Imprimir

Notícias / Agronegócios

Embrapa garante competitividade ao agronegócio brasileiro

Mapa

Ao completar 35 anos a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) lançou um desafio para os próximos 15 anos. Garantir a competitividade e a sustentabilidade da agricultura brasileira, em busca de um novo patamar tecnológico em agroenergia e biocombustíveis, desenvolvimento de produtos diferenciados e uso sustentável dos biomas e integração produtiva das regiões brasileiras.

O diretor-presidente da Embrapa, Silvio Crestana, em entrevista, avaliou as conquistas da Embrapa em 2008. Ressaltou o Programa de Fortalecimento e Crescimento da Embrapa (PAC Embrapa) como uma demonstração de reconhecimento ao trabalho da empresa, aos avanços na atuação internacional da empresa e à colaboração da pesquisa na agropecuária.

1 - Quais as principais atividades da Embrapa em 2008?
Crestana - Foi o ano em que a empresa completou 35 anos e lançamos o desafio: pensar como será o Brasil e o mundo em 2023, nos 50 anos da empresa. Com base nessa reflexão, elaboramos o 5º Plano Diretor da Embrapa. Com este horizonte, a longo prazo visando garantir a competitividade e a sustentabilidade da agricultura brasileira, com ênfase em novo patamar tecnológico para a agroenergia e biocombustíveis, uso sustentável dos biomas e integração produtiva das regiões brasileiras e, ainda, desenvolvimento de produtos diferenciados. Além disso, temas como mudanças climáticas, nutracêutica, (combinação dos termos nutrição e farmacêutica que estuda os componentes fitoquímicos nas frutas, legumes,vegetais e cereais como benéficos à saúde e possíveis curas de doenças) e nanotecnologia (construção de estruturas e novos materiais a partir dos átomos) foram consolidados na agenda de pesquisa. Foi também o ano do PAC da Embrapa, que representou uma sólida demonstração de reconhecimento ao trabalho da empresa e de confiança no seu potencial de contribuir continuamente para o futuro do país.

2 – Como está a atuação internacional da Embrapa?
Crestana - Avançamos em nossa atuação internacional. Já estávamos com pesquisadores nos Estados Unidos, na França e na Holanda, no modelo que chamamos de Labex (Laboratório Virtual da Embrapa no Exterior). Com o mesmo modelo, que se baseia na troca de informações, agenda de pesquisas em conjunto, organização de redes de cooperação bilateral e prospecção tecnológica, nos estabelecemos, em 2008, na Inglaterra e fechamos com a Coréia do Sul as bases para um novo Laboratório. Fortalecemos nossa estrutura na África, inaugurando a instalação física, ampliando a equipe e consolidando projetos iniciados em 2006. Também nos instalamos na Venezuela, ampliando nossa cooperação com a América Latina. Trata-se de uma agenda de negócios e um projeto de transferência de tecnologia, conhecimento e informação.

3 - Quanto aos projetos com o setor privado?
Crestana - Buscamos diversas modalidades de parcerias, com destaque para a participação em parques tecnológicos, incubação de empresas, estabelecimento de redes de pesquisa. Algumas modalidades inéditas como o Programa de Parceria de Inovações Tecnológicas (Parcintec concebido pela nossa Assessoria de Inovação Tecnológica (Ait). Trata-se de uma parceira de base tecnológica entre a Embrapa e empresas do setor privado com o envolvimento do governo municipal, em alguns casos. Arranjos como esse foram concluídos, por exemplo, com os municípios de Franca e Ituverava, no estado de São Paulo.

4 - Como o senhor avalia as ações do PAC Embrapa?
Crestana - As unidades da Embrapa estão comprometidas com as metas do PAC da Embrapa, o que tem acontecido com agilidade e eficiência. Em 2008 foram alocados R$ 88,7 milhões do Programa. Com esses recursos iniciamos a execução de 68 das 140 metas previstas até 2010. Foram contemplados 102 projetos de PD&I, novos ou em andamento, que receberam recursos de custeio ou investimento para máquinas, bens e equipamentos; 54 unidades, escritórios de Negócios e unidades de Produção receberam recursos para custeio de gestão; 33 unidades foram beneficiadas com investimentos para ações de adequação ambiental das instalações; 31 unidades tiveram orçamento para custeio e investimentos em ações de transferência de tecnologia; 21 unidades adequarão de seus laboratórios às normas de BPL e ISSO 17025 e 19 unidades terão recursos para ampliação e revitalização de edificações. Também foram contratadas 162 pessoas em 2008, além dos investimentos na capacitação de nossos profissionais. Assinamos convênios com 17 Organizações Estaduais de Pesquisa Agropecuária (Oepas), com a liberação de R$ 30,4 milhões em 2008, para serem executados no primeiro semestre deste ano. O monitoramento de imagens por satélite em alta resolução das obras do PAC do Governo Federal (projeto previsto no PAC da Embrapa) é operacionalizado na Embrapa Monitoramento por Satélite, em Campinas/SP. 

5 - Quais as principais contribuições da Embrapa para o agronegócio brasileiro?
Crestana - Historicamente, a Embrapa, juntamente com instituições de pesquisa que formam o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA), foi responsável pelo atual patamar tecnológico da agricultura nacional, como referência para o mundo tropical. A empresa procura responder às demandas e tendências sinalizadas pelo setor. Busca interação entre o seu processo de P&D, o setor produtivo e a sociedade, para a identificação de demandas tecnológicas atuais e projeções futuras. São várias as áreas de atuação, como por exemplo o conhecimento dos solos e da biodiversidade, o zoneamento de riscos da produção, o controle integrado de pragas e doenças, a estabilidade da avicultura e suinocultura e o maior desfrute e ganho genético dos rebanhos de corte e de leite, a autossuficiência na oferta de grãos, frutas e hortaliças e a oferta de sementes melhoradas, a busca de tecnologias que sejam econômica, ambiental e socialmente sustentáveis, incluindo as demandas da agricultura familiar, além de tecnologias voltadas à agroenergia, à oferta da água e aquelas destinadas a acompanhar a fronteira do conhecimento.

6 - Quais as perspectivas da Embrapa para 2009?
Crestana - Estamos otimistas e prontos para enfrentar os desafios da pesquisa agropecuária, que passam por programas de melhoramento genético e pelo domínio de novas áreas, como a nanotecnologia e a genômica (ciência que determina a seqüência completa do DNA de organismos ou apenas o mapeamento de uma escala genética menor). Passam pela capacidade de responder, como já sinalizado, a desafios impostos pelas mudanças globais, pela biossegurança, pela demanda por alimentos seguros e pela segurança alimentar. E ainda pelas demandas vindas da agricultura familiar e da cooperação internacional. Estamos renovando nosso quadro de pessoal, de forma a continuar respondendo às novas tendências e desafios.

Para 2009, pretendemos avançar no estudo para a implantação de um modelo institucional que permita mais agilidade, flexibilidade e capilaridade à empresa, inclusive no estabelecimento de parcerias nacionais e internacionais. Esses estudos constam no PAC da Embrapa, assim como a estruturação de quatro unidades descentralizadas, nos estados de Mato Grosso, Maranhão, Tocantins e no Distrito Federal.
Imprimir