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Perdas com câmbio levam Sadia a prejuízo de R$ 2,48 bilhões em 2008

G1

As operações com derivativos cambiais levaram a Sadia a um prejuízo de R$ 2,484 bilhões em 2008, o primeiro em sua história de 64 anos. Balanço divulgado há pouco apontou que a companhia perdeu nada menos que R$ 2,55 bilhões com os instrumentos que ficaram conhecidos como "derivativos tóxicos".

Somente no quarto trimestre, depois do "estouro" da crise mundial, o prejuízo da Sadia somou R$ 2,042 bilhões. Após o escândalo dos derivativos, a empresa anunciou a demissão de executivos e o ex-ministro Luiz Fernando Furlan voltou para o comando da companhia. Nas últimas semanas, circularam no mercado notícias de uma união entre a empresa e a rival Perdigão.

“A Sadia registrou em 2008 o primeiro prejuízo anual em seus 64 anos de história, reflexo de perdas financeiras com instrumentos derivativos e dos impactos da desvalorização do real. A partir de setembro a moeda brasileira sofreu forte desvalorização em meio aos efeitos da crise sistêmica internacional", informou comunicado divulgado hoje pela empresa.

A companhia destacou, no entanto, que 2008 marcoou o maior volume de investimentos já realizados pela Sadia, com R$ 1,8 bilhão destinados a projetos que permitiram a expansão de sua capacidade produtiva.

Operações 'tóxicas'
O aporte neste tipo de derivativo cambial tem o objetivo de proteger as exportações das companhias contra desvalorização excessiva do dólar. Ocorre que tanto Sadia quanto Aracruz - que anunciou prejuízo de R$ 4 bilhões hoje por conta de perdas com o instrumento - compraram um volume de derivativos bem superior às suas necessidades operacionais.

A empresa vinha comprando esses derivativos acima de suas reais necessidades porque as operações vinham gerando ganhos financeiros em um cenário de dólar baixo. Quando a crise explodiu, no entanto, a moeda americana disparou e as duas empresas se viram diante de um gigantesco rombo financeiro.

Faturamento e dívidas
Em seu balanço, a Sadia informou que o agravamento da crise também gerou estragos no desempenho operacional. Apesar de a receita bruta ter crescido 18% sobre o mesmo período do ano anterior, para R$ 3,519 bilhões, a geração de caixa medida pelo Ebitda (lucro antes de impostos, juros, amortizações e depreciações) caiu 21,7%, para R$ 343 milhões.

Resultante das operações com derivativos tóxicos e dos empréstimos tomados para cobrir as perdas, a dívida bruta de curto prazo da Sadia chegou a R$ 4,164 bilhões em 31 de dezembro de 2008. A dívida total somava R$ 8,549 bilhões.
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