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Notícias / Economia

Dólar alto provoca déficit de US$ 2 bi na balança comercial do setor têxtil e de confecção

ABr

O setor têxtil e de vestuário do Brasil teve no ano passado déficit de US$ 2,05 bilhões em sua balança comercial, excluindo a fibra de algodão. Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Agnaldo Diniz Filho, o saldo negativo foi provocado pela alta do dólar, além da extinção do sistema de cotas, da maior agressividade dos outros países, dos custos financeiros e da carga tributária. “Isso tudo faz com que a competitividade diminua. Com isso, você exporta menos", disse hoje (14) Diniz Filho, na Bolsa de Negócios da Fashion Business, que ocorre paralelamente à Fashion Rio.

Diniz Filho destacou, no entanto, que as exportações do setor apresentam grande potencial de crescimento. O setor têxtil e de confecção, acrescentou ele, exporta apenas 0,5% do consumo mundial de têxteis e já tem mercados consolidados, como a América do Sul, Europa e Estados Unidos.

Os industriais partem agora para conquistar novos mercados não tradicionais, como os países árabes, os do leste europeu e a África. Para isso, uma delegação da Abit - uma das patrocinadoras da Fashion Business, que ocorre até o próximo dia 16 - acompanhará a comitiva do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, ao continente africano, no próximo dia 24.

"Em 2009, a gente vai conseguir manter uma exportação pelo menos dentro do padrão", afirmou Diniz Filho. "Seria muito interessante, com o dólar a R$ 2,30, se os países estivessem consumindo. Mas, a base é baixa e isso representa pouco em termos mundiais”. Considerando os produtos manufaturados exportados e também a fibra de algodão, o déficit da balança comercial do setor cai para US$ 1,4 bilhão.

Ele acredita que com o dólar mais baixo o setor poderá elevar as exportações, apesar de os países estarem retraídos. Embora seja difícil fazer uma projeção para o ano, Diniz Filho acredita que há possibilidade de a balança comercial do setor têxtil e de confecção reduzir o déficit em 2009 e fechar o ano com saldo negativo em torno de US$ 1,4 bilhão. Ele afirmou que “não tem a menor condição” de reverter o resultado da balança agora.

A Abit não é contrária à importação. Apenas defende que o governo propicie os mecanismos para impedir a entrada no Brasil de produtos excedentes de outros países, principalmente asiáticos, que representem ameaça ao produto nacional. “A Abit é contra os descaminhos da importação”, reforçou.

Diniz Filho salientou que cabe aos industriais duas funções: produtividade e qualidade. A competitividade, que envolve câmbio, juros, carga tributária, compete ao governo. “Então, para a indústria ser competitiva, o país também precisa ser competitivo”.

Ele assegurou que 2009 será um ano difícil, em função da crise externa, mas não haverá nenhuma tragédia. Avaliou que a crise vai ser menor para bens de consumo não duráveis e semi-duráveis, que não dependem em grande parte de crédito.

Os números divulgados pela Abit mostram que de janeiro a setembro do ano passado, no período pré-crise mundial, as exportações de têxteis e confecções, exceto fibra de algodão, caíram 4,20%. Entre outubro e dezembro, a queda se acentuou para 12%. Para Diniz Filho, esse número pode ser um sinal de melhoria para a balança nos próximos meses.
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