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Notícias / Meio Ambiente

Espécie de pimenta tem mais de 150 variedades só na Amazônia

Globo Amazônia

Uma só espécie de pimenta da Amazônia - ela existe em outras regiões, mas acredita-se que tenha surgido na região -, a Capsicun chinense, possui mais de 150 variedades, com gostos, cores e formatos completamente distintos. “A coloração, por exemplo, vai do amarelo até violeta quase negro”, conta o pesquisador da Embrapa de Roraima Francisco Joaci Luz, que desde o ano 2000 estuda a planta.

O objetivo do cientista é tentar mapear como foi que o vegetal evoluiu com tantas formas diferentes. “Estamos tentando estabelecer parâmetros para determinar a linha evolutiva” detalha Joaci. Em sua opinião, foram os cruzamentos de plantas feitos pelos índios que levaram à diversificação. Durante séculos, eles transportaram e cruzaram exemplares de regiões diferentes, dando origem a novos “morfotipos” (termo científico usado para denominar as variedades da planta). “O trânsito da pimenta com os seres humanos força a possibilidade de troca gênica (intercâmbio de características genéticas)”, explica o pesquisador.

Muitas das variedades catalogadas por Joaci são parte integrante da culinária amazônica. “Em Roraima é muito comum a jequitaia, um tipo de pimenta seca moída , praticamente uma páprica. Usa-se para temperar a comida”, conta Joaci. “Nas comunidades indígenas, como antigamente não havia sal, o mais usado como têmpero era a pimenta”, acrescenta. “Aqui temos também a damurida, um caldo que usa muita pimenta”.

Existem, no entanto, exemplares de Capsicun chinense que são intragáveis, por serem muito picantes. “Isso se deve ao alto teor da substância capsaicina, principal responsável pela pungência”, explica Joaci. “Alguns tipos queimam só de encostar no lábio. A pimenta-de-cheiro, por outro lado, tem pouca capsaicina e é muito consumida em saladas”.
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