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Riqueza e variedade artística da América reunida em N.York

EFE

Uma ambiciosa exposição oferece em Nova York uma viagem pelas diferentes comunidades nativas da América, um convite à reflexão sobre as relações e conexões existentes entre a riqueza artística de todas elas.

"Infinidade de Nações" mostra 700 obras de arte nativa encontrada em todo o continente e mantidas há anos pelo museu nacional dos índios americanos dos Estados Unidos.

Gratuita e de caráter permanente, a mostra abre ao público com uma série de diferentes povos indígenas, símbolos da soberania das nações nativas.

Entre eles destaca um cerimonial krok-krok-ti, feito de plumas de arara e garça pelos caiapós, um povoado indígena que habita o Xingu, ao sul da Amazônia brasileira.

Entre as valiosas peças expostas chama a atenção uma túnica ilustrada as conquistas dos guerreiros apsáalooke (também conhecidos como crow), uma tribo ameríndia dos EUA, cujo território histórico radica no popular vale do rio Yellowstone.

"Muito antes do contato com os europeus, a América nativa estava interconectada e era culturalmente ativa", explicou o diretor do museu, Kevin Gover.

Na opinião deste índio pawnee e comanche, "esta exposição demonstra como as artes visuais foram sempre uma importante ferramenta de comunicação para essa constante vitalidade".

Um detalhado baixo-relevo de pedra caliça maia reflete um jogador de futebol, uma "tuilli" (parca para mulheres) elaborada com contas para a mãe de um bebê recém-nascido entre os inuítes (esquimós do Canadá), e um "kultrung" mapuche, ou tambor pelas mãos, que representa o cosmos, são outras das curiosas peças da exposição.

Do conhecido canadense Willie Seaweed (1893-1967), filho de chefes da tribo dos kwakwaka'wakw e kwakiutl, é possível uma peça de arar a terra usada por ele e que ilustra um caçador de baleias com um corvo que sai das suas costas.

A partir do Peru o destaque é para uma "joni chomo", vasilha de água, da etnia amazônica Shipibo Konibo, a terceira maior do Peru e que costuma decorar suas obras de arte com desenhos "kené" de traços geométricos que são patrimônio nacional.

Antigas moedas espanholas em uma cesta dos chumash do litoral da Califórnia e um morteiro antigo de Pueblo Bonito, Cañón del Chaco (Novo México) integram esta coleção, à qual exigiu cinco anos de preparação.

A mostra, que pretende se transformar em um referência para os estudiosos da América nativa, será completada com oito temporadas de programas públicos, dedicados aos caminhos do continente, com o objetivo de revelar a riqueza e a diversidade das nações indígenas.

Os alvos, escolhidos para ilustrar o alcance geográfico e cronológico das coleções do museu, estão à mostra em vitrinas feitas sob medida pelo laboratório italiano especializado Goppion.

Outras peças da mostra são um mate burilado com um desenho detalhado da Batalha de Arica, que livraram Peru e Chile em 1880, realizado pelo quíchua Mariano Flores Kananga, e uma antiga vestimenta de homem anishinaabe (nativo do nordeste dos Estados Unidos) com cocar, polainas, camisa, faixa e adornos.

A mostra exibe além trabalhos de artistas como Allan Houser, um apache chiricahua e um dos pintores nativos mais reconhecidos dos Estados Unidos, com obras expostas inclusive na sede das Nações Unidas de Nova York, assim como de Rick Bartow, nascido em 1946 e vinculado à tribo wiyot do rio Mad, ao norte da Califórnia.

O museu fica no Centro George Gustav Hey, um senhorial imóvel desenhado pelo americano Cass Gilbert e levantado há mais de cem anos, que é um prédio protegido por sua relevância histórica.

Um dia serviu de sede para alfândega americana e atualmente é o museu auspiciado pela Instituição Smithsonian, como para o tribunal de falências do distrito sul da cidade.

Assim, além de conhecer "a diversidade da América nativa por meio de algumas das obras-primas de arte maiores e historicamente significativas da coleção", segundo o diretor do Centro Heye, o índio cherokee John Haworth, o visitante pode desfrutar da bela arquitetura do imóvel.
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