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Gabeira diz que tráfico se fortaleceu onde há PAC no Rio

Terra

O candidato ao governo do Rio de Janeiro pelo PV, Fernando Gabeira, afirmou nesta sexta-feira (27), durante caminhada em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, que o tráfico se fortaleceu nas favelas do Estado onde os governos federal e estadual iniciaram obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o que segundo ele pode estar relacionado a um acordo com o chamado poder paralelo para garantir a realização das construções.

Gabeira apontou como exemplos de locais dominados pelo tráfico e contemplados pelo PAC o Complexo do Alemão (Zona Norte) e da Rocinha (Zona Sul). No último sábado (21), um grupo de 80 traficantes desceu da Rocinha e fizeram mais de 30 reféns em um hotel em São Conrado. Houve troca de tiros com policiais militares e uma mulher, traficante, segundo os policiais, morreu.

"O tráfico floresceu nas comunidades onde há o PAC (...) prova disso é a coragem do Nem (apelido do traficante Antonio Bonfim) descer com um 'bonde' de 80 pessoas", avaliou Gabeira, lembrando ainda a morte de três operários que trabalhavam em uma pedreira - sem ligação com o PAC - no Complexo do Alemão. Também foi do Alemão que saiu a ordem para a tentativa de invasão do Morro dos Macacos, em Vila Isabel (Zona Norte), cujos tiroteios derrubaram um helicóptero da PM e deixaram mais de 40 mortos, em outubro de 2009.

Uma testemunha afirmou ao Jornal do Rio, da Band, nesta quinta (26), que os traficantes atacaram em vingança por terem sido "traídos" por PMs a quem pagavam R$ 60 mil semanalmente para fazerem suas atividades sem serem incomodados.

Em 2007, o secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, e então secretário nacional de Segurança Pública, Antonio Carlos Biscaia, prometeram que Rocinha e Alemão seriam ocupados pela polícia pacificadora antes de receberam obras do PAC. A promessa não foi cumprida e as obras começaram, tendo diversas inaugurações com o governador Sérgio Cabral (PMDB) - candidato à reeleição - e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Após gravar um programa eleitoral na Rocinha, em 9 de agosto - 12 dias antes do tiroteio em São Conrado -, a candidata do PT à presidência, Dilma Rousseff, disse não achar relevante a pacificação acontecer antes ou depois das obras. "Tanto a Dilma quanto o Cabral querem tirar proveito político das obras", afirmou Gabeira, dizendo ainda que o panorama indica um acordo com o poder paralelo para garantir a realização das obras. "Pode ver que nas comunidades onde há PAC não tem UPP; onde tem UPP não tem obra de infraestrutura", ressaltou.

No Morro do Cantagalo, em Ipanema, uma UPP foi instalada após obras do PAC e também atende ao morro Pavão-Pavãozinho, que fica ao lado.

Otimismo
Ainda perdendo para Cabral no primeiro turno se a eleição fosse hoje, segundo a última pesquisa Datafolha, feita em 23 e 24 de agosto e registrada no TRE-RJ (Tribunal Regional Eleitoral) sob o número 72.920/2010, Gabeira se disse otimista por ter diminuído a diferença de 43 para 39 pontos percentuais. Ele subiu de 14% para 17%, contra 56% de Cabral, que tinha 58% na anterior. "Se chegarmos a 20% podemos pensar em segundo turno", afirmou.
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