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Crescimento zero é ‘melhor dos mundos’ para o Brasil, diz analista

G1

O Brasil, que cresceu 5,1% em 2008 e previa, até pouco tempo, alta de 4% para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, está rapidamente se adaptando à nova realidade recessiva da economia mundial, segundo Shelly Shetty, diretora sênior da agência de risco Fitch, com sede em Nova York.

De acordo com a analista, o crescimento zero previsto para o país no relatório da agência divulgado nesta semana é possível apenas na “melhor das hipóteses”. Para Shelly, a forte queda do PIB brasileiro no 4º trimestre do ano passado – retração de 3,6% – mostrou que a economia nacional já sofre fortemente com os sintomas da crise mundial.

A diretora da Fitch afirma que a contração no 4º trimestre chegou a setores-chave da economia brasileira, afetada pela redução de preços das commodities (que ainda dominam a pauta de exportações brasileira), pela restrição ao crédito, pelo aumento da desconfiança do consumidor e pela desaceleração do setor industrial.

Por isso, explica a analista, o Brasil, apesar de ser uma economia de maior porte, não tem melhores perspectivas que as demais na América Latina. Ela explica que a retração econômica média de 0,9% esperada para os países latino-americanos está relacionada ao resultado do México, que deve ter contração de 2,5%, e não a uma melhor situação do Brasil. “O México é afetado de forma desproporcional pela crise nos Estados Unidos." 

De esquerda’

O mais recente relatório da Fitch aponta que três países latino-americanos – Venezuela, Argentina e Equador, classificados como "de esquerda" pela agência – podem sofrer de forma mais pronunciada com a crise por conta de políticas intervencionistas.

A analista cita a recente decisão do presidente venezuelano, Hugo Chávez, de nacionalizar fábricas de alimentos no país e a estatização dos fundos de aposentadoria na Argentina, no ano passado, como exemplos de intervenção estatal na economia.

Segundo ela, esse tipo de atitude pode criar uma “crise de confiança” em relação a essas nações, dificultando uma retomada da atividade. “A questão da intervenção do estado ameaça os investimentos do setor privado (...). As políticas (econômicas) desses países têm flexibilidade limitada, uma vez que são muito influenciadas por decisões governamentais”, explica Shelly.
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