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Preta Gil: "Não sou uma mãe liberal em nenhum aspecto"

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 Para comemorar os três anos da Noite Preta e o lançamento do DVD, a cantora Preta Gil faz show com participação de DJs na The Week na sexta (6/8), a partir das 23h. Gravado em 2009, o DVD conta com versões que vão de Baba Baby, de Kelly Key, até Lourinha Bombril, dos Paralamas do Sucesso. Em entrevista à Época São Paulo, Preta contou sobre as novidades da carreira e sobre sua história.

Além de músicas de trabalho anteriores, o DVD conta com inéditas e participações especiais?
Preta Gil: Entre as inéditas tem "A Coisa Tá Preta", que fiz com o Carlinhos Brown, e "Meu Valor", uma composição minha. O DVD tem participações do meu pai (Gilberto Gil) e do meu filho Francisco em "Drão", que foi feita para minha mãe, e de Ana Carolina, que é uma grande amiga e acabou me dando a música "Stereo".

Quantos shows você já fez este ano?
Preta Gil: Faço em média de 12 shows por mês. Tem a gravação de TV, por isso vou adequando a agenda, mas é muito prazeroso. Esse é o estado máximo de realização para uma cantora. Graças a Deus estes três anos de Noite Preta me deram esse alcance. Temos feito bastante shows e, modéstia a parte, lotamos todos os shows, em vários lugares. Mas em São Paulo vai ser o máximo.

Você conta com o auxílio de uma assessora para usar o Twitter ou é viciada na rede social?
Preta Gil: No Twitter quem mexe sou eu. Falo quando estou no trânsito, quando viajo ou estou em casa - quando o marido deixa! (risos). Já fui mais viciada, hoje tenho uma noção maior do que é a ferramenta e tenho uma relação mais saudável. Já consigo ficar quatro, cinco horas sem Twittar! (risos) Quando você começa a twittar acha que tem a obrigação de comentar tudo o que você faz. Renovei a carteira de motorista, não twittei e fiquei me sentindo um pouco clandestina, como se tivesse fazendo algo escondido.

Você consegue responder todas as mensagens dos fãs?
Preta Gil: Quando abro o Twitter, os 20 primeiros que falam comigo acabam se dando bem. Mas procuro responder e conhecer as pessoas. A gente faz promoção para conhecer o pessoal após o show. Isso acaba criando vínculo e uma relação que não é só virtual.

"Minha personalidade extrovertida foi uma maneira de sobrevivência na selva", diz PretaComo você consegue conciliar o trabalho como cantora, apresentadora de TV (Preta apresenta o Vai e Vem, no Multishow) e rádio (Noite Preta FM, na rádio MPB FM) com o fato de ser mãe de um adolescente? Você consegue descansar?
Preta Gil: É uma loucura, mas eu amo ser mãe, amo ser dona de casa e amo meu trabalho, então tenho prazer em conciliar minha vida com essas tarefas. Acredito que só dá para fazer as coisas se for com amor. É complicado, mas tento pelo menos ter folga às segundas. Normalmente tiro esse dia para ver minhas coisas de casa, sentar com minha secretária, fazer compras e outras coisas que eu adoro. O Francisco está sempre presente porque ele tem o maior prazer em me ver feliz. Quando o show é no final de semana ele viaja comigo. Conversamos, jogamos videogame, vemos televisão até ele dormir.

A educação que você dá para ele é parecida com a que você teve ou é mais rígida?
Preta Gil: Sou uma mãe tradicional como qualquer outra. Nossa relação não tem nada de diferente. Não sou uma mãe liberal em nenhum aspecto. Ele tem de estudar, apresentar notas boas, tem suas responsabilidades. Preocupações que minha mãe não tinha comigo hoje eu tenho que ter, porque o mundo está mais livre, a gente tem que tomar outros cuidados. Não é ser careta, porque sou uma mãe que acredita muito na liberdade de expressão dele.

No início da carreira você foi alvo de várias críticas e piadas com a capa do CD. Ainda existe este tipo de comentário?
Preta Gil: Hoje é totalmente diferente, tenho meu alicerce, que é meu trabalho. E não é uma piada que irá me desestabilizar porque eu tenho a certeza de que meu trabalho é bom e que as pessoas gostam. O reconhecimento dá uma paz de espírito para continuar. Quando comecei a carreira houve uma combinação que não deu certo: uma ingenuidade muito grande de minha parte e uma transparência de se expressar e não ser hipócrita.

Você estava preparada para encarar tudo isso?
Preta Gil: Quando eu resolvi cantar nunca imaginei que minha personalidade ficaria na frente da música. Eu queria cantar, não dar entrevista ou levantar bandeiras. Veio uma onda muito forte de preconceito principalmente contra a minha forma física. Isso virou um mito no Brasil com brincadeiras de muito mau gosto. O que mais me tocou foi perceber o quanto isso atingia outras mulheres. As pessoas são motivadas por estes programas de humor. Isso acaba gerando uma personalidade muito agressiva e preconceituosa nos jovens, como é o caso do bullying. É preocupante.

Você já declarou que quando mudou de Salvador para o Rio também sofreu preconceito e criou uma personagem extrovertida e bem humorada para se adaptar. Essa personagem acabou se transformando em sua personalidade hoje?
Preta Gil: Essa foi uma maneira de sobrevivência na selva. Os alunos da escola que estudei quando cheguei de Salvador eram brancos. Algumas crianças ficaram mais distantes, eu também não falava muito e quando o fazia, com sotaque baiano, todas riam. Mas era menos consciente, as crianças nem sabiam o que era preconceito. Ali comecei a desenvolver uma personalidade mais extrovertida para poder conquistar as pessoas. É uma personalidade que eu tenho até hoje, mas que fica mais restrita aos palcos.

Além dos palcos e dos programas de TV e rádio, você pensa em fazer novelas novamente?
Preta Gil: Teria o maior prazer, mas não tem como parar de fazer quatro shows por semana para poder gravar. Novela exige uma disponibilidade total. Mas acabei de gravar As Cariocas, próxima minissérie da Globo. Foi uma personagem pequena, uma participação especial, mas adorei.
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