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Notícias / Meio Ambiente

La Niña provocou inundações na Ásia, Oceania e América Latina

France Presse

As inundações em Paquistão, Austrália e América Latina levaram os especialistas a voltar seus olhares para o La Niña, fenômeno sem vínculos comprovados com o aquecimento do planeta, mas cujos efeitos podem ser consideráveis.

O La Niña está de volta desde julho. Ao contrário do El Niño, ao qual sucede com frequência, o La Niña é um fenômeno meteorológico caracterizado por temperaturas anormalmente baixas nas águas da superfície das áreas central e oriental do Pacífico.

O fenômeno geralmente provoca fortes flutuações no clima do planeta: mais ciclones no Atlântico, secas em certas regiões da América do Sul e chuvas no sul da Ásia.

Em julho, o Paquistão sofreu com chuvas torrenciais sem precedentes que deixaram 21 milhões de desabrigados.

Dois meses depois, o norte da América Latina sofreu com a pior estação chuvosa de toda a sua história, e no fim de dezembro, um território maior que a França e a Alemanha juntas juntas foi inundado no noroeste da Austrália, no estado de Queensland.

Em cada uma destas ocasiões, os olhares dos especialistas se voltaram para o La Niña.

"O episódio atual fará com que 2010 seja o terceiro ano de chuvas recorde na Austrália" desde o começo de 1990, enquanto o segundo semestre de 2010 é o mais chuvoso de todos, constatou na quarta-feira o departamento de meteorologia do governo australiano.

As chuvas torrenciais posteriores ao ciclone tropical Tasha caíram em "áreas que já estavam saturadadas d''água", pois os níveis registrados nos últimos meses superavam o nível normal.

E o "grave" episódio atual do La Niña deve continuar durante todo o outono no hemistério sul, segundo a fonte.

O último La Niña remontava a 2007-2008.

No século XX houve no total 17 episódios La Niña e 25 El Niño, cujas intensidades flutuaram entre moderadas e fortes.

O Painel Integovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) destacou em seu último relatório, em 2007, que "não existe atualmente um indício sólido de mudanças perceptíveis na amplitude e na frequência" dos fenômenos El Niño e La Niña do século XXI.

"É muito difícil avaliar a relação entre os dois", explicou à AFP Baylor Fox-Kemper oceanógrafo e pesquisador da Universidade do Colorado.

"Vários modelos demonstram que há uma relação com o aquecimento do planeta, mas não há certeza alguma quanto à natureza das mudanças" que ocorrerão, disse.

"E como o número de dados confiáveis é limitado - no total um século de observações diretas -, não podemos saber qual destes modelos é o mais próximo da realidade", continuou.

No entanto, fenômenos como El Niño e La Niña, relacionados com a variabilidade natural do clima, poderiam acumular-se por causa das mudanças climáticas provocadas pelo aquecimento global.

"Em um mundo mais quente, podems esperar que a atmosfera retenha mais umidade, isto é, quando chove, as precipitações serão mais abundantes", explicou à AFP o meteorologista neozelandês Jim Salinger, que concluiu que "as chuvas relacionadas com La Niña deveriam ser mais intensas".
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