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Aplicativos do iPhone para gays e lésbicas viram radar para namoro

R7

O designer gráfico Fábio, de 38 anos, foi um dos primeiros gays brasileiros a acessar o Grindr, um aplicativo para o iPhone que é uma mistura de rede social com serviço de localização (GPS). Na época, antes do Natal do ano passado, ele só encontrava seis usuários do Rio de Janeiro e outros seis em São Paulo. Hoje, o Grindr já passou da marca dos 6.000 usuários no Brasil.

O Grindr é um aplicativo de bate-papo para iPhone, iPhone Touch e iPad, que revela, por meio de GPS (Sistema de Posicionamento Global) a distância, em metros ou quilômetros, de cada usuário, permitindo encontros baseados na proximidade de cada um.

De lá para cá, apesar de já ter conhecido umas duas ou três pessoas, Fábio não namorou ninguém. Ele diz que o Grindr é uma espécie de "Twitter gay com GPS", e que, assim como acontece na internet, espelha um paradoxo.

- Quem fala que quer sexo tem mais chances de estar atrás de namoro e quem diz que está atrás de namoro, provavelmente quer sexo.

Quando soube que existia um aplicativo do iPhone para gays, a designer Patricia [nome fictício] correu para o aparelho, em busca de um para meninas, e achou o Qrushr Girls. Apesar de ainda não ter achado nenhuma usuária nas proximidades, ela adorou o aplicativo porque é uma oportunidade de conhecer gente nova, sem ter que frequentar lugares lésbicos – ela diz que já cansou disso por sempre encontrar os mesmos tipos de pessoas.

- Achei interessante porque o Qrushr te aproxima de alguém que está perto. Ele faz o inverso das redes sociais, como o Twitter e o Facebook, nas quais você fica atrás de uma máquina: faz com que você saia de casa e interaja com as pessoas.

Comportamentos são variáveis

Fábio conta que o aplicativo é como uma boate digital: espelha o comportamento dos gays em boates. Há os que entram para se sentir bonitos, os que só dão cantadas, gente fazendo carão – segundo ele, “quanto mais bonitos, mais antipáticos”. A maioria dos amigos dele usa o aplicativo como se fosse uma rede social, para passar o tempo e os dias de tédio.

O publicitário Edson [nome fictício], de 32 anos, é outro que entra para matar o tédio, principalmente nos finais de semana. Usuário do Grindr há quatro meses, ele, que usa o aplicativo para encontrar parceiros sexuais, diz que até agora já conheceu duas pessoas, que estavam no máximo a 3 km dele. O publicitário conta que o Grindr é uma forma mais prática de conhecer gente nova.

- É um site mais adulto porque o público é mais selecionado. Sinto-me mais seguro porque sei de onde a pessoa está teclando. Não tem como mentir por causa do GPS. Outra vantagem é que a gente pode deixar recado quando a pessoa está offline.

Casais também utilizam o Grindr

O casal Maurício [nome fictício], 33 anos, e Amaro [nome fictício], 30 anos, descobriu o Grindr há alguns meses. Os dois queriam fazer um aplicativo para o iPhone até descobrir que já existiam alguns. Eles instalaram e testaram vários, mas acabaram elegendo o Grindr como o melhor. Atrás de mais um para sexo a três, eles dizem enfrentar preconceito, mesmo entre os gays.

- A maioria das pessoas tem vergonha de falar que usa. Geralmente, a gente não aborda ninguém porque ainda tem muito moralismo contra casais à procura de alguém para sexo.

Em quase três meses de uso (com uma foto dos dois no perfil), os parceiros, há cinco anos juntos, dizem ter conhecido muita gente desinteressante e apenas um casal, com quem foram “às vias de fato”.

Maurício, que diz que a maioria dos que conheceram está à procura de um companheiro. Segundo eles, o aplicativo se transformou numa espécie de “gaydar”, e o melhor tem sido descobrir várias pessoas que eles não sabiam que eram gays.

- Na academia, dia desses vi um cara me encarando de um jeito diferente. Quando vi que estava com iPhone na mão, caiu a ficha. No trabalho, um cara me reconheceu e eu, a ele. Mas ele passou a me evitar.
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