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Sobreviventes de desabamento no Rio tentam retomar suas vidas

ABr

Enquanto o país se volta para o segundo turno das eleições, cerca de 30 famílias de uma rua na Cidade Nova, no centro do Rio, tentam retomar suas vidas depois do desabamento de um prédio e de casas vizinhas, que resultou em quatro mortes e 15 pessoas feridas.

Na Rua Laura Araújo, o clima era de tristeza e de incerteza hoje (31) de manhã, quando sobreviventes retiravam seus pertences dos escombros, e vizinhos, também desalojados, retiravam móveis e eletrodomésticos de prédios interditados pela Defesa Civil.

Flávia de Cássia, de 27 anos, que morava com o marido e três filhos numa das casas que desabaram, tentava, com a ajuda de vizinhos, recuperar pertences sob as toneladas de pedras e tijolos. “O prédio começou a estalar e a gente conseguiu sair antes que desabasse”, contou à Agência Brasil.

O serralheiro Raimundo Pernambuco, de 57 anos, é um dos sobreviventes do prédio que desabou. Ele disse que acordou na manhã de ontem (30), no momento do desabamento do prédio. Por sorte, não foi soterrado e conseguiu sair das ruínas sem ferimentos.

“Perdi tudo. A única coisa que me restou aqui foram meus documentos e minha máquina de solda. Fui à prefeitura para me cadastrar. Eles me deram uma cesta básica e um colchão. Me perguntaram se eu tinha onde ficar ou se eu queria ir para um abrigo. Eu disse que não precisava ir para o abrigo, porque tenho parentes aqui. Estou na casa do meu irmão”.

Kayane Ferreira Martins, de 22 anos, morava no prédio vizinho ao que desabou. O edifício não desabou, mas foi interditado pela Defesa Civil. Ela usou a manhã de hoje para retirar todos os móveis e eletrodomésticos do apartamento onde morava com o marido. Sem ter para onde ir, mantinha seus pertences na calçada.

“É uma loucura. A gente não tem para onde ir. Não tenho como guardar as coisas na casa da minha mãe, porque ela mora num lugar pequeno com cinco pessoas. Agora estamos esperando a prefeitura para ver se há algum abrigo onde a gente possa ficar.”

Segundo o presidente da Associação de Moradores da Cidade Nova, Carlos Eduardo Silva Alcântara, mais de 30 famílias foram desalojadas de suas casas. A prioridade agora, diz ele, é procurar abrigo para essas pessoas.

“Vamos procurar um local para esse pessoal ficar porque a vida deles é aqui nas redondezas. A gente vai se sentar com o subprefeito e tentar, o mais rápido possível, alocá-los em alguma residência”, disse Alcântara.

De acordo com a Associação de Moradores da Cidade Nova, a região, que tem cerca de 12 mil moradores, tem muitas casas antigas, algumas com risco de desabamento. Por isso, a associação pretende conversar com as autoridades para inserir os moradores no Programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal.

A assessoria de imprensa da prefeitura do Rio informou que a subprefeitura do centro fez o cadastramento de 33 famílias que ficaram desalojadas e que apenas uma família foi para um abrigo da prefeitura. As outras passaram a noite em casa de parentes. Ainda de acordo com a assessoria da prefeitura, o subprefeito do centro, Thiago Barcellos, deve se reunir amanhã (1º) com o prefeito Eduardo Paes para decidir como será feita a assistência a essas famílias.
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