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Telescópio Planck envia resultados e anima cientistas

AFP

 O satélite Planck, lançado em busca dos sinais da primeira luz que surgiu no Universo após o Big Bang, também recolheu dados sobre os objetos mais frios do céu - o que é considerado uma mina de ouro para os cientistas.

Lançado em maio de 2009 e implantado em órbita a 1,5 milhão de quilômetros da Terra com o objetivo de analisar a radiação fóssil, rastro agora frio que o Universo deixou de sua juventude, o satélite Planck foi "concebido" para detectar também outros objetos muito frios, informou nesta terça-feira à imprensa Jan Tauber, cientista da Agência Espacial Europeia (ESA).

Um catálogo de 15 fontes compactas muito frias foi estabelecido a partir do mapa do céu realizado por Planck desde a metade de 2009, um verdadeiro "baú de tesouros" para os astrônomos, que poderão se dedicar ao estudo destes objetos celestes, incluindo 30 novas nebulosas de galáxias.

"Poderemos fazer muita ciência com isso", disse.
Para os cientistas da "colaboração Planck", reunidos de 10 a 14 de janeiro em Paris, "é um grande dia, ainda que seja difícil para nós transmitir a emoção que sentimos", afirmou.

No total, 25 estudos científicos são publicados paralelamente na revista científica Astronomy and Astrophysics.

Diferente de outros instrumentos de observação que estudam uma estreita região do céu, Planck já varreu por diversas vezes a abóbada celeste e permanecerá trabalhando por mais um ano, o que deve permitir que estabeleça mapas completos.

Uma das tarefas que o telescópio tem superado é remover uma "névoa" de emissões de micro-ondas - um brilho difuso que durante décadas tem distorcido a visão de regiões empoeiradas do espaço profundo.

Os dados coletados pelo Planck confirmam a teoria de que a "névoa" vem dos grãos em escala nanométrica espalhados ao rodopiar várias dezenas de bilhões de vezes por segundo, por colisão com átomos em grande movimento ou com raios de luz ultravioleta.
"É uma máquina para todo o céu, o que nos dá a possibilidade de fazer estatística", disse Tauber, lembrando que o satélite Planck, fruto de cerca de 20 anos de trabalho científico, está antes de tudo destinado a descobrir os segredos da origem e da formação das grandes estruturas do Universo.
Para compreender como se formaram as estrelas e as galáxias após o Big Bang, os astrônomos tentam encontrar na radiação fóssil o rastro dos primeiros germes de matéria que permitiram sua criação.
Cerca de 380 mil anos depois do Big Bang, o universo, que era até então uma fogueira tão opaca como o interior do sol, se esfriou de forma suficiente para que se formassem os primeiros átomos de hidrogênio neutro: os primeiros fótons (grãos de luz) puderam escapar, a luz surgiu pela primeira vez neste universo que se tornou transparente.
Emitida a uma temperatura de aproximadamente 3 mil graus, esta primeira luz fóssil que banha todo o espaço é agora uma radiação cósmica ultrafria (-270ºC) cujas ínfimas flutuações podem informar sobre a infância do universo. Invisível a olho nu, é detectado no comprimento de onda milimétrica.
Estes fotóns fósseis que viajaram mais de 13 bilhões de anos antes de chegar à Terra podem conservar o rastro de sua passagem através das nebulosas ou supernebulosas de galáxias, o que permitiu detectar a presença de cerca de 30 nebulosas até então desconhecidas.

Uma nebulosa pode agrupar centenas e até milhares de galáxias, que contêm cada uma milhares de estrelas.

Com o objetivo de realizar, em 2013, um novo mapeamento preciso da radiação cósmica de fundo, os astrônomos devem primeiro contabilizar com precisão os outros brilhos de comprimento de onda similar (objetos celestes frios, poeira) que podem ser confundidos com ele.

A grande ferramenta do Planck é um telescópio de 1,5 metro de comprimento que concentra a radiação em dois conjuntos de detectores, que são refrigerados a quase zero absoluto.

Seu nome é em homenagem ao físico alemão Max Planck, fundador da teoria quântica.
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