A ex-candidata Marina Silva censurou hoje o comportamento de "vale-tudo" com o qual, em sua opinião, Dilma Rousseff e José Serra agem para conseguir votos no segundo turno das eleições, no próximo domingo.

"Acho que estão perdendo uma grande oportunidade de aprofundar o debate de questões que interessam ao Brasil. Estão resvalando para o velho embate, o vale-tudo eleitoral.", disse Marina à imprensa, após comparecer a um seminário do qual participou o ex-primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair.

A ex-candidata do PV, que foi a terceira mais votada no primeiro turno das eleições, considerou que os aspirantes a suceder o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estão deixando de discutir propostas e se centrando apenas no "negativo".

"Acho que o perfil gerencial dos dois não consegue tirá-los da caixinha de ficar discutindo números e tabelas", opinou.

Tanto Marina como seu partido político decidiram ficar neutros no segundo turno e não apoiar nenhum dos candidatos. No entanto, o PV deu liberdade para seus militantes apoiarem qualquer um dos dois.

As críticas de Marina são um reflexo do tom acalorado de discursos e ataques feitos por Dilma e Serra nesta etapa da campanha, na qual usaram insistentemente temas polêmicos e supostos casos de corrupção para tentar prejudicar a imagem dos adversários.

A campanha do PSDB explorou ao máximo a aparente postura ambígua de Dilma perante o aborto e sua aproximação aos movimentos que lutam pela reforma agrária.

Lula acusou a oposição de promover "a campanha de nível mais baixo da história" e denunciou que a Polícia Federal investiga a suposta existência de uma "campanha difamatória" contra Dilma feita por telefone.

O PT acusou os rivais de pretenderem privatizar a Petrobras e o pré-sal, o que é rejeitado por Serra.