O vice-presidente da República, Michel Temer, negou nesta terça-feira (1º) que, em conversa com o cônsul-geral dos Estados Unidos em São Paulo, Christopher McMullen, em janeiro de 2006, tenha criticado o governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo reportagem publicada na edição desta terça do jornal "Folha de S.Paulo", telegrama obtido pelo site WikiLeaks mostra que Temer teria classificado de "decepcionante" o desempenho de Lula à frente do governo.

Questionado se havia criticado Lula, Temer afirmou que não costuma utilizar termos deselegantes em suas conversas.

"Nem sei dizer se disse, sabe por que? Não é nem do meu estilo, não sou de usar vocábulos mais fortes, como vocês sabem. Minhas palavras, embora muitas vezes muito acertadas, elas nunca trazem um conteúdo, digamos, de deselegância, pelo menos acho que assim que eu falo".

Segundo a reportagem, McMullen teria relatado no telegrama que Temer "criticou a visão estreita de Lula e seu excessivo foco nos programas de seguridade social que não promovem o crescimento ou desenvolvimento econômico". Ainda de acordo com a reportagem, Temer teria dito que o PMDB poderia lançar candidato próprio à presidência.

Temer afirmou não saber se o teor da conversa relatada pelo cônsul estava correto. " Não me recordo desta conversa com o cônsul, não tenho a menor lembrança. Ao cônsul, eu não disse, eu posso ter dito uma outra ou coisa de natureza política nas entrevistas. Eu até tive a sensação que aquilo foi retirado de entrevistas."

O vice-presidente também afirmou que a divulgação da suposta conversa não causa constrangimentos para ele. “Não causa nenhum desconforto. Quando fizemos a coalizão governamental nós estabelecemos o método de trabalho que deu certo e a política social foi apoiada pelo PMDB e o governo Lula foi excepcional.”