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Feliz, Dagoberto ironiza os críticos: 'Já voltaram a dar tapinhas nas costas'

Globo Esporte

O mundo do futebol dá muitas voltas. Criticado pela torcida e crucificado por parte da diretoria do São Paulo após a eliminação da equipe na Taça Libertadores da América, Dagoberto não via futuro no clube do Morumbi. Sérgio Baresi assumiu interinamente a vaga que era de Ricardo Gomes e o camisa 25 passou a ser a quarta opção do ataque, atrás de Ricardo Oliveira, Fernandão e Fernandinho. Na última semana da janela de transferências, em agosto, o clube recebeu uma proposta do Metalist (UCR), aceitou vender o atleta, que não quis ir, causando ainda mais descontentamento dentro do clube.

Porém, o time seguiu mal no Campeonato Brasileiro, Sérgio Baresi voltou para Cotia e a diretoria contratou Paulo César Carpegiani, que conhecia Dagoberto desde a época em que o atacante era um promissor atacante no Atlético-PR. E, desde então, como num passe de mágica, tudo mudou. Dagoberto virou titular, voltou a marcar gols e se tornou uma referência. Com os dois tentos marcados contra o Santos, no último domingo, ele se tornou o artilheiro da equipe na temporada, com 15 gols.

De bem com a vida, o jogador conversou com a reportagem do GLOBOESPORTE.COM nesta segunda-feira e falou sobre diversos assuntos. Com personalidade, disse que as mesmas pessoas que o criticavam já voltaram a elogiá-lo e que, com Carpegiani, a torcida pode acreditar que o time brigará até o fim pela vaga na Taça Libertadores da América de 2011.

O futebol realmente é engraçado. Em um mês, você passou de problema a solução. Como foi encarar isso? Você já havia vivido situação semelhante?

Dagoberto - Nunca. Foi a primeira vez. O momento hoje é bom demais, até por tudo que aconteceu comigo. O importante é você sempre tirar uma lição e aprender. O futebol é assim mesmo. Quando você não ganha, alguém precisa ser crucificado. E fizeram isso injustamente comigo. Mas eu fiquei calado e segui trabalhando porque sabia que uma hora as coisas iriam mudar. Esse episódio foi importante para ver quem dá tapinha nas tuas costas e é teu companheiro e quem faz o mesmo e não é.

E essas pessoas que te criticaram já voltaram a te dar tapinha nas costas?

Não tenha a menor dúvida. Elas mesmo voltaram. Mas não tenho rancor. Já sou atleta profissional há dez anos e sei que o mundo do futebol é muito cínico. Todo mundo sabe que o que vale, o que gira no futebol é o dinheiro. Só posso dizer que estou feliz. Tenho mais um ano e meio de contrato com o São Paulo e é bola para frente, quero pensar apenas nas coisas boas.

A fase é tão boa que você marcou contra o Santos dois gols de cabeça. Não me recordo que isso já tenha acontecido.

Foi inédito. Mostra o quanto as coisas estão dando certo. Eu trabalhei para que isso acontecesse. O Ricardo Oliveira me deu dois belos passes e pude marcar. Mas, o mais importante de tudo é que o time está unido e crescendo.

Dagoberto também participou do Globo Esporte. Veja ao lado

Por que você cresceu tanto com o Carpegiani? O que ele fez de tão diferente?

Ele não fez nada de diferente. Só que é inteligente. Quando chegou, conversou com todo o grupo numa sala. Quando o papo acabou, me chamou para uma conversa particular e perguntou se eu estava motivado. Respondi que sim, mas que precisava voltar a jogar porque não entendia o que estava acontecendo. Ele passou confiança, que é o mínimo que um técnico deve saber fazer. Quando o treinador tem o grupo nas mãos, isso é fácil de fazer. Hoje estamos todos juntos no São Paulo. O Carpegiani conversa com todos. Se ele te coloca no banco, explica a razão e você que corra atrás do espaço. Antes isso não acontecia.

Você acha que perdeu espaço com o Sérgio Baresi por ideias do treinador ou por ordem superiores?

Cara, aí já foge das minhas dimensões. Mas não vou ser hipócrita. Todos sabem que existe uma hierarquia. Eu fiquei quieto porque tudo iria mudar uma hora.

Quem te ajudou nessa hora?

Meus empresários (Marcos e Naor Malaquias), minha mulher (Thaysa) e minha filha (Thainá). Além de Deus, é claro. Apesar de toda turbulência que eu passei, nunca perdi a calma. Se fosse antigamente, pode ter certeza de que teria feito algo pior, isso não teria ficado barato. Hoje sou uma nova pessoa e tenho certeza que o meu momento atual está servindo para que muitas pessoas possam mudar a imagem negativa que têm de mim.

Por que você não quis ir para a Ucrânia? Afinal, com os 25% que possui do passe, poderia fazer sua independência financeira.

Não fui pela maneira que as coisas foram conduzidas. Antes de acertar com o São Paulo, só eu sei o que eu passei para sair do Atlético-PR e vir para cá. Por isso, não achei justo sair pela porta dos fundos, como queriam que eu fizesse. Conversei com minha família e resolvi ficar. Eu amo jogar futebol e gosto demais do São Paulo. Hoje vejo que tomei a decisão correta. Se hoje sou o artilheiro do time na temporada, com 15 gols, é porque faço algo de bom.

Hoje, estamos vencendo e convencendo. Antes, nossas vitórias eram ilusórias"DagobertoNa época em que o time foi dirigido pelo Baresi, o Tricolor conseguiu a trinca de vitórias por duas vezes. E, na hora de embalar de vez, a equipe perdeu. O que faz vocês acreditarem que, desta vez, será diferente? O time realmente pode brigar por uma vaga na Libertadores?

Sem dúvida. É só olhar a maneira como o time está se comportando. Tenho certeza de que o torcedor do São Paulo teve um domingo maravilhoso porque viu um time jogando muito e com vontade e alegria. Antes, não estávamos convencendo. Foram vitórias ilusórias. A próxima rodada poderá ser muito boa para nós porque ocorrerão alguns cruzamentos diretos. Mas não podemos mudar o nosso foco. Temos de pensar jogo a jogo e, lá na frente, veremos o que vai acontecer.
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