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Entre aplausos e vaias, Neymar vive uma noite inusitada na Vila Belmiro

G1

O diamante do Santos já não brilha como antes. O menino, que desde os tempos das categorias de base chama a atenção da mídia e de clubes europeus, hoje vive na Vila Belmiro entre aplausos e vaias. A noite desta quarta-feira, quando o Santos venceu o Vitória por 2 a 0, pela primeira partida da final da Copa do Brasil, na Vila Belmiro, provou isso.

Dois dias depois de ter sido convocado pela primeira vez para o time principal da Seleção Brasileira, Neymar experimentou sensações distintas na Vila Belmiro. Primeiro, recebeu os aplausos dos torcedores. Aos 14 minutos do primeiro tempo, Pará viu o camisa 11 na pequena área e cruzou. Desajeitado, o menino da Vila tomou cuidado para não tocar a bola com as mãos e fez o gol meio de barriga, meio de peito. Diferentemente dos outros dez gols na Copa do Brasil, o atacante não dançou: se ajoelhou no gramado e foi abraçado pelos companheiros.

Assim como os outros integrantes do chamado "quarteto santástico", Neymar perdeu chances de ampliar a conta santista. Mas teve o apoio da torcida enquanto manteve a bola nos pés. Até que o atacante foi traído naquilo que o goleiro Lee, do Vitória, chamou de "graça". Depois de ter tentado encobrir o arqueiro baiano aos 21 minutos do segundo tempo, em um lance que a arbitragem assinalou impedimento, o santista abusou da malandragem. E acabou pagando caro.

Aos 28 minutos da etapa complementar, Neymar sofreu pênalti. Mãos na cintura e olhar que variava entre a bola e o gol. Sem poder dar a paradinha que havia derrubado o são-paulino Rogério Ceni em duas oportunidades, o camisa 11 ousou. Bateu com cavadia, a la Loco Abreu, do Botafogo. Mas Lee não caiu no truque.

- Ele fazia paradinha e sabia que faria alguma graça. Aí eu peguei. Agora ele tem de pensar duas vezes antes de fazer essa cavadinha - disse o goleiro do Vitória, depois da derrota por 2 a 0.

Com o erro, a Vila Belmiro caiu em desespero. E a torcida do Vitória se assanhou. Os santistas chiavam e pediam a saída do jovem alvinegro. Aos 18 anos, o Neymar que tanto já havia divertido os torcedores, agora irritava. E ouvia vaias na sua casa.

A pressão das arquibancadas aumentou quando Dorival Júnior trocou Paulo Henrique Ganso por Marquinhos. Gritos de burro para o treinador e aplausos para o camisa 10. Mas quis a bola se retratar de alguma forma com o técnico santista e com Neymar.

Não é exagero dizer que o pé direito de Marquinhos, preciso em uma cobrança de falta aos 38 minutos da etapa final, livrou a barra do companheiro mais novo. Prova disso é que o meia correu para carregar Neymar em seus braços na hora da comemoração. O placar de 2 a 0 tranquilizava a torcida para a partida de volta, na próxima quarta, no Barradão.

- O Neymar é um grande jogador, craque e só perde pênalti quem está aqui dentro. Ele vai aprender. Infelizmente perdeu, mas já fez vários gols para nós - disse Robinho, como quem defendesse o irmão caçula, enquanto o protagonista da noite na Vila saia em silêncio.

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