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Com prisão pedida, atropelador de ciclistas tenta se internar

Terra

O bancário Ricardo Neis, que atropelou dezenas de ciclistas que faziam uma manifestação na última sexta-feira, em Porto Alegre (RS), tentou se internar em uma clínica psiquiátrica da zona sul da cidade nesta terça-feira. Segundo a direção da clínica São José, ele foi atendido, tentou a internação, mas o pedido foi negado. A clínica afirmou que trabalha com sigilo e não divulgou os motivos da negação.

A Delegacia de Trânsito da Polícia Civil e o Ministