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Weslian muda marqueteiro e vive sua primeira semana de Roriz no DF

R7

Weslian do Perpétuo Socorro Peles tinha 13 anos quando seu pai, um comerciante libanês, convocou a família para anunciar que estava vendendo parte de suas fazendas para o governo. As terras ficavam estrategicamente localizadas no Planalto Central, onde viria a ser construída Brasília.

Passados 55 anos, Weslian, hoje, é Roriz. Eterna primeira-dama do Distrito Federal, ela resolveu tomar as rédeas – ou foi tomada – e assumiu a chapa que, anteriormente, era de seu marido, Joaquim. Parte por seu carisma exótico e parte pela popularidade de Joaquim, chegou ao segundo turno da disputa contra o petista Agnelo Queiroz.

Na primeira semana de campanha propriamente dita – ela assumiu a cabeça da chapa a nove dias das eleições –, Weslian partiu para o corpo a corpo com eleitores e contatos até então inexistentes com políticos importantes. Na quarta-feira (6), foi fotografada com o candidato tucano à Presidência, José Serra, e com o governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin.

Tomando gosto pela coisa, foi para as ruas, subiu em carro aberto e percorreu cidades-satélites de Brasília onde não teve um desempenho nas urnas condizente com o sobrenome – ela perdeu em 18 das 21 zonas eleitorais. Ainda inexperiente no trato político, adotou como lema um bordão que remete a anúncio de tempero culinário.
Sobre a realização de jogos da Copa do Mundo em Brasília, Weslian já disse que vai “receber a Copa com muito amor, muito carinho”. Na hora de falar sobre um eventual governo, ela emenda que vai “governar, mas governar com amor, com grande carinho, porque sei governar como uma mulher de família que sou”. Para fechar o discurso, Weslian afirma que confia “na alegria, no amor, no carinho e no valor do povo” e que vai “fazer tudo aquilo que o povo pedir”.

O problema de Weslian ainda está na falta de traquejo político. Seu desempenho nos dois debates de que participou dividiu a coordenação de campanha. Parte dela afirma que a manifestação espontânea criada por suas gafes deu notoriedade àquela que era conhecida apenas por ser mulher de Joaquim Roriz. Outra parte, no entanto, enxerga como preocupante o fato de ela se mostrar despreparada para enfrentar temas considerados essenciais na disputa política, como corrupção, transporte público e saúde.

Apenas para relembrar, Weslian enrolou-se nas respostas e cometeu atos falhos que a fizeram figurar em primeiro lugar nos trending topics do Twitter e no Youtube. Numa das perguntas, sobre desvios de recursos, acabou trocando as bolas e afirmou querer “defender toda aquela corrupção”.

O coordenador de comunicação da campanha, Paulo Fona, disse ao R7 que estuda a contratação de um especialista em media training para preparar Weslian para os próximos debates. A ideia é que ela entenda o ritmo das perguntas e utilize todo o tempo dedicado para as respostas – e sem atos falhos desta vez. Três debates estão previstos para os próximos dias 14, 15 e 18, sendo que este último será transmitido pela Record.

Uma decisão, ao menos, já foi tomada. Na sexta-feira (8), a campanha contratou o marqueteiro de Toninho do PSOL, fenômeno na disputa local que acabou forçando o segundo turno entre Weslian e Agnelo. Dimas Thomas é velho conhecido dos petistas. Ele trabalhou na campanha do próprio Agnelo em 2006, na corrida ao Senado, e reclama uma dívida de mais de R$ 3 milhões.

O cientista político Marcus Caldas, do Instituto Exata Opinião Pública, avalia que Weslian deve melhorar com a ajuda de profissionais, mas não sabe ainda até que ponto isso vai influenciar o eleitorado.

- É difícil determinar o quanto ela vai se mostrar capaz ou apenas produto de marketing. Mas a situação é complicada. É como uma corrida de Fórmula 1. Nas últimas voltas, ela teve de fazer uma parada no box e agora tem de recuperar o que perdeu.

Uma coisa já pode ser vista na nova campanha de Weslian. Com a exceção do programa de TV, Joaquim Roriz tem aparecido bem menos. Seu papel na última semana foi o de articular apoio à mulher nos bastidores. Na quinta-feira (7), conseguiu fechar com o nanico PTN, do ex-candidato ao governo Newton Lins, mas no dia anterior foi vetado pelos tucanos, temerosos de uma ligação explícita com Roriz, no encontro de cúpula do partido. A própria Weslian justifica a ausência do marido em seus compromissos públicos.

- É a minha cara que tem que aparecer e eu dou conta do recado. Eu estou segura. Com ele ou sem ele, eu estou segura.

Marcus Caldas acredita que o movimento é realmente calculado.

- Ela está fazendo isso porque já pegou os votos do Roriz, mas também estava pegando a rejeição, que é alta. Ela até pode crescer um pouco mais nesse segundo turno, mas tem um teto. E esse teto dá vantagem ao Agnelo.
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