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'Divorciar-se de Chiquinho Scarpa foi a grande diversão da vida de Carola', diz amigo

R7

Amigo íntimo de Carola Scarpa durante dez anos, o cabeleireiro Julinho do Carmo viu pela internet as notícias de que ela havia morrido e sido enterrada na manhã deste sábado (26).

Sem falar com Carola desde que aceitou um convite para trabalhar com Sônia Abrão, a quem ela detestava, Julinho diz que não fazia ideia de que ela estava doente.

Em entrevista ao R7, ele relembrou momentos com Carola – como quando colocaram um sutiã na estátua de um dos Scarpas -, falou da personalidade forte da ex-socialite e do poder sobre os homens.

Vinda de uma família abastada de São Paulo, Carola era filha e sobrinha de diretores de TV, entre eles Boni, o ex-braço direito da Globo. Para Julinho, fato de não ter feito sucesso na TV foi maior frustração de Carola.

Leia abaixo alguns dos principais trechos da entrevista:

Como ficou sabendo da morte de Carola?
Estava navegando pela internet quando me deparei com as notícias nos sites [sobre a morte dela]. Fiquei chocado, porque tive uma amizade intensa com a Carola durante dez anos.

Você chorou?
Claro. Levei um baque. Estou ultrachocado. Como não gosto nem de casamentos, nem de velório, não sei o que faria se tivesse sido avisado da morte dela a tempo. Prefiro pedir que o pastor da minha igreja faça uma oração para que a alma de Carola encontre um bom lugar no céu. Arrependo-me e estou muito triste por não ter falado com ela nestes últimos anos.

Sabia que ela estava doente?
Não. Sempre soube que Carola tinha um alto padrão de magreza. Mas, na época, achava que uma mulher comer e colocar o dedo na ‘goela’ era chiquérrimo. Não tinha instrução. Peguei Carola fazendo isso umas duas vezes. Mas foi há muito tempo.

Qual foi a última vez que falou com ela?
Foi há quase cinco anos, na última festa de aniversário da Dercy Gonçalves. Ela estava legal, com uma sainha acinturada, muito bonita. A pessoa anoréxica esconde de si mesma [o problema].

Nos últimos anos, Carola foi perdendo espaço na imprensa e praticamente caiu no anonimato. Você acha que isso foi um dos motivos que a deixaram doente?
[...] Hoje você vê pessoas como Valesca Popozuda fazendo sucesso na TV. Se ela pudesse ter explorado sua veia artística e feito barulho, teria auto-estima para viver cem anos, que foi o que aconteceu com minha mãe de criação, a Dercy Gonçalves. Veja bem, não estou culpando a família dela. Mas imagina você ter um pai que é diretor artístico de uma emissora [referindo-se a Carlos Augusto Oliveira, o Guga, ex-diretor da Record], o tio de outra [referindo-se a José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, ex-todo-poderoso da Globo], e um primo prestes a se tornar um 'bam bam bam' da TV [referindo-se a Boninho, atual diretor do Big Brother Brasil, na Globo], sem poder expressar seu talento em lugar algum.

E o divórcio com o Chiquinho Scarpa? Não teve relação?
Tanto o casamento quanto o divórcio foram a maior diversão da vida dela. Eu não a vi estressada nem quando um caminhão chegou para buscar as coisas dele.

Carola não ficou triste?
Eu só a vi brava quando Chiquinho mandou um ofício a proibindo de usar o sobrenome Scarpa. Daí, eu disse a ela: ‘Quer saber Carola, ele não é conde m... nenhuma. Então você vai ser uma princesa. E ela falou: ‘Arrasou Julinho, vai lá na rua 25 de março e compra duas coroas que a partir de hoje vou virar princesa. Comprei duas coroas das mais vagabundas e ela começou a usá-las. Vivíamos um conto de fadas. Ela era a princesa e eu o servo. Fazia tudo o que ela queria [risos].

O que mais faziam?
Um dia ela me ligou e disse: ‘Julinho, quero aprontar uma com o Chiquinho. Vou colocar um sutiã na estátua dos Scarpas [que fica próxima à mansão da família nos Jardins]. Ligamos para o Notícias Populares [extinto jornal do Grupo Folha] e avisamos à reportagem. Ficamos olhando tudo com binóculo da casa dela. Deu a maior confusão. Outra vez, ela me passou o CPF do Chiquinho para levantar se ele tinha dívidas. Era muita molecagem. Carola era uma eterna criança.

Qual a melhor lembrança que tem dela?
Antes eu era Julio Carô. Um dia ela sonhou comigo, ligou para mim e disse que deveria me chamar Julinho do Carmo. Hoje até na feira me conhecem assim. Na época do divórcio, ela me ligou às 8h da manhã e disse: ‘Julinho, a cobra vai fumar. O Chiquinho foi embora de casa e eu vou contar toda a verdade’. Ela me pediu que fingisse ser a secretária dela. Como tinha voz de mulher, aceitei. Marquei uma entrevista no Ratinho, que dava 40 pontos de Ibope no SBT. Ela foi ao programa e deu no que deu. Eram umas 200 ligações por dia pedindo entrevistas.

É verdade que ela pegou Chiquinho com dois homens na cama conforme disse à época?
Isso nunca aconteceu. Ela jamais falou isso olhando em meus olhos. Foi um personagem que criou para enfeitar os acontecimentos. Há cinco anos, quando nos reencontramos, lembrei dessa história e ela falou: ‘Ah, Julinho, ele não estava com dois homens na cama, mas que deu, deu. Acho que foi a forma que ela encontrou de me dizer a verdade.

Chiquinho gosta de você?
Não sei se ele se lembra de mim. Mas, se eu fosse ele, não iria gostar de mim. Afinal, eu participei de toda aquela palhaçada.

Qual a imagem que você guardará dela?
As mulheres não gostavam muito dela, mas eu conseguia perceber como era maravilhosa. Quando era amiga, era amiga mesmo. Tinha uma malandragem que não foi aproveitada de maneira positiva. Era ambiciosa e estratégica. Maquiada e produzida, virava uma mulher lindíssima, que deixava qualquer homem louco.

Como você e Carola se conheceram?
Eu a conheci em uma festa no Terraço Itália, em São Paulo. Ela estava usando um cabelo chanel. Eu me aproximei, apresentei-me e disse que estava fazendo alongamentos de cabelos e queria aplicar a técnica nela. Carola me deu seu telefone, eu fui encontrá-la e nos tornamos amigos. Eu tinha até quarto na casa dela.

Por que se afastaram?
Fui trabalhar com a Sônia Abrão e Carola a detestava [por conta dos boatos na época do divórcio]. Com isso, nossa relação foi esfriando.

Guarda mágoas?
De jeito nenhum. Mágoa de que? Nós tivemos uma relação intensa por uma década. Quando contei que tinha recebido uma proposta da Sônia e iria aceitar, ela falou: Tudo bem Julinho, mas você não será mais meu irmão, a partir de agora seremos apenas amigos’. Entendi o lado dela. A coisa que mais a chateava eram as mentiras que inventavam.
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