Imprimir

Notícias / Do Internauta

Delírios da Agecopa

Gabriel Novis Neves

Reiteradas vezes escrevi sobre as dificuldades para a execução das obras de mobilidade urbana necessárias ao projeto Copa do Pantanal 2014.
Além da dificuldade para se obter os recursos (altíssimos) necessários, há barreiras impostas pela legislação ambiental, surgirão ações na justiça movidas por proprietários que terão (caso o projeto se viabilize) os imóveis demolidos para dar passagem ao sistema de trânsito que se pretende implantar e Cuiabá e Várzea Grande não suportariam a intervenção simultânea nas suas principais vias.
A Agecopa distribuiu estas ilustrações computadorizadas do projeto de mobilidade urbana em Cuiabá e Várzea Grande.
Estamos em janeiro de 2011. Neste momento não há recursos nem licenciamento ambiental para as obras. Num cenário otimista chegaremos ao final do ano com caixa e sinal positivo do setor ambiental.
Entraremos em 2012 faltando dois anos para a bola rolar. Se as obras começarem após a chuvarada, em abril, o calendário será ainda mais apertado.
Imaginemos que Roberto França,Yuri Bastos Jorge, Jefferson de Castro, Yênes Magalhães, Carlos Brito e Agripino Bonilha - os senhores da Agecopa - estalem os dedos e botem as construções em andamento.
Caso isso ocorra, todas as obras terão que ser feitas ao mesmo tempo, porque o caderno de encargos da FIFA é rigoroso.
Tentem imaginar o que aconteceria caso fossem bloqueadas as avenidas da FEB, Trevo do Zero KM, Avenida Miguel Miguel Sutil e Avenida Fernando Corrêa da Costa.
Continuem imaginando: com o trânsito proibido nessas vias obviamente as mesmas não poderão ser cruzadas, o que significará o estrangulamento da Avenida Getúlio Vargas, Trevos de acessos ao Centro de Eventos do Pantanal e Ribeirão do Lipa, Avenida dos Trabalhadores, Avenida Jurumirim, Avenida Carmindo de Campos, Avenida Beira-Rio e demais ruas no trajeto.
Imaginem que o bloqueio dessas vias se estenderá por um ano, no mínimo.
Como ficará o trânsito dos 330 mil veículos licenciados em Cuiabá e Várzea Grande e da frota visitante?
Como funcionará o atendimento do SAMU?
Como se deslocarão as ambulâncias?
Como a Polícia Militar atenderá ocorrências?
Como o Corpo de Bombeiros dará respostas aos chamados para os sinistros?
Como funcionará o transporte coletivo?
Como o aluno chegará à escola antes que o sino bata para a entrada?
Como o funcionário cumprirá horário de chegada no serviço?
Como sobreviverá o comércio ao longo das vias bloqueadas?
Quantos funcionários serão demitidos pelas empresas afetadas com as obras?
Como funcionará o serviço de distribuição de água da Sanecap?
Tentem imaginar caminhos alternativos ao trânsito, conforme a Agecopa sugere com as obrinhas de desbloqueios.
Se as obras pudessem ser feitas por etapas haveria transtorno, mas não ocorreria o estrangulamento de Cuiabá e Várzea Grande. Da forma como o projeto foi elaborado sua execução é inviável, sob pena de se tornar vitória de Pirro.
Detalhe interessante: ninguém sabe ao certo quanto custará tal projeto.
Outro detalhe interessante: não há fonte segura de recursos para executá-lo.
Mais um detalhe interessante: algunss diretores da Agecopa não gozam de credibilidade para gerir recursos públicos.
Finalmente o último detalhe: o BNDES ainda não liberou o financiamento pedido de R$ 392 milhões para construção de parte do novo Verdão, que substituirá o estádio de igual nome recentemente demolido pela Agecopa.
Reflitam bem sobre as imagens computadorizadas da Agecopa e tentem imaginar como seria viver em Cuiabá e Várzea Grande em caso de execução dessas obras.
Ressalto que gostaria que Cuiabá e Várzea Grande recebessem tais obras, mas discordo da forma como se pretende executá-las e duvido que o governo estadual consiga levar adiante esse projeto, que na campanha política do ano passado, foi muito bom para o senador eleito Blairo Maggi (PR) e ao governador reeleito Silval Barbosa (PMDB)
Imprimir