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Presidente do PT de MG: Governo do PSDB usa força de DilmaEliano Jorge

Terra

Presidente do diretório petista em Minas Gerais, o deputado federal Reginaldo Lopes acusa o governo tucano de cooptar o apoio de prefeitos do PT e do PMDB.

- Houve uma ação do Palácio (das Mangabeiras, sede do governador mineiro) em buscar a consolidação da Dilmasia pela força da Dilma e pela força do presidente Lula, para tentar confundir a diferenciação dos projetos em Minas - afirmou, em referência à campanha simultânea para a presidenciável petista e o candidato à reeleição Antonio Anastasia, do PSDB.

Pelas palavras de Lopes, inicialmente a chapa de Hélio Costa, do PMDB, e Patrus Ananias, do PT, não acreditava na gestação do movimento que misturou coligações distinas e virou trunfo tucano.

- O Dilmasia, que foi repudiado pelo (ex-governador e candidato a senador) Aécio (Neves) e pelo Anastasia, em abril, passou a ser a única saída deles nestas eleições - opina em entrevista a Terra Magazine. - Achavam que a Dilma não ia ter esta força toda.



O deputado Reginaldo Lopes, que preside o PT mineiro, após reunião com o PMDB (foto: Juliana Prado/Especial para Terra)

O precedente do Dilmasia é o Lulécio, que angariava eleitorado para o presidente Lula e o governador Aécio em 2006. "Foi um processo mais natural da sociedade. Não nos partidos. O eleitor tinha dois votos e adoração pelos dois (Lula e Aécio), os votos casavam muito facilmente nas urnas, não precisavam de um movimento ser articulado. Como o Dilmasia não é um movimento natural, foi necessário um esforço de coordenação de campanha", analisa Lopes.

Prevendo punições, ele considera que a infidelidade partidária de seus correligionários prejudica o processo eleitoral. "A partir do momento em que você pertence a um partido político e não tem clareza do que está em jogo, isso enfraquece a democracia, confunde o eleitor", avalia, admitindo sua decepção com os peemedebistas. "O PT está muito mais de corpo e alma na campanha do Hélio Costa do que o PMDB".

Leia a entrevista.

Terra Magazine - Ao todo, quantos prefeitos do PT foram notificados por causa do apoio eleitoral ao governador Antonio Anastasia, do PSDB?
Reginaldo Lopes - Foram 14. Quatro escreveram uma carta ao presidente Lula, e 10 manifestaram apoio ao Anastasia.

O que diz a notificação?
Cita o estatuto da fidelidade partidária e dá um prazo de oito dias para prestarem esclarecimentos.

Haverá julgamento? Quais são as punições previstas?
Depois, uma reunião da executiva vai decidir, o próprio encaminhamento, se acolhe julgamento em comissão de ética. Tem todo tipo de punição. Suspensão dos direitos partidários por algum tempo, advertência, expulsão, tem de tudo. Vai depender do que o pleno da (direção) executiva do Partido dos Trabalhadores interpretar.

O PMDB também teve vários casos assim. Quantos foram?
Ouvi falar em mais de 50, mas não sei.

O que representa esta debandada de tantos prefeitos? Qual a importância dela?
Na verdade, houve uma ação do Palácio (das Mangabeiras, sede do governo mineiro) em buscar a consolidação da Dilmasia pela força da Dilma e pela força do presidente Lula, para tentar confundir a diferenciação dos projetos em Minas. Foi uma ação articulada do Palácio.

Como funciona esta articulação do governo?
Uai, não sei. Quero entender, estou esperando esclarecimentos, motivos, razões. Mas, evidente que houve. A entrada do presidente Lula (na campanha em Minas) provocou um impacto, e aquilo que era negado pelo Aécio, o Dilmasia, passou a ser a única saída deles para tentar decolar a candidatura Anastasia. Então, eles buscaram uma articulação, apoios em especial do PMDB e alguns do PT.

É explícita esta tentativa ou ocorre só nos bastidores?
Não sei como funcionou. Sei que eles fizeram uma carta (de apoio ao governador Anastasia) e conseguiram que alguns prefeitos (do PT e do PMDB) assinassem esta carta. Mas lógico que, em campanha política, você tem que convencer o seu eleitor e a sociedade a votar na sua candidatura, né?

Desta vez, houve maior adesão do que no Lulécio, de 2006?
Não sei. O Lulécio foi um processo mais natural da sociedade. Não nos partidos. O eleitor tinha dois votos e adoração pelos dois (Lula e Aécio), os votos casavam muito facilmente nas urnas, não precisavam de um movimento ser articulado. Como o Dilmasia não é um movimento natural, foi necessário um esforço de coordenação de campanha, por parte deles, para tentar consolidar o Dilmasia.

Já havia previsão de ocorrer o Dilmasia, repetindo o Lulécio de 2006. Por que PT e PMDB não conseguiram impedi-lo?
O Dilmasia, que foi repudiado pelo Aécio e pelo Anastasia, em abril, passou a ser a única saída deles nestas eleições. Porque todos os prefeitos de Minas, mais de 800, estão com a Dilma.

E, apesar de previsto que prefeitos do PT e do PMDB apoiariam o Dilmasia, os dois partidos não evitaram isso...
Não, não. A priori, eles achavam que a Dilma não ia ter esta força toda. Quando ela passou a ter, houve uma ação articulada para conseguir deixar de maneira simbólica provocar, na cabeça do eleitor, o Dilmasia.

Qual é sua avaliação, seu sentimento, em relação ao pessoal da sua coligação que acabou apoiando o Dilmasia?
Acho muito ruim, é importante a pessoa ter clareza do projeto que ela representa. A partir do momento em que você pertence a um partido político e não tem clareza do que está em jogo, isso enfraquece a democracia, confunde o eleitor.

Pelo que o senhor falou, foram 14 do PT e mais de 50 do PMDB. O senhor se decepcionou com os peemedebistas?
É evidente. Eu acho que o PT está muito mais de corpo e alma na campanha do Hélio Costa do que o PMDB.

E é um agravante desta decepção o fato de o PT apresentar dois pré-candidatos - Fernando Pimental e Patrus Ananias - e acabar aceitando a cabeça da chapa com o PMDB?
Não, isso é coisa do passado. Todo mundo sabe minha posição, nós tentamos, até o último momento, que a candidatura fosse do PT. Superado este momento, eu estou de corpo e alma na campanha do Hélio Costa. E o PT está de corpo e alma.
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