo vem do bolso dos contribuintes. É para investir em questões que envolvam o interesse das pessoas: saúde, educação, cultura. Dar dinheiro por motivação política não faz parte das funções do governo."

O tucano fez questão de deixar claro que sua afirmação sobre um possível aumento das invasões com Dilma não é resultado de uma análise. "Foi o Stédile que disse isso. Ele declarou apoio a ela, dizendo que o pessoal dele, com ela no governo, teria possibilidade de aumentar as invasões. (...) Não estou atribuindo a uma fonte. Não é uma análise. Eu li isso", disse Serra.

Dilma e o MST
Em 23 de junho, durante entrevista para rádio, Dilma falou sobre suas propostas para o campo e negou dar benefícios para o movimento. "A política dos últimos anos é a melhor resposta a qualquer problema relativo aos sem-terra", disse. Na ocasião, ela reafirmou disposição em combater eventuais ilegalidades cometidas durante invasões de terra ou ocupações de prédios públicos.

“O que nos estamos fazendo é tirar a base real das instabilidades do sem-terra. Eles estão perdendo as razões de brigar. Demos horizonte para eles. Ao fazer isso, fizemos o combate mais efeitvo, que não é só tirar eles quando cometem uma ilegalidade”, explicou.

Chávez e Farc
Serra criticou a política externa brasileira e as relações do Brasil com a Venezuela. Diz que é inegável que o país sempre teve mais simpatia pelo presidente venezuelano Hugo Chavez, que recentemente rompeu relações com o governo colombiano.

O candidato tucano afirmou que o presidente da Venezuela é "partidário do espetáculo" e que "as árvores das florestas amazônicas são as principais testemunhas de que as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) se abrigam na Venezuela". Ele disse que, se eleito, promoverá uma política de pacificação na região, pois o conflito entre os dois países, na opinião dele, também é um risco para estabilidade do Brasil.

"Ter países se hostilizando nas nossas fronteiras não é uma boa", disse. Ele afirmou ainda que centrar esforços para que os países retomem as relações diplomáticas é muito mais prioritário que investir na tentativa de um acordo nuclear sobre o programa nuclear iraniano.
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