Imprimir

Notícias / Política BR

'É preciso criar a ideia de que o Rio não é um estado de bandido', diz Lula

G1

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou nesta segunda-feira (25) que a segurança pública no Rio de Janeiro é uma das prioridades da parceria entre o estado e o governo federal. Segundo ele, é preciso trabalhar para que o Rio não seja retratado nos jornais como um local de "bandidos e traficantes".

Lula esteve nesta manhã inaugurando dois conjuntos habitacionais no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio. Ao todo, 582 moradias que fazem parte do programa "Minha Casa, Minha Vida" foram entregues.

"A gente tem que trabalhar muito para o Rio de Janeiro não aparecer na imprensa nacional apenas nas páginas policiais. É preciso criar a ideia de que o Rio não é um estado de bandido, não é um estado de traficantes. É verdade que tem traficante aqui e tem bandido aqui, mas é verdade que tem em São Paulo, em Santa Catarina, no Rio Grande do Sul, em Pernambuco, na Bahia, na Alemanha, na China, tem em qualquer lugar", afirmou..

Lula elogiou o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), pela forma como enfrenta a violência nos morros, sem fazer, segundo ele, acordo com traficantes. "Cabral, quero te dar os parabéns pela coragem que poucos governadores tiveram na história do Rio de Janeiro de enfrentar os delinquentes desse estado com a capacidade que você tem enfrentado", disse.

Para o presidente, é preciso deixar claro que o governo do estado só faz acordo com trabalhadores. "Não pare [Cabral], porque, certamente, eles vão começar a te ameaçar, porque não é bom ter gente como você, é melhor ter um facínora como eles governando para fazer acordo e você tem que dizer em alto e bom som: 'O meu acordo é com o povo do Rio de Janeiro, não é com bandido'", disse.


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva em visita a casas populares do programa "Minha Casa, Minha Vida" construídas no Complexo do Alemão (Foto: Thamine Leta/Do G1)O presidente também criticou os governadores e prefeitos anteriores do Rio, que, segundo ele, se recusavam a trabalhar em conjunto com o governo federal por serem de partidos de oposição. "Fui presidente quando o Cabral não era governador e sei o quanto era difícil construir alguma coisa aqui, porque tinha sempre a necessidade de contrariar o presidente da República." Sem citar o nome do ex-prefeito Cesar Maia (DEM), Lula disse que o prefeito que havia no Rio antes de Eduardo Paes (PMDB) parecia um "pavão".

"Antes tinha um prefeito que parecia muito mais um pavão do que um prefeito, que transmitia ódio, que nunca tinha a coragem de me receber aqui no Rio mesmo quando era para receber dinheiro. Ficava falando mal de mim naquele blog", criticou.

Casas populares
Os complexos Jardim das Acácias e Jardim Palmeiras foram construídos em uma área onde funcionava uma fábrica de refrigerantes. De acordo com o Ministério das Cidades, foram investidos mais de R$ 13 milhões em cada condomínio. Segundo o presidente, serão assinados contratos do programa "Minha Casa, Minha Vida" para a construção de 1.700 moradias no Rio.

Além de Lula, o governador reeleito do Rio, Sérgio Cabral, o prefeito Eduardo Paes e senadores eleitos, como Marcelo Crivela (PRB) e Lindberg Farias (PT) estavam no evento.

"O povo está vivendo melhor. Esse mês o Rio registrou o menor índice de desemprego. Estamos trabalhando e vamos levar a paz para o Complexo do Alemão. Garanto que 99% das pessoas aqui são de bem", afirmou o governador.

Manguinhos
Mais tarde nesta segunda, Lula participou de cerimônia de entrega de 328 unidades do programa “Minha Casa, Minha Vida” em Manguinhos. No evento, ele voltou a fazer referência à parceria com o governador Sérgio Cabral e disse que nos últimos quatro anos foi possível concluir projetos sem “melindres” e “frescuras”.

“Um governante não tem que ficar brigando. Briga é na hora das eleições. Depois, precisamos tomar vergonha e realizar as coisas, porque foi para isso que o povo nos elegeu”, disse.

O presidente destacou que neste ano o governo federal vai contratar um milhão de casas do programa “Minha Casa, Minha Vida” e que, a partir do ano que vem, serão contratadas mais dois milhões de unidades. Ao dizer que o governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes terão ainda mais trabalho para concluir quando o novo presidente da República assumir o governo, a partir de janeiro de 2011, Lula voltou a criticar, sem citar o nome, o ex-prefeito Cesar Maia (DEM).

“Vocês vão ter muito trabalho. Não vai ser como o prefeito que você [Eduardo Paes] substituiu, que de oito a dez anos no governo só fazia falar mal da gente, porque ele fazia como pavão, queria aparecer, mas trabalhar mesmo nada”, afirmou.

O governador do Rio também discursou. Ao elogiar a presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Coelho, Cabral disse: "Eu nunca vi nenhum homem escolher suas companheiras de trabalho tão bem quanto o presidente Lula. Só tem mulher craque", afirmou, sem citar o nome da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff.
Imprimir