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Notícias / Ciência & Saúde

Epidemia de cólera chega à capital do Haiti

AFP

O cólera, que já causou 22 mortes no Haiti, chegou a Porto Príncipe, e as autoridades buscam conter sua propagação, facilitada pelas precárias condições em que o país se encontra após o terremoto de janeiro.

Um laboratório do ministério da Saúde do Haiti confirmou na noite de sábado a detecção de casos no departamento Ouest, que inclui Porto Príncipe, informou a Organização Pan-Americana de Saúde (OPS). Não foi informado o número de doentes nessa região.

A epidemia de cólera matou nos últimos dias 220 pessoas, especialmente no norte do Haiti, 10 meses após um terremoto arrasar o país mais pobre da América.

Milhares de desabrigados pelo terremoto vivem em acampamentos, principalmente nos arredores de Porto Príncipe, em péssimas condições sanitárias, o que facilita os contágios.

O cólera é uma doença altamente contagiosa causada por uma bactéria e provoca intensas diarreias. Sem uma hidratação imediata do paciente, pode se tornar mortal. Um doente de cólera pode perder até 10% de seu peso em quatro horas.

"Sabe-se, entretanto, como prevenir as mortes causadas pelo cólera", segundo Catherine Bragg, coordenadora adjunta de ajudas de emergência da ONU, especialmente utilizando antibióticos, purificando a água e distribuindo produtos de higiene.

O Haiti é o país mais pobre da América e foi arrasado no dia 12 de janeiro por um terremoto que deixou mais de 250 mil mortos e 1,5 milhão de desabrigados. A já precária infraestrutura do país ficou destruída.

Até agora, não foi registrado nenhum caso de cólera na vizinha República Dominicana, mas a crise sanitária levou o governo haitiano a "mobilizar um plano de emergência na zona da fronteira", segundo a OPS.

O cólera estava erradicado do Haiti há mais de um século, mas após violentas chuvas reapareceu na última semana em diversas regiões do norte da ilha como resultado da má qualidade da água potável.

O rio Artibonite, acusado de ser o gerador da epidemia, atravessa o centro do Haiti e é utilizado pela população para diversas atividades cotidianas.

Segundo um diretor-geral de saúde, Dieula Louissaint, 12 pessoas morreram no sábado no departamento de Artibonite (norte), aumentando assim para 206 as mortes nessa região. Além disso, 14 doentes morreram no centro do país.

Louissaint teme agora que os próprios hospitais se tornem fonte de contágio. "Não podemos seguir tratando o cólera com uma estrutura para outros tipos de doenças. Precisamos de centros adequados para cuidados específicos", disse.

Os hospitais e centros de saúde da cidade de Saint Marc (norte) ficaram lotados com a entrada de cerca de três mil doentes.

A organização Médicos Sem Fronteiras prometeu instalar um hospital de campanha em Saint Marc. Oxfa, outro grupo de ajuda humanitária, disse que enviará especialistas para iniciar planos de higiene e sanitários para 100 mil pessoas.

Mais de cinquenta presos de uma cadeia do centro do país contraíram a doença e três deles morreram, informaram as autoridades.

A situação foi descrita como um "cenário de catástrofe" por Mirlande Manigat, candidata favorita a vencer as eleições de 28 de novembro, nas quais surgirá o sucessor do presidente René Preval.

"A população não deve entrar em pânico, mas tem que respeitar mais do que nunca as medidas de higiene", disse.
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