No ar como a Célia, secretária da personagem de Natália Timberg em “Insensato Coração”, Carla Lamarca é do tipo que gosta de experimentar. Loira, alta e magra, poderia ter ido pelo caminho mais fácil, o de modelo. Mas preferiu seguir outros rumos, vários, por sinal: foi estagiária de produção da revista “Trip” (para onde posou nua, tempos depois); venceu um concurso de VJ da MTV, e por isso entrevistou suas bandas preferidas, como New Order e Franz Ferdinand; morou na Europa, onde trabalhou como editora de conteúdo do iTunes; voltou para o Brasil, transformou-se em apresentadora do Fashion TV e agora – ufa! – se envereda pelos rumos da dramaturgia. Nerd assumida, adora twittar, mas vez ou outra precisa dar um chega-pra-lá nos fãs obcecados que a perseguem. “Acho que eu atraio!”, ri a moça, durante papo em um parque de São Paulo.

O que a levou a fazer tantas coisas diferentes?
Fui experimentando várias coisas até achar o que eu realmente gostava. Sempre soube que eu queria trabalhar com Comunicação, mas não tinha ideia do que exatamente. Fui estagiária na ‘Trip’, daí fui trabalhar com moda, depois apareceu a MTV. Nunca tinha pensado em ficar na frente das câmeras. Então quando me escolheram para ser VJ, resolvi tentar. Nem achava que ia ganhar. Acabei gostando.

Por que largou tudo para ir para a Europa?
Depois de um tempo na MTV achei que era hora de fazer outras coisas. Sempre fui do lado musical, entrevistei várias bandas, era o que eu gostava de fazer. Quando eu vi que essa parte ia morrer lá dentro, fui fazer uma pós em Londres de Music Business Management. Isso me abriu porta para trabalhar no iTunes. Eu editava o conteúdo da loja pan-europeia, que reúne vários países da Europa, como Dinamarca, Grécia, Noruega, Bélgica, Hungria...

E por que decidiu voltar para o Brasil?
Porque não gostei do estilo de vida de Londres, do clima. Tudo muito cinza, eu saía para trabalhar estava escuro, voltava e já estava escuro de novo. Apesar de me identificar com a vida cultural londrina, a cena musical é incrível, e só por isso consegui passar um ano lá. Até que me chamaram para a apresentar um programa de variedades no Fashion TV. Não sabia nada sobre o canal. Minha mãe, com saudades, pediu para eu aceitar. Aí voltei para o Brasil.

Como veio a oportunidade de fazer novela? Sempre tive muita vontade de estudar teatro. Fiz Fátima Toledo (preparadora de elenco, conhecida por "Cidade de Deus", "Central do Brasil", "Tropa de Elite”, entre outros) . Gostei, mas achei um pouco punk. O método é interessante, mas pesado. Depois fiz Wolf Maya (diretor da Globo, possui uma escola de teatro) e entrei no Célia Helena (Escola Superior de Artes) para fazer um profissionalizante mesmo. Me formo agora no final do ano, depois de dois anos estudando. Aí a primeira coisa que fiz foi uma participação em ‘Ti-ti-ti’, fiz uma patricinha fake, tipo Paris Hilton. Gostei muito de fazer. Depois pintou um teste para ‘Insensato Coração’. Aí pensei, ‘Nossa, novela do Gilberto Braga’. É uma oportunidade ótima. Das novelas que mais gostei, todas eram do Gilberto, tipo 'Paraíso Tropical', 'Celebridade'.

Ficou mais nervosa de atuar com a Natália Timberg ou de entrevistar o New Order?
A Natália Timberg é super simples, acessível, simpática, que quebra essa coisa que tem em torno. A Glória Pires também, cheguei lá para maquiagem e ela mesma estava se maquiando. Então, para mim, entrevistar o New Order foi mil vezes mais difícil, porque a banda estava ali, fechada, demora até você conseguir quebrar o gelo e o artista se sentir à vontade para falar coisas legais. A Natália não, foi ótima. Quando descobriu que eu falava francês, então, ela adorou.

Você é super twitteira. Gosta dessas redes sociais?
Sou meio nerd, sou adepta destas novidades, fui uma das primeiras a fazer uma conta no Facebook, no Twitter também.

Você tem uns fãs que a perseguem, não é?

Tem umas pessoas meio estranhas. Um cara no Twitter que via com quem eu falava e tentava falar com a pessoa também, para saber onde eu morava e tudo o mais. Comecei a pedir pros meus amigos bloquearem essa pessoa. Na época da MTV tinha um cara que ficava na porta pedindo para tirar fotos. Depois de um mês, ele já tinha 30 fotos comigo e continuava pedindo. Acabei falando com o segurança, que me escoltava até o estacionamento. Depois, eu abri uma loja em sociedade com amigas, e chegavam bilhetes esquisitíssimos, biscoitos e bombons que eu nem chegava perto. Mas procuro não dar muita bola e não deixar a coisa crescer.

Isso tende a piorar com você aparecendo na novela das oito...
Não quero pensar sobre isso. Acho que eu atraio (risos). Mas voltando ao Twitter, é uma ferramenta que eu gosto muito, mas não para me promover, como muitos fazem. Eu falo de coisas que me interessam.

Você sempre foi magrinha. Precisa se preocupar com alimentação?
Eu tenho esse biótipo de mulher alta e magra, mas não é por isso que vou me jogar. Eu tomo cuidado. Faço academia, pilates. Tenho uma personal trainer que me cobra bastante, que me faz tomar shakes de proteína, e eu odeeeeeio! Ela quer colocar proteína em todos os meus lanches. Mas e se eu quiser comer só uma fruta?

Por que essa dieta da proteína?
Porque eu quero criar massa muscular. Trocar o que eu tenho de gordura por músculos. Não quero ser esquelética. Mas é claro que no fim de semana eu dou uma liberada, como sobremesa, como doces.

E o namorado (o diretor Henrique Sauer, da Rede Globo), vai bem?
Namoro há dois anos, na ponte-aérea. Ele mora no Rio e eu em São Paulo. A gente se conheceu em uma apresentação do Michel Gondry (diretor de "Brilho eterno de uma mente sem lembranças", que tocou bateria no Bar Secreto), aqui em São Paulo. Ele é muito parecido comigo, nós gostamos muito de música. Por enquanto ainda não temos nada combinado, mas dependendo do rumo das coisas, posso me mudar para o Rio.