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Notícias / Ciência & Saúde

Decifrado genoma do cacaueiro com perspectiva de melhora de produção

France Presse

Dois grupos de cientistas, apoiados por grandes marcas de chocolate rivais anunciaram, esta quarta-feira, ter decifrado o genoma do cacaueiro, com a finalidade de melhorar a qualidade e a resistência desta planta, cujo fruto é a matéria-prima do chocolate.

O departamento americano de Agricultura (USDA), em associação com a gigante de confeitos Mars, anunciou ter obtido o sequenciamento do genoma do cacaueiro Matina 1-6, uma espécie comum, originária da Costa Rica.

Do outro lado do Atlântico, o Cirad, um centro de pesquisas francês, associado a cientistas de seis países, anunciou ter decifrado o sequenciamento do DNA do Crioulo, uma variedade de cacaueiro de Belize, e descendente das primeiras plantas cultivadas pelos maias há mais de 2.000 anos, destacou um comunicado.

O grupo americano produtor de chocolate Hershey e a universidade da Pensilvânia são parceiros nesta pesquisa.

Do lado americano, a ARS, agência de pesquisa científica do USDA, trabalhou com o gigante Mars e o grupo informático IBM, em pesquisas que buscam "garantir o fornecimento para a indústria americana do chocolate" com cacau de qualidade, destacou o departamento em um comunicado.

"Isto beneficiará não só a indústria do chocolate, mas também milhões de pequenos produtores que poderão continuar vivendo do cultivo do cacau", informou Edward Knipling, administrador da ARS.

A indústria do chocolate representa nos Estados Unidos 17 bilhões de dólares anuais.

O cacau é cultivado em áreas tropicais, mas a produção sofre com os ataques de parasitas que podem destruir até 80% de uma colheita e provocam perdas de 700 milhões de dólares ao ano.

Cerca de 70% da produção mundial de cacau são procedentes da África ocidental e a demanda excede a oferta.

Segundo o USDA, cientistas do mundo inteiro buscavam há anos a forma de tornar os cacaueiros mais resistentes a doenças, fungos, secas e parasitas.

O sequenciamento do genoma do cacaueiro Matina 1-6, realizada em dois anos ao invés de cinco, estará disponível publicamente e poderá "ser aplicada imediatamente para melhorar a genética do cacau", afirmou o USDA.

O genoma do Crioulo, decifrado pelo Cirad, que produz chocolate fino de melhor qualidade, também será difundido publicamente após a avaliação de uma revista francesa internacional, informou o laboratório francês.

Segundo o biólogo do USDA David Kuhn, consultado pela AFP, as duas pesquisas rivais se completam. O Matina 1-6 "é, de alguma forma, o avô de todos os cacaus comerciais vendidos no mundo", enquanto o Crioulo é "um cacau mais especializado, conhecido por seus grãos brancos e pelo perfume particular".

"É uma coisa boa ter dois os dois genomas decifrados", concluiu o cientista.
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