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Teste: Nissan 370Z Roadster é espécie rara

UOL

Quase um ano após o lançamento do cupê, eis que chega à Europa a versão conversível de um dos mais célebres e reputados esportivos japoneses: o Nissan 370Z Roadster. No essencial, este roadster recebeu as mesmas evoluções que a versão "fechada" e seu lançamento acaba por comemorar os 40 anos de existência da já mítica sigla “Z”.

Visualmente, o 370Z Roadster destaca-se pela sua capota de lona, que surge muito bem integrada nas linhas agressivas da carroceria, fazendo com que o modelo seja tão apelativo com ou sem ela. A unidade testada contava com todos os três únicos opcionais disponibilizados pela Nissan para este modelo no mercado português: pintura auto-regeneradora anti-riscos num tom exclusivo Black Rose (de belo efeito, por sinal), capota e bancos com inserções em rede de cor bordeaux (opção sem custos, mas só possível de combinar com a pintura anti-riscos – tudo junto, custa 500 euros) e caixa automática se sete velocidades (2 mil euros). Com tudo isto, o 370Z Roadster nunca passa despercebido, mesmo estando parado!

O interior prima pela funcionalidade e a posição de condução é perfeita para um automóvel, mesmo que a direção tenha apenas regulagem de altura. Os equipamentos de série são bastante generosos, incluindo tudo o que se exige de um carro deste nível, além de sistema de som Bose com oito altifalantes; sistema de navegação por DVD com visor sensível ao toque de 7” e disco rígido de 40 GB; bancos tem regulagem elétrica, são aquecidos e refrigerados (neste último caso, através de um sistema de ventilação que está longe de zelar pelo silêncio); e sistema de acesso sem chave.

O funcionamento da capota é totalmente automático e não consome mais do que 20 segundos. Não obstante, estranha-se que as janelas não fechem quando terminam os processos de remoção/colocação (como é habitual em quase todos os conversíveis atuais); bem como que, pelo menos na versão automática, só seja possível operar a capota com o veículo parado e a marcha na posição "parking" (para a versão com câmbio manual, a Nissan afirima ser possível abrir/fechar a capota em andamento, desde que abaixo dos 5 km/h).

A opcional cor Black Rose, exclusiva do 370Z Roadster, oferece um resultado muito bom, ainda mais porque combinada com os bancos e a capota bordeaux. O ambiente esportivo exalta a personalidade do modelo.

ESPÉCIE RARA

Seja como for, o modelo que adota uma postura já rara nos dias de hoje. Com motor dianteiro, tração traseira e diferencial autoblocante de série, o principal atributo do 370Z Roadster reside, sem dúvida, no seu comportamento, que pode ser tão entusiasmante quanto viciante para os utilizadores mais ousados, tal o divertimento que oferece.

Sob o capô está o propulsor V6 com 3.7 litros, capaz de cumprir as normas Euro 5, que desenvolve 328 cv e um toque máximo de 363 Nm às 5200 rpm. Outras das suas características é a adoção de um sistema de distribuição variável (denominado VVEL), cujo desempenho muito justifica o “emotivo” temperamento desta unidade motriz. O ponteiro das rotações por minuto sobe com notável rapidez até o limite (7500 rpm), ao mesmo tempo se faz presente para os seus ocupantes com um troar verdadeiramente emocionante, sobretudo quando a capota está recolhida.

Como referido no início, o 370Z Roadster dispunha de caixa automática de sete velocidades, com trocas possíveis através de borboletas atrás do volante. Esta é a primeira vez que o modelo é vendido na Europa, na versão aberta, com uma transmissão deste gênero. Na prática, apesar de anunciar consumos ligeiramente inferiores aos da versão com caixa manual, sem prejudicar o desempenho, é notório que esta caixa não consiga ser tão rápida e convincente quanto as tradicionais pilotadas de dupla embreagem, como as DKG e PDK propostas por rivais como o BMW Z4 ou o Porsche Cayman S, respectivamente. Por isso, os mais puristas não deixarão de considerar a opção pela caixa manual de seis velocidades, que ainda garante menos 15 kg no peso do conjunto.

PRIMADO À DIVERSÃO

Em relação ao seu antecessor, o novo 370Z Roadster também se distingue por ter o entre eixos 100 mm mais curto e ter um peso 97 kg inferior - conseguido em boa parte graças a adoção de inúmeros elementos em alumínio no capô, portas e componentes das suspensões. A Nissan ainda anuncia um incremento da rigidez torsional da ordem dos 40% em comparação ao anterior modelo. Ao mesmo tempo, foram revistos a direção (mais precisa e direta) e os freios (mais potentes e resistentes).

Ao volante do novo 370Z Roadster, não são precisos muitos quilômetros para perceber que, tal como o sua variante "fechada", este é um automóvel muito especial, como já é raro encontrar- se. Em um primeiro teste para avaliar seu desempenho, abusando um pouco mais do acelerador nas curvas, logo percebe-se a intermitente luz da entrada em ação do controle electrônico de estabilidade. Sem este dispositivo, este carro não é para qualquer um.

E, de fato, não é. Com o ESP desligado, confirma- se que este é um roadster só para os mais “duros”, exigindo competência e determinação em todas as tomadas de decisão. Esses, por seu turno, não deixarão de usufruir do magnífico equilíbrio do chassi, sempre com reações nobres e previsíveis, mesmo nas situações mais delicadas. Graças à enorme aderência, e a presença do autoblocante, é não só possível, como até recomendado, dar uma "aceleradinha" a mais. Pena que uma experiência como essa que tem tudo para se tornarinesquecível custe nada menos do que 83.100 euros, valor que acaba por estar perigosamente próximo ao pedido por modelos como BMW Z4 35iS de 340 cv (79 192 euros) ou o Porsche Cayman S de 320 cv (87 126 euros já com caixa PDK).
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