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Mercado erótico atrai público com filmes estrelados por famosos

Folha de S.Paulo

Uma virgem que faz filme pornô e continua virgem! Uma fita erótica que tem de ser dividida em três porque não pode ter os diálogos cortados. Um craque que processa a ex-namorada porque ela "atua" com um sósia dele. A paquita que nunca foi paquita. E a sobrinha da rainha do bumbum que, na verdade, não é sobrinha. Mas que mundo gozado esse, o das celebridades pornôs. 

Lá se vão quase cinco anos desde que Alexandre Frota estrelou "Obsessão", o primeiro celebrity-pornô da história brasileira. E, se 2004 ficou marcado pela inauguração desse novo gênero da indústria cinematográfica nacional, foi em 2008 que assistimos à sua consolidação real.

Afinal, faz apenas seis meses que uma atriz global, Leila Lopes, migrou para as prateleiras adultas das locadoras com o filme "Pecados e Tentações", da Brasileirinhas --e estreia seu segundo título neste mês.

Foi também em 2008 que uma segunda produtora, a Sexxxy World, com 19 anos de mercado, se rendeu aos novos tempos e lançou no Brasil um selo exclusivo para o gênero: o Sexxxy Celebridades.

E, finalmente, foi em 2008 que ficou clara a força desses nomes. A Sexxxy Celebridades, por exemplo, já responde por 60% das vendas da Sexxxy World. Segundo o diretor comercial da empresa, Leandro Moran, não se trata apenas de roubar o mercado já existente, transferindo o público dos pornôs comuns para os celebrity-pornôs. "Claro que isso acontece um pouco. Mas o selo também trouxe um público novo que não consumia filmes eróticos", afirma Moran.

Tanto a Sexxxy World quanto a Brasileirinhas afirmam que a maior vantagem dos c-pornôs é a divulgação da marca. "Com a onda de celebridades, fica muito mais fácil a exposição da imagem. Temos o apoio total da mídia", comemora Kim Mello, produtor e também assessor de imprensa da Brasileirinhas.

Tudo pelo dinheiro
Mas elas cobram por isso. E cobram bem, como explica Cacau Oliver, o responsável por levar Leila Lopes para a Brasileirinhas. "É difícil alguém dizer que não quer ganhar R$ 300 mil", diz ele. E todos estão nessa pela grana. No começo, falava-se em cachês superiores a R$ 500 mil por um contrato. Mas a pirataria derrubou os cachês pela metade.

Hoje, Oliver faz o casting das celebridades da Sexxxy: "Ligo para a pessoa ou para o assessor e falo do filme pornô. De primeira, você já sabe se a pessoa vai fazer ou não. Se a pessoa diz: "Deus me livre" ou coisa assim, você sabe que não é por dinheiro nenhum. Mas, se a pessoa fala: "Nossa, mas quanto é?", é porque vai fazer".

A verdade é que é preciso muita boa vontade para admitir que os atores e atrizes são realmente celebridades. Veja o caso de Marcelo Mathias, um lutador de jiu-jítsu que participou da "Casa dos Artistas 3" sob a condição de fã.

Naquela edição do programa, em 2002, cada "artista" carregava um fã para a casa, e Mathias era fã da "condessa" e "princesa" Carola de Oliveira (ela, por sua vez, famosa por ter tido um casamento-relâmpago com Chiquinho Scarpa). Eliminaram Mathias no início do programa, mas foi o suficiente para que ele posasse para a "G Magazine" e fizesse filme erótico como celebridade.

Os casos femininos são igualmente curiosos. Júlia Paes, por exemplo, é o atual orgulho da Sexxxy Celebridades. Apelidada de Sexxxy Girl, ela foi indicada ao AVN, importante prêmio da indústria norte-americana. Por que ela é celebridade?

"Eu era assistente de palco de um programa na Bandeirantes. Depois, posei para a "Sexy" e fui convidada a fazer pornô. Na época, namorava a Tammy, filha de Gretchen. Então fizemos um filme juntos. Ela já tinha um visual menos feminino", conta a ex de Tammy Gretchen.

Ex de Ronaldo
Vivi Brunieri também ficou famosa por namorar celebridades. No caso dela, foi o Ronaldo Fenômeno. Junto com uma rival, chegou a participar da dupla As Ronaldinhas, em que cantava e dançava em programas dominicais de TV. Até aí tudo bem, o Ronaldo devia ficar até lisonjeado...

Mas aí a Sexxxy contratou a Vivi Ronaldinha. "Sem dúvida nenhuma a maior contratação do pornô nacional de todos os tempos, não só por causa da fama, mas principalmente pela beleza", exagerou a empresa, na ocasião.
Mas o Fenômeno não aprovou, especialmente quando um sósia seu foi visto se engraçando com a Ronalda.

Fechou a cara. Processou. Embargou o filme. A Sexxxy lançou outro, "Praia, Sol e Sexo", sem o enredo maria-chuteira. E foi o segundo título mais vendido pela empresa em 2008.

Certificado de virgindade
As maiores vendagens da Sexxxy no ano, com cerca de 20 mil cópias oficiais, cabem à Carol Miranda, sobrinha da Gretchen, cuja família parece ser onipresente neste mercado. Foi para ela que Gretchen passou seu cobiçado título de "Rainha do Bumbum" (pelo título houve até briga pública recente, em que recados eram passados por meio de programas de TV: a Mulher Melancia reclamou que não bastava receber o título da tia, que o povo é que tinha que escolher).

Mas, olha só, Mulher Melancia, você ainda tem chances: a Carol Miranda nem sobrinha da Gretchen é. "Na verdade, sou sobrinha do atual marido dela, o Denis", revela Carol.

OK, isto é incrível, já diria Silvio Santos, mas não é nada perto de sua história cinematográfica. O primeiro filme de Carol Miranda foi lançado neste ano e se chama: "Fiz Pornô, Mas Continuo Virgem". Sim, porque ela garante que era virgem. "Antes de assinar o contrato, a empresa me levou a um ginecologista para comprovar", diz a moça de 20 anos. Mas como assim "continua"? "Ah, é que fiz apenas cenas de sexo anal."

O resto foi deixado para o segundo filme, "Perdendo o Selinho". Adivinhe se foi uma boa experiência...
"Foi horrível. O segundo foi menos horroroso, doeu menos. Me arrependi, sabe? Eu não tinha namorado e agora tenho. Minha família ficou bem chateada. São evangélicos, sabe?"

"Esse trabalho não é para mim", continua Carol, que, depois da lipo e dos 350 ml de silicone nos seios, estava se recuperando de mais uma cirurgia neste Natal. "Tirei as duas costelas mais baixas, para ficar com a cintura fininha. Mas não vou fazer mais filmes. Foram só esses dois. Vou seguir minha carreira de cantora de funk."

Ah, sim, cantora. Carol Miranda era cantora quando foi chamada para estrelar filmes eróticos como celebridade. Ela já cantava funk com o MC Lip havia... dois meses.
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