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PMs acusados de matar estudante há 15 anos são julgados na BA

Terra

Cinco testemunhas de acusação e duas de defesa prestam depoimento no julgamento dos policiais militares Carlos Alberto Almeida Rocha, Carlos Moreira dos Santos, Hamilton Silva Ribeiro e José Roberto Machado, suspeitos de envolvimento na morte do estudante Augusto César Soares Dourado, que ocorreu em Salvador há quase 15 anos. O julgamento ocorre no segundo Tribunal do Júri do Fórum Ruy Barbosa, na capital baiana, e não tem horário definido para terminar.

O quinto réu e principal envolvido no caso, o taxista Florisvaldo Oliveira de Freitas, será julgado apenas na segunda-feira, porque um de seus defensores, o advogado Jackson Azevedo, não compareceu ao fórum porque alegou não ter sido intimado. Como o outro advogado do réu não quis prosseguir os trabalhos sozinho, o juiz Vilebaldo Freitas, titular da 2ª Vara do Júri de Salvador, resolveu desmembrar o julgamento.

Em junho de 1996, Augusto Dourado se envolveu em um acidente de trânsito com o taxista Florisvaldo de Freitas no bairro de Brotas, em Salvador. O taxista teria identificado e perseguido o rapaz juntamente com outros taxistas da empresa Radiotáxi. No Largo da Mariquita, na orla, eles teriam acionado uma viatura da PM que seguiu com o grupo. Dourado teria parado o veículo ao ver a polícia. Baleado no peito, não teria recebido socorro prontamente e morreu depois no Hospital Geral do Estado.

Durante a manhã, defesa e promotores do Ministério Público Estadual ouviram o coronel da PM Seixas, primo da vítima. Ele afirmou ter ido à delegacia no dia do crime com a mãe do estudante, pois ela estava preocupada com o jovem, que não voltara para casa no horário normal. No local, descobriu que o rapaz havia sido baleado. De acordo com o coronel, a delegada, cujo nome não foi divulgado, teria dito que estava sendo pressionada pelos PMs envolvidos no assassinato a registrar o fato como auto de resistência, embora ela mesma não acreditasse nessa versão.

Seixas afirmou, ainda, que o carro de Dourado apresentava vestígios de golpes, que ele acredita que terem sido propositais e resultado de chutes de coturno. Além disso, afirmou que foram subtraídos pertences e documentos da vítima, que chegou ao Hospital Geral do Estado como indigente. "Triste ver companheiros de farda envolvidos em uma situação que poderia ter sido evitada, não fosse a calúnia do pessoal da Radiotáxi", disse.

O mecânico Adailton da Silva, testemunha da defesa que trabalhava numa barraca de coco em frente ao local do crime, disse que viu a viatura com três PMs perseguindo o veículo de Dourado e que também viu taxistas armados. O carro teria batido no meio fio e parado. Depois disso, Adailton diz ter ouvido tiros, mas disse não ter visto a rendição do amigo de Dourado, que estava no carro no momento do crime, nem a execução do estudante.
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