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Ipea projeta em 0,2% crescimento da economia no primeiro trimestre

ABr

A economia deve crescer no primeiro trimestre apenas 0,2%, segundo estimativa divulgada hoje (25) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). No segundo trimestre, o crescimento deve chegar a 1,6%; no terceiro, a 2,5%; e no quarto, a 3,1%. Com esses resultados, o Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e riquezas produzidos no país) deve acumular 2% neste ano.

Um dos fatores que influenciaram a expectativa do Ipea foi a Selic, atualmente em 11,25%, com seus "efeitos defasados da política monetária de redução da taxa de juros básicas da economia”, mas que poderá ampliar o crédito e a redução na ponta ao consumidor.

“Não acho nada inexeqüível [crescimento de 2%]. Eu discordo completamente de todas as análises que tenho visto, e tenho lido bastante. Pode ser até que aconteça queda de 4%, mas não em função do que estão argumentando e dentro das condições que temos hoje”, disse João Sicsú, diretor do Ipea.

As projeções do Ipea foram condicionadas também à hipótese de “que o pior da crise financeira internacional já foi superado” e de que, além da redução dos juros, foi levado em consideração o aumento real “significativo” do salário mínimo, atualmente em R$ 465, com a ampliação do valor dos benefícios da Previdência Social, e a recomposição de seus valores.

De acordo com a análise do Ipea, outros fatores que devem influenciar no crescimento são a expansão dos créditos direcionados pelo governo (linhas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e Banco do Brasil, por exemplo, destinadas ao desenvolvimento de um setor) e o consumo da administração pública.

Os economistas do instituto também levaram em consideração a existência de mais de 1,3 milhão de famílias atendidas pelo programa Bolsa Família, o lançamento, hoje, do Programa Habitacional do governo, o aumento da renda disponível, devido à criação de duas novas alíquotas do Imposto de Renda Pessoa Física e o aumento dos investimentos em obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

O saldo negativo em transações correntes também seria menor nas projeções do Ipea e ficaria entre US$ 25 bilhões e US$ 18 bilhões. O déficit menor do que o resultado de 2008, de US$ 28,3 bilhões. Esse item das contas externas representa a balança comercial, a conta de serviços e das transferências unilaterais do país.

"Acho razoável um déficit com essa margem, dado que se espera crescimento 2% [do PIB]. A balança comercial vai melhorar um pouquinho em função do que estava acontecendo nos últimos 12 meses e do nível de atividade que vai exigir mais exportações do que importações", afirmou Sicsú.

Quanto à inflação, o Ipea estima em 3,7% a 4,7% a taxa medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), não descartando um índice abaixo da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, de 4,5%. O índice foi projetado levando-se em conta o desaquecimento da atividade econômica. De outro lado, também pesaram na avaliação do instituto as previsões de "bons resultados na produção agrícola".

O Ipea não divulgou estimativas para as taxas de juros e o câmbio.
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