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Brasil já havia abordado Irã sobre condenada à morte, diz Garcia
Reuters
O Brasil já havia conversado com o governo iraniano antes que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva oferecesse asilo à mulher iraniana condenada à morte por apedrejamento, informou nesta quarta-feira o assessor da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia.
"Não foi simplesmente um pronunciamento do presidente. O presidente se pronunciou porque já tinha anteriormente orientado o Itamaraty nessa direção", disse Garcia a jornalistas.
Cerca de duas semanas antes do anúncio de Lula, feito no sábado, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, por instrução do presidente, relatou a seu colega iraniano que o governo brasileiro gostaria que Sakineh Mohammadi Ashtiani fosse beneficiada com "alguma medida de liberdade", informou Garcia.
Dias antes de se mostrar disposto a ajudar, Lula havia sugerido que iria se manter afastado da polêmica que envolve a condenação da mulher iraniana por adultério. Um porta-voz do Irã, no entanto, deu a entender que rejeitava a oferta, afirmando que Lula era sensível e humano, mas mal informado.
A sentença imposta a Sakineh por um relacionamento extraconjugal, que ela nega, despertou protestos de grupos de defesa dos direitos humanos e grande indignação internacional.
Assassinato, adultério, roubo armado, apostasia e tráfico de drogas são todos crimes puníveis com a pena de morte pela lei islâmica do Irã, implementada desde a Revolução de 1979.
Irã e Brasil se aproximaram neste ano, após os governos brasileiro e turco mediarem uma proposta de acordo sobre os trabalhos de enriquecimento de urânio iraniano, que o Ocidente teme ser um disfarce para o desenvolvimento de uma bomba atômica. Teerã nega essa acusação e diz que busca a produção de eletricidade.