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Coligação do PT elege candidatos, mas sofre abalos no Acre

Terra

A coligação Frente Popular do Acre (FPA), liderada pelo PT, alcançou a vitória de Tião Viana para governador Acre, do irmão dele, o ex-governador Jorge Viana para uma cadeira no Senado, além de eleger 16 dos 24 deputados estaduais e cinco dos oito deputados federais.

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Apesar disso, é possível concluir que a coligação de 15 partidos sofreu o maior abalo após 12 anos no comando do governo estadual, e será forçada a rever seus conceitos sobre política, gestão pública e marketing após a resposta dos 470 mil eleitores do Acre.

Com 98,63% das 1.457 urnas apuradas, o médico e senador Tião Viana (PT) aparece com 50,44% dos votos válidos. O professor de matemática Tião Bocalom (PSDB) tem 49,25% e o funcionário público Antonio Gouveia (PRTB), o Tijolinho, 0,31%. O petista chegou a liderar pesquisa do Ibope com 58%, enquanto o tucano aparecia com apenas 25%.

O revés eleitoral que atinge a coligação comandada pelo PT abrange também a disputa para o Senado. O ex-prefeito de Rio Branco e ex-governador do Acre, Jorge Viana (PT), irmão de Tião, de acordo com pesquisa do Ibope, liderava a disputa com 63%. Viana está com 50,44% e não realizará seu sonho de se tornar o senador proporcionalmente mais votado do país.

Além disso, a cadeira da senadora Marina Silva (PV-AC) será ocupada pelo deputado Sérgio Petecão (PMN), que está com 30,66% dos votos. Petecão integrava a coligação FPA e chegou a presidir a Assembléia Legislativa por quatro mandatos consecutivos. A votação dele (199 mil) já é maior do que a do candidato petista a governador (169 mil).

Outro fato perturbador para a coligação FPA é que os candidatos da oposição lideram a lista dos mais votados no Estado. O candidato Márcio Bittar (PSDB) está obtendo uma votação histórica (52 mil) para os padrões locais, seguido de Flaviano Melo (PMDB), que tem 36 mil.

O fato mais desconcertante é a vitória do presidenciável José Serra (PSDB), que repete o feito de Geraldo Alckmin, e obtém no Acre mais de 50% dos votos. A acreana Marina Silva (PV) ficou empatada em 23% com Dilma Rousseff (PT).

Sem comemoração
Os petistas estavam tão convencidos de uma vitória retumbante que imaginaram que haveria muita gente disposta a comemorar. Mobilizaram fogos de artifício e carros de som em frente ao Palácio Rio Branco, sede do governo estadual, e no Parque da Maternidade, a principal obra do governo estadual na capital.

O que se seguiu acompanhou a mudança de temperatura no Estado. Na véspera da eleição, o Acre estava sob temperatura de 41ºC, com 45ºC de sensação térmica. Em menos de 24 horas, uma frente fria fez baixar a temperatura para até 16ºC.

Na noite de quarta-feira (29), o último comício da FPA, no centro de Rio Branco (AC), com a presença do candidato a governador Tião Viana (PT) e dos candidatos ao Senado Jorge Viana (PT) e Edvaldo Magalhães (PCdoB), além do governador Binho Marques (PT) e do prefeito Raimundo Angelim (PT), foi prestigiado apenas por cerca de mil pessoas.

A apuração dos votos abalou o ânimo dos petistas. Na noite deste domingo (3), em frente ao Palácio Rio Branco, a "festa da vitória" se limitava a menos de 200 pessoas. Tião Viana não esperou o resultado oficial e subiu na carroceria de um caminhão improvisado como palco.

"A matemática existe para mostrar que a pessoa tem que ter um mínimo de inteligência. Se todos os votos que têm que ser apurados forem para o outro candidato não somam mais do que os meus. Sou o vencedor", declarou o candidato.

Viana negou que o resultado das urnas seja um sinal de que a população esteja insatisfeita com 12 anos de PT no governo do Acre. Ele disse que a população aprova o projeto político da FPA quando o elege para mais quatro anos de governo.

"O fato é que enfrentamos a irresponsabilidade, as mentiras, os ataques. E respondemos com serenidade e firmeza. Acho que vamos ter que continuar exercendo a humildade política como exercemos sempre ao afirmar os melhores valores para garantir a qualidade de vida do povo acreano", disse.

O candidato do PT se acha vítima da "mentira e da irresponsabilidade de propostas completamente inconsequentes". "Toda eleição é assim. Você tem que lutar para ganhar com as armas que tem. Nossas armas foram da simplicidade, da coerência, da lealdade. Os adversários usaram a mentira, a irresponsabilidade, e prometeram terreno na lua. Acho que eles perderam porque nós ganhamos 16 dos 24 deputados estaduais, ganhamos cinco dos oito federais e ganhamos um senador e um governador. A luta política é assim", comentou.

Na avaliação de Viana, o resultado vai ajudá-lo a fazer um governo melhor. "Até mais do que se eu ganhasse com muito mais folga de votos", assinalou. Durante a campanha eleitoral, o petista pregou exaustivamente a união do Acre.

Ele não titubeou, ao ser indagado pelo Terra, se a união poderia incluir a partir de agora uma aproximação com o adversário tucano Bocalom. "Não, com irresponsáveis e pessoas que atacaram a nossa honra e levaram a mentira e a irresponsabilidade como método de campanha, eu não quero apoio".
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