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RS: PMDB tenta garantir segundo turno em eleição estadual

Terra

No Rio Grande do Sul, PMDB e PDT, aliados na eleição estadual, tentam, na última semana da campanha, reagir ao crescimento constante do candidato petista ao governo, Tarso Genro, e levar a eleição para o segundo turno.

Para alavancar os índices de José Fogaça (PMDB), que está em segundo lugar na disputa estadual, mas distante de Genro, os dois partidos adotaram ou intensificaram uma série de ações. Tentam aumentar sua presença nas ruas, com atos como o realizado no início da tarde desta terça-feira (28), no centro da Capital, em Porto Alegre. Com a presença dos candidatos da majoritária e das cúpulas partidárias, reuniram mais de uma centena de militantes em caminhada.

Depois de muita cobrança interna, o vice de Fogaça, o deputado federal Pompeo de Mattos (PDT), e o senador Pedro Simon, presidente estadual do PMDB, apareceram durante a propaganda eleitoral na televisão. E Fogaça, que passou a campanha ignorando as estocadas de Genro e da governadora Yeda Crusius (PSDB) - candidata à reeleição e em terceiro lugar nas pesquisas -, no penúltimo programa eleitoral, veiculado na última segunda-feira (27), mudou a estratégia. Com a bandeira do Rio Grande do Sul preenchendo a tela ao fundo, perguntou aos telespectadores se eles acreditavam que para resolver os problemas do Estado seria sempre necessário recorrer ao governo federal. Foi uma alusão clara à estratégia que vem sendo utilizada com sucesso por Genro, de vincular sua campanha ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à candidatura de Dilma Rousseff (PT) à presidência.

"O PT quer nacionalizar a campanha e esconder o Tarso. Nós vamos municipalizá-la. Agora é de casa em casa", provoca o deputado federal Eliseu Padilha, secretário-geral do PMDB gaúcho.

As primeiras providências aconteceram no começo de setembro, quando Padilha, até então afastado da coordenação da campanha por disputas internas do PMDB gaúcho, passou a fazer uma espécie de coordenação "paralela" junto às lideranças municipais. Dez entre dez integrantes da cúpula da campanha negam as disputas que atrapalharam desde o início a candidatura de Fogaça e reagem com indignação ao termo coordenação paralela. Mas ela está em curso.

"Independente do que acontece na propaganda na TV e nas pesquisas, a militância tem convicção de que estaremos no segundo turno", acredita Padilha. "A militância reagiu", completa o presidente estadual do PDT, Romildo Bolzan Júnior. "Mas... o problema foi que fizeram tudo errado desde o início. O Fogaça tem um exército, mas achou que podia ganhar a eleição sozinho. Além disso, ficou no paz e amor. Paz e amor é para quem está em primeiro lugar, não em segundo", afirma outro dirigente partidário.

PMDB e PDT sabiam que, para o PT, é muito melhor ganhar a eleição no primeiro turno, porque em um estado onde o antipetismo é forte, a tendência é que se repita o que já aconteceu em outros pleitos: se a eleição vai para o segundo turno, o adversário dos petistas consegue aglutinar uma frente de siglas de peso, aumentando as chances de derrota petista. Mas não esperavam por um engajamento tão intenso de Lula e Dilma na campanha de Genro.

Nacionalmente, o PDT apoia Dilma, enquanto o PMDB tem o vice de Dilma. Dividido entre a neutralidade de Fogaça; o apoio de prefeitos a Dilma; o de deputados ao tucano José Serra e; desde a última semana, o de Simon a candidata do PV; Marina Silva, o PMDB gaúcho acreditou que poderia esperar pelo segundo turno para tratar com mais objetividade do pleito presidencial.

O PT não esperou. O engajamento de Lula e Dilma incluiu declarações fortes nos dois comícios realizados em Porto Alegre e gravações de depoimentos com reiterados pedidos de votos na propaganda na TV. No primeiro comício, no final de julho, o presidente e a candidata destacaram que seu candidato no Estado era Genro. No último, em 24 de setembro, Lula e Dilma não pouparam elogios ao ex-ministro e pediram aos gaúchos para que encerrem a eleição no primeiro turno.

"Não seria possível criar o Programa Universidade para Todos (ProUni), se não fosse o companheiro Tarso. Se o Tarso fizer aqui no Rio Grande pela educação e pela segurança metade do que fez no País, ele vai marcar a história", resumiu o presidente, para a massa que lotava o Largo Glênio Peres, no Centro.

Além disso, desde o começo da campanha, e mais ainda após algumas das pesquisas indicarem que o senador Paulo Paim (PT), candidato à reeleição, poderia perder a vaga - em uma disputa que inclui ainda o peemedebista Germano Rigotto e a progressista Ana Amélia Lemos -. Com isso, o PT passou a divulgar em bloco a chapa majoritária na eleição estadual.

Lula e Dilma, em suas aparições ao vivo ou na TV, pedem votos não só para Genro e Paim, mas também para a outra candidata ao Senado da chapa, Abgail Pereira (PCdoB). Resultado: a última pesquisa Ibope, divulgada nessa segunda-feira, mostra Abgail com 16% (10 pontos a mais do que no levantamento do Ibope do início do mês).

A chapa majoritária PMDB/PDT - que tem Rigotto como candidato único ao Senado e com certa "independência" quanto à campanha de Fogaça - teve outro movimento. Rigotto tinha 38% na pesquisa do início de setembro e, na divulgada no dia 27, aparece com 33%.

Peemedebistas não contavam também que, animada pelo crescimento nas pesquisas, Yeda passasse a atacar Fogaça, uma vez que o PMDB integrou o governo tucano e sua base de apoio na Assembleia, com a mesma disposição com que dispara contra Genro.

Agora, peemedebistas e pedetistas correm atrás do prejuízo. Sabem que precisam aumentar o número de votos na região metropolitana de Porto Alegre e na região vizinha, o Vale dos Sinos. Lá, estão seis dos 10 maiores colégios eleitorais do Estado e onde o PT é muito forte.

O PMDB colocou 20 de seus funcionários mais antigos e contratou outros 16 para, em tempo integral, contatar prefeitos, vices, vereadores e presidentes do partido nos municípios, dizendo que eles devem sair às ruas, usar a internet, fazer visitas, conversar com familiares e pedir que seus eleitores e conhecidos votem em Fogaça e Rigotto. O PT está fazendo movimentos bem semelhantes.
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