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Escola cria curso de defesa pessoal para gays no interior de SP

G1

A Escola Jovem LGBT, em Campinas, a 93 km de São Paulo, vai oferecer um curso de defesa pessoal gratuito, com duração de três meses, destinado ao público LGBT. As aulas começam neste sábado (14). Uma turma de jovens de 14 a 20 anos vai aprender técnicas para evitar situações de risco e agressões físicas.

O curso é aberto para diferentes públicos e já tem 9 das 10 vagas que foram abertas preenchidas. Entre os inscritos estão mulheres (tanto homossexuais como heterossexuais), travestis e gays. “Os alunos vão aprender a se defender contra pauladas, facadas e socos, além de técnicas de imobilização”, afirma o professor e mestre em artes marciais Paulo Claro, que vai ministrar o curso. “O aspecto preventivo também é fundamental. Eles também vão aprender a ter mais controle emocional. Porque se reagir errado, morre.”

O mais importante do curso, na opinião de Deco Ribeiro, diretor da Escola Jovem LGBT, é que ele vai ajudar a resgatar a autoestima de um público que, às vezes, é vítima de violência gratuita. “Acho que o curso ajuda a despertar no jovem a necessidade de cuidar de si. O jovem que sofre algum tipo de preconceito tende a ter uma autoestima muito baixa e, por isso, fica muito vulnerável. Ele se mete em qualquer furada”, afirma.

Outro aspecto importante do curso é a ênfase dada à necessidade de aprender a escapar de situações de risco. “Mais importante do que saber lutar é saber escapar. Fugir não é só sair correndo. É preciso aprender a identificar o risco”, diz o diretor da escola, que é idenficada como um "ponto de cultura" e recebe verbas do Ministério da Cultura e da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo. Voltada para jovens homossexuais, ela foi inaugurada no início deste ano.

O bailarino e professor de dança Leandro Henrique Ochialini, de 20 anos, sentiu necessidade de aprender a se defender e acredita que o fato de ser homossexual faz com que ele seja considerado pelos ladrões uma vítima mais fácil. “Eles pensam que a gente não tem força e que, por ser gay, não vou saber me defender. Só quero garantir a minha segurança”, diz.

A travesti Juana, de 19 anos, que já foi assaltada quatro vezes está entre os inscritos. “Fui assaltada duas vezes no mesmo mês quase no mesmo lugar. Depois disso eu peguei a mania de ficar sempre olhando para trás para ver se estou sendo seguida. Por isso, a gente tem que ficar esperta”, afirma a estudante do primeiro grau.
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