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Sérgio Cabral é entrevistado pelo RJTV

G1

O RJTV começou a entrevistar na segunda-feira (13) os candidatos ao governo do Rio de Janeiro. O entrevistado desta terça-feira (14) é o candidato do PMDB Sérgio Cabral.

Na segunda-feira (13), o entrevistado foi o candidato Fernando Peregrino, do PR.

O entrevistado de quarta-feira (15) será o candidato do PV, Fernando Gabeira. E na quinta-feira (16), o candidato do PSOL, Jefferson Moura.

A ordem das entrevistas foi definida em sorteio realizado na presença dos representantes dos candidatos. Como acertado com todos os partidos, a entrevista desta terça será ao vivo e tem 12 minutos de duração.

Ana Paula Araújo: O tempo começa a contar já, a partir de agora. Candidato, primeira pergunta sobre segurança. O senhor sempre diz que o seu governo foi o que prendeu mais milicianos. Mas se a gente olhar o mapa das UPPs, a gente vê que das 12 unidades de polícia pacificadoras, 11 estão em áreas que eram dominadas pelo tráfico e uma em área de milícia que é ali no Jardim Batan. A pergunta é, para a política de segurança do seu governo, a milícia é um mal menor que o tráfico?

Sérgio Cabral: De jeito nenhum, é um mal como o tráfico. A política de combate à milícia se iniciou no nosso governo. No governo passado, em 2006, foram presos se eu não me engano, quatro ou cinco milicianos. Nós já prendemos quatrocentos e... quase 440. A operação de combate à milícia ela envolve mais, Ana Paula, a inteligência, porque é um domínio territorial diferente do tráfico. Então, quem normalmente, repara só, prende o miliciano é a Polícia Civil. É a polícia investigativa. Você não tem a mesma lógica do combate ao tráfico.

Nós continuamos nesse mesmo combate e tem a mesma importância para gente. Nós prendemos milicianos em Campo Grande, para citar um bairro na Zona Oeste, onde ainda infelizmente há milicianos, nós estamos perseguindo e prendendo eles, a queda foi de 50% nos homicídios. Porque é um controle invisível, não é um controle físico, da mesma maneira que o tráfico de drogas. Então, normalmente, você pode reparar, nas operações de prisão de miliciano, é a Polícia Civil que faz.

Ana Paula Araújo: Mas candidato, na sua coligação, na coligação que o apoia, há candidatos com forte ligação com as milícias, é o caso do deputado Jorge Babu, citado na CPI das milícias, é o caso da ex-chefe de gabinete do vereador Cristiano Girão, que inclusive está preso por ligação com as milícias. Quando o senhor se alia a esses políticos que são investigados pela polícia que o senhor comanda, o senhor não está emitindo um sinal confuso para o eleitor?

Sérgio Cabral: De jeito nenhum, Ana Paula. Na verdade, são 16 partidos que me apoiam e cada partido tem a responsabilidade de controlar os seus filiados, né, e ao Tribunal Regional Eleitoral o controle sobre esses candidatos. Todos sabem a minha postura, quer dizer, pela primeira vez na história do Rio de Janeiro, inclusive milicianos estão dormindo e acordando em presídios de segurança máxima fora do nosso estado, em Catanduvas. Hoje o Rio de Janeiro lidera o número de presos em presídio de segurança máxima. Em Catanduvas, Campo Grande, Mossoró, Porto Velho, portanto nosso governo não tem nenhuma conivência com tráfico de drogas e com miliciano.

Edimilson Ávila: Candidato, vamos continuar falando de segurança então. No ano passado, a Assembleia Legislativa aprovou uma lei para que câmeras fossem instaladas nos carros dos policiais para monitorar o trabalho dos policiais. O senhor vetou essa lei, essa lei voltou para a assembleia e a assembleia aprovou a lei. Essa lei foi aprovada, está valendo, mas até hoje as câmeras não estão nos carros da polícia. Por que é que o senhor está descumprindo esta lei?

Sérgio Cabral: Na verdade, Edimilson, quando eu a vetei, não porque era contra o mérito, por orientação vinda da minha assessoria jurídica, é que é inconstitucional por gerar despesa, e quem pode gerar despesa é o executivo e não o deputado. Segundo que nós estamos nesse momento construindo já, graças a Deus, o nosso centro de comando de controles, que será o melhor centro de comando de controles da América do Sul, ali na Praça Onze. E nesse centro de comando de controles nós vamos implantar novas tecnologias. O secretário Mariano Beltrame e sua equipe foram a várias cidades do mundo conhecer centros de comando de controle. E a partir dessa tecnologia nós implementaremos em todas as viaturas uma tecnologia adequada para que se fale pelo passado do Rio de Janeiro. É... até rádios da civil e da militar não se falavam.

