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Notícias / Meio Ambiente

EUA: especialistas consideram falso estudo sobre mudanças climáticas

France Presse

Um recente estudo sobre as mudanças climáticas feitas por uma organização com sede na Argentina, que projetava um aumento de temperatura de 2,4º C e uma escassez alimentar mundial generalizada na próxima década, tem erros importantes, disseram cientistas esta quarta-feira.

O trabalho foi publicado no EurekAlert, um serviço independente para jornalistas criado pela Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS, na sigla em inglês) e foi divulgado por várias agências internacionais de notícias, entre elas a AFP.

Mas a AAAS tirou o estudo de sua página, quando um grupo de especialistas apontou erros em seu enfoque.

Segundo o estudo publicado na terça-feira, a temperatura do planeta poderia aumentar 2,4 graus centígrados até 2020. Com esta perspectiva, a combinação do impacto das mudanças climáticas na produção agrícola e do crescimento da população mundial, que chegará aos 7,8 bilhões de indivíduos até 2020, levará colheitas insuficientes.

A produção mundial de trigo sofreria um déficit de 14% com relação à demanda dentro de 10 anos, enquanto "a produção global de trigo, arroz, milho e soja cairá entre 2,5% e 5%" na América Latina, destacou o informe.

No entanto, "um jornalista de (o jornal britânico) The Guardian nos alertou ontem (terça-feira) sobre dúvidas com relações públicas Hoffman & Hoffman", escreveu a porta-voz da AAAS Ginger Pinholster em uma mensagem eletrônica à AFP.

"Imediatamente contatamos um especialista em mudanças climáticas, que confirmou que a informação também lhe provocava dúvidas. Rapidamente tiramos o informe do nosso site na internet e contatamos a organização que nos enviou", disse.

O climatologista Rey Weymann disse à AFP que "o estudo contém um erro importante, dado que confunde o aumento do 'equilíbrio' da temperatura com o 'aumento da temperatura transitória'".

O cientista Osvaldo Canziani, que fez parte do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), aparece como assessor científico do estudo.

O IPCC, cujas cifras foram citadas como base para as projeções deste trabalho, ganhou juntamente com o ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, o prêmio Nobel da Paz em 2007 por seu esforço de divulgação sobre os riscos das mudanças climáticas.

O porta-voz de Canziani disse na terça-feira que o cientista estava doente e não podia dar entrevistas.
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