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Desigualdade de renda pessoal diminuiu entre 1970 e 2007, diz Ipea

G1

A desigualdade de renda entre as pessoas diminuiu no Brasil entre 1970 e 2007, mas a concentração e a desigualdade entre os municípios permanecem bastante elevadas, ainda que se mantenham estáveis no período. Isto é o que revela o comunicado Desigualdade da renda no território brasileiro divulgado nesta quinta-feira (12) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O estudo considera o grau de desigualdade do PIB dos municípios brasileiros e da renda pessoal com base no coeficiente de Gini, que varia de zero a um, sendo que, quanto mais próximo de um, maior é a desigualdade.

A pesquisa do Ipea engloba o período que vai de 1920 a 2007. Os dados apontam que, no auge do ciclo de industrialização, o país registrou forte tendência à concentração da produção em poucos espaços do território nacional. Com isso, o índice de Gini como medida da desigualdade na participação dos municípios no PIB nacional saltou de 0,64, em 1920, para 0,86, em 1970, um aumento acumulado de 34,4%. De 1970 até 2007, porém, o indicador permanece no mesmo patamar.

Municípios
O PIB municipal per capita, que serve para avaliar a distribuição de renda da população, enfrentou o mesmo movimento no período de 1920 a 2007, ou seja, cresceu 32,4%. No entanto, a partir de 1970, este índice apresenta queda de 0,49 para 0,42, em 2007, o que corresponde a uma baixa de 14,3%.

O Sudeste é a região que apresenta o maior coeficiente de Gini dos PIBs municipais, equivalente a 0,89, mas também foi a única a registrar ligeira queda (-1,3%) no índice entre 1970 e 2007. Em 2007, a região Sul foi a que registrou o menor grau de desigualdade no indicador.

A pesquisa revela que, em 2007, os municípios entre os 10% mais ricos participavam com 78,1% do PIB nacional.

Alguns fatores contribuíram para a estabilidade do indicador de desigualdade dos PIBs municipais, como o deslocamento de empresas para regiões com menores custos de produção e os investimentos públicos em energia e infraestrutura, mas isso não foi suficiente para que o índice apresentasse uma queda mais significativa.

“Desde a segunda metade da década de 1990, em plena fase de estabilidade monetária, o grau de concentração dos PIBs municipais decaiu levemente (2%), passando de 0,88, em 1996, para 0,82, em 2007. Destaca-se, contudo, que entre 1999 e 2007, o índice de Gini encontra-se estabilizado em 0,86. No índice de Gini do PIB per capita dos municípios brasileiros, a desigualdade decaiu 5,4% no mesmo período de tempo (de 0,44, em 1996, para 0,41, em 2007)”, registra o documento do Ipea.

O estudo revela, ainda, que entre as principais regiões geográficas do país o Centro-Oeste foi a que mais cresceu economicamente entre 1996 e 2007 (5,3% a.a.), embora tenha apresentado a menor queda no grau de desigualdade dos PIBs municipais (0,05). O Nordeste foi a região que apresentou a maior queda no índice de Gini entre os PIBs municipais (0,45%).

Quando se utiliza o PIB per capita dos municípios brasileiros, nota-se movimento diferente entre os anos de 1996 e 2007. As regiões Sudeste (9,3%) e Centro-Oeste (2,8%) apresentam aumento na medida de desigualdade, enquanto Sul, Nordeste e Norte reduziram o índice de Gini no mesmo período de tempo. A região Sudeste apresentou, em 2007, o maior grau de desigualdade nos PIBs per capita municipais do Brasil, enquanto em 1996 a posição era ocupada pela região Norte.

A pesquisa do Ipea conclui dizendo que “atualmente, poucos municípios do país respondem pela maior parte do PIB, enquanto no passado havia menor concentração/desigualdade geográfica”. O documento termina afirmando que “a União, os estados e municípios detêm a missão estratégica de convergir para um grande planejamento de um desenvolvimento menos concentrado da riqueza nacional. Do contrário, o país pode continuar a registrar queda na desigualdade de renda pessoal, sem que, necessariamente, prevaleça a desconcentração e menor desigualdade territorial na participação dos municípios no PIB nacional.”
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