Edimilson Ávila: Candidato, mas eu tenho aqui um trecho do veto do senhor, que a lei além de ser inconstitucional, diz aqui que era preconceituoso com os policiais, que essa era uma lei preconceituosa. Eu vou citar aqui um caso aqui, o caso do filho da atriz Cissa Guimarães, uma câmera naquele caso poderia ter flagrado o que aconteceu. O senhor acha ainda que é preconceito contra os policiais, não protege bons policiais, não protege a população?

Sérgio Cabral: Olha, eu estou assumindo um compromisso com você, com a Ana Paula, com a população do Rio, que nós vamos implementar, eu estou afirmando que nós estamos com um centro de comando de controle em construção, portando nós vamos implementar câmeras como é... essas que você demanda para fazer o controle da sociedade, então...

Edimilson Ávila: Não demorou demais, candidato? Não atrapalhou, não prejudicou a população?

Sérgio Cabral: Não, porque nós... Edimilson, em três anos e oito meses nós trocamos as viaturas da PM que estavam caindo aos pedaços. Hoje você não vê mais viatura da PM velha rodando na rua, eu me lembro que em 2006 era um tema da campanha. Vocês mesmo me perguntaram aqui. Hoje você não vê mais. Então essa renovação de frota,esse investimento em tecnologia, ele está amadurecendo. Meu compromisso é com centro de comando e controle. Volto a dizer, terá Defesa Civil, terá Polícia Civil, terá Polícia Federal...

Ana Paula Araújo: Candidato, falando agora de educação, que foi um tema que a gente começou a abordar aqui na última vez que o senhor esteve aqui, na entrevista no RJ 2º edição, não houve muito tempo para falar sobre isso. Então a gente queria voltar a esse assunto, lembrando que o Rio teve um péssimo desempenho no exame do ensino médio, ficou em penúltimo lugar, à frente apenas do Piauí. E a gente tem um dado aqui de 14 estados que tem governadores em primeiro mandato, 12 nesses quatro anos conseguiram melhoras as suas notas no Ideb, menos o Rio e o Distrito Federal. Por que que o Rio não melhorou no ensino médio durante seu governo?

Sérgio Cabral: O Ana Paula, eu, é.. já houve um avanço não ter caído a nota. Porque você imagina só. Nós temos 500 mil alunos no ensino fundamental. Fora da capital, nos 91 municípios. Nós alcançamos a meta do MEC no ensino fundamental em 500 mil alunos. E temos 650 mil, 700 mil no ensino médio. Só não ter caído foi um grande avanço, por quê? Porque nós herdamos algumas situações. Aqui na capital, por exemplo, toda a rede é da prefeitura e havia aprovação automática. A aprovação automática, Ana Paula, os meninos iam passando sem saber matemática, sem saber português do primeiro ao nono ano. A cidade do Rio, pouca gente sabe disso, tem a maior rede de ensino fundamental do Brasil e da América do Sul. È maior em números absolutos que São Paulo. Então nós herdamos esse problema. Meninos que chegaram à rede.

Então em três anos... então se você pegar esses meninos hoje já no primeiro ano do ensino médio, é porque o Ideb é medido no terceiro ano pra alguns colégios. Já no nono ano do ensino fundamental segundo ciclo, e quinto ano do primeiro ciclo do fundamental, para toda a redá. No caso do ensino médio, nós temos 200, 300 unidades, ou até mais, e apenas 43 foram avaliadas. Mas não quero tirar o mérito do Ideb não. A verdade é que nós seguramos o descenso que vinha ao Rio. E eu posso garantir a você: eu vou estar aqui com você, se eu for reeleito, no RJTV 1ª edição, discutindo o novo índice do Ideb, e você vai ver que o Rio melhorou.

Ana Paula Araújo: Mas jogar a responsabilidade para prefeituras passadas não é fugir da responsabilidade do seu governo, dado que em outros governos, em primeiro mandato conseguiram em quatro anos pegar esses alunos e melhorar a nota no final?

Sérgio Cabral: Claro, porque certamente nenhum desses meus colegas governadores de outros estados herdaram, por exemplo, 12 anos que o magistério não teve reajuste salarial, Ana Paula.

Ana Paula Araújo: Pois é, mas o senhor sempre fala desse abandono também em outras administrações do estado em anos anteriores. Mas se a gente olhar, desde 87, o único governador que o senhor não apoiou foi Leonel Brizola, o senhor esteve ou como o presidente da Alerj ou no Senado apoiando Marcelo Alencar, Moreira Franco, Anthony Garotinho, Rosinha Matheus. Não é um pouco se eximir da responsabilidade pelo o que aconteceu agora no ensino médio, dado que o senhor esteve também junto a esses governos e teve ainda seus quatro anos?

