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Notícias / Educação

UFMG vence Programa Mineiro de Empreendedorismo

Da assessoria

Aplicar nanotecnologia magnética à indústria de combustíveis, reaproveitar a glicerina residual do biodiesel e utilizar um biorreator de microalgas para fixar gás carbônico. Foram esses os planos de inovação vencedores do Programa Mineiro de Empreendedorismo na Pós-graduação, iniciativa do Sistema Mineiro de Inovação (Simi), cujo objetivo é desenvolver habilidades de empreendedorismo e inovação em alunos de mestrado e doutorado de 13 universidades públicas de Minas Gerais. A cerimônia de entrega dos prêmios ocorreu na Inovatec, no Expominas.

Ao total, foram 54 projetos inscritos no programa. Um júri crítico elegeu o melhor plano de inovação por universidade, englobando as áreas tecnológica, gerencial e biológica. Dois planos foram escolhidos por júri popular. Os 15 trabalhos ficaram expostos no estande do Simi na 6ª Inovatec e os três mais inovadores foram votados por um júri especializado e pelo público do evento.

O plano de inovação “Nanotecnologia magnética aplicada à indústria de combustíveis”, da equipe Nanotug da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ficou com a primeira colocação do júri técnico.

Felipe Tadeu Fiorini Gomide, integrante da equipe vencedora, explica que o plano de inovação propõe criar nanopartículas capazes de interagir água com óleo com maior facilidade e rapidez. Esse produto poderia ser empregado, por exemplo, no processo de desemulsificação da produção de petróleo. “Agora, o objetivo é aprimorar a pesquisa e tentar montar nossa própria empresa”, afirma. O grupo também é composto por Aluir Dias Purceno, da Química, Juliana Lott Carvalho e Felipe, da Bioquímica e Imunologia. A equipe Nanotug ganhou uma viagem ao SkySong, centro de inovação referência no setor, localizado na Universidade do Arizona (EUA).

O segundo colocado foi o grupo da Universidade Federal de Lavras (UFLA), que propõe transformar a glicerina residual do biodiesel em produtos com valor agregado. O trabalho, muito elogiado por seu caráter transdisciplinar, consiste na criação de uma tecnologia capaz de produzir ácido acrílico utilizando resíduos de glicerina do biodiesel. “Estamos muito satisfeitos com nosso desempenho”, afirma Francisco Nogueira, um integrantes da equipe. “Recebemos propostas de diversas empresas interessadas em nossa ideia. Queremos analisá-las e, se possível, fechar parcerias.” Alan Rodrigues, André Costa, Luana Elis de Ramos, Nádia Carvalho e Raphael Nogueira também compõem o grupo

O representante da SkySong presente no evento, John Mitchell, elogiou não só o projeto vencedor, mas todos que competiram. “Fiquei impressionado com a profundidade técnica das propostas apresentadas. É muito superior às apresentadas em eventos semelhantes na minha universidade”, garantiu.

Segundo o secretário adjunto de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais, Evaldo Ferreira Vilela, o objetivo do programa é contribuir para transformar a pesquisa científica em inovação tecnológica, já que grande parte do conhecimento fica contido nas universidades. “O programa é um suporte para que os estudantes de pós-graduação transformem seus trabalhos em mais uma opção profissional, de consultoria a novos negócios”, explica. O Programa Mineiro de Empreendedorismo na Pós-graduação foi financiado com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e patrocinado pela Fiat.

Plano vencedor

O plano da Nanotug, da UFMG, parte de uma tecnologia que associa o uso de vermiculita, um mineral abundante no Brasil que tem muita afinidade com a água, com a síntese de nanotubos de carbono, que possuem afinidade com o óleo, para criar nanopartículas anfifílicas — moléculas que possuem em sua estrutura duas partes de polaridades diferentes associadas, uma solúvel em água e outra que recusa a água. Assim, forma-se uma substância capaz de interagir com água e óleo, chamada desemulsificante, muito usada na indústria de petróleo para a purificação e processamento de óleos vegetais e tratamento de efluentes industriais.

Atualmente, o gasto da Petrobras com o processo é de U$ 1 bilhão por ano e a demanda tende a aumentar com a exploração do pré-sal. “Gasta-se muito com desemulsificantes, já que os produtos existentes no mercado têm um custo alto e não são biodegradáveis”, aponta Aluir Dias. Ele explica que as nanopartículas podem ser utilizadas até cinco vezes sem perder eficácia. “Além disso, os desemulsificantes comumente usados contaminam o petróleo, por isso, é preciso recorrer a outros reagentes para separar os resíduos. Já a nossa tecnologia propõe separar a mistura sem contaminá-la. Com isso, diminui-se o custo”, aponta. A redução de gastos com o uso do novo produto pode chegar a 80%.

Eleitos pelo público

Na votação popular, o plano de inovação vencedor, com 93 votos, foi “Utilização de biorreator de microalgas na fixação de CO2 com aproveitamento de biomassa”, da Universidade Federal de Viçosa (UFV). “É muito legal saber que as pessoas visitam o estande e gostam do projeto”, afirma Elisa Bicalho. A proposta do grupo é captar o excesso de emissões de CO2 da indústria e convertê-lo em biomassa, reaproveitando-o em outros setores.

O segundo colocado no júri popular foi o plano de inovação da UFLA “Transformação de glicerina residual do biodiesel em produtos com valor agregado”, que obteve 33 votos. Em terceiro lugar, empataram três projetos, com 30 votos cada: “Bolsa para higienização de jalecos de profissionais de saúde”, da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM); “Caneta odontológica silenciosa”, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF); e “Processo inovador para redução da lactose no leite”, da UFV.
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