Sérgio Cabral: Eu não quero entrar no mérito de quem eu apoiei e quem eu não apoiei, não é bem isso não. Uma coisa é ser presidente da Assembléia e ter relações institucionais, outra coisa é apoiar no palanque, mas eu não vou entrar nesse detalhe. O que eu acho, Ana Paula, é que foi uma herança, de fato. Doze anos sem reajuste, os colégios caindo aos pedaços, nós fizemos concurso público para 30 mil professores. Grande parte é de 16 horas e uma outra parte, cerca de 10 mil, 40 horas. O de 40 horas, em três anos e meio, Ana Paula, já estão ganhando R$ 3.500, vão se aposentar com R$ 9 mil, aquele que tem dedicação exclusiva. O de 16 horas, nós avançamos muito, incorporamos a gratificação Nova Escola, que vai demorar um tempo para incorporar, porque são 70 mil professores no total. É, de fato, o maior desafio do nosso governo é chegar em 2012, se não me engano é o próximo Ideb, com novos números no Ensino Médio.

Edimilson Ávila: Candidato, vamos falar de outros assuntos também, vamos tratar de transportes agora. O senhor tem dito na campanha que comprou trens para a SuperVia, trens para o Metrô, comprou de fato, e eles começam a chegar ao longo do próximo ano. Mas o que nós vimos durante o seu governo foram: metrô superlotado, sem ar condicionado; trem fantasma, o trem da chibata; barcas desgovernadas. Bem, no estado há uma agência para fiscalizar os transportes, a Agetransp, que deve fiscalizar até a manutenção. O senhor está satisfeito com o fiscalização?

Sérgio Cabral: Olha, Edimilson, você - não é por estar na sua presença, eu te acompanho - é um profundo conhecedor de transportes. Conhece a cidade, conhece o estado, mas essa área eu sei que você domina profundamente. O Metrô, por exemplo, desde 80 nunca comprou trens novos, carros novos. Foram “retrofitados” nos governos passados mas nunca houve compra. Nós estamos comprando, em 2011 vamos terminar 2011 com dois terços da frota nova.

Edimilson Ávila: Mas e a manutenção, candidato?

Sérgio Cabral: Sim, a manutenção ela está sendo feita mas com trem de 1980. Não quero eximir ninguém de culpa não.

Edmilson Ávila: O senhor está satisfeito?

Sérgio Cabral: Não, claro que não. Eu estou absolutamente, é, comprometido em chegar a 2014 com a frota da SuperVia renovada, com a frota do Metrô renovada e com o cidadão esperando a metade do tempo que ele espera hoje numa estação de trem ou de metrô.

Edimilson Ávila: O senhor não podia ter mudado isso no final do ano, não podia ter mudado os conselheiros da Agetransp para conselheiros realmente técnicos, lá, só um dos cinco, um conselheiro tem experiência técnica em transporte. Não poderia ser diferente? Os seus críticos dizem que o senhor loteou politicamente a Agetransp.

Sérgio Cabral: Eu acho que não... é... enfim, não quero entrar no tema dos críticos, mas...é... seria uma injustiça com a Agetransp. Ela está se capacitando, há pessoas técnicas lá, o presidente, o Barbosa, é uma pessoa de reputação ilibada, nós estamos apoiando a Agetransp para que ela se qualifique cada vez mais, que ela possa cobrar cada vez mais das concessionárias, mas eu posso dizer a você, Edmílson, você sabe disso, que transporte, quando você encomenda um trem, quando você faz um investimento, ele... nós vamos agora terminar a obra da estação Cidade Nova.

Ana Paula Araújo: Candidato, desculpa interrompê-lo, é que o tempo está acabando, a gente queria ainda falar um pouquinho de saúde. O Rio tem um triste título de ser o campeão de casos de tuberculose no país, uma doença muito ligada às más condições de habitação, à má qualidade de vida. Olha, os dados, de 2008, 69 casos por 100 mil habitantes, isso para o pessoal ter uma ideia é o dobro da taxa de São Paulo e o triplo de Minas. O Rio fracassou no combate à tuberculose?

Sérgio Cabral: Olha, isso tem a ver com insalubridade, tem a ver com... o que nós estamos fazendo no PAC das comunidades é exatamente isso, é combater esse tipo de problema, é você levar dignidade à população, investir em saneamento, investir numa vida saudável . Como é que pode, por exemplo, comunidades que não têm áreas de lazer, que não têm acessibilidade? O tipo de moradia... esse é um desafio do crescimento do Rio sem infraestrutura.

Ana Paula Araújo: Candidato, temos que reservar aqui nossos 30 segundo de tolerância para as suas considerações finais para o eleitor.

Sérgio Cabral: Olha, Ana Paula, primeiro dizer que você e o Edimilson e toda a equipe do RJTV cumprem um papel fundamental que é cobrar, criticar, demandar e esse é o nosso papel. Posso garantir a você e ao Edimilson e ao eleitor do Rio de Janeiro que nós chegaremos a 2014 um outro Rio. Um Rio em paz, um Rio com transporte melhor, com educação melhor, com saúde melhor, com problemas, mas bem avançados em relação aos de hoje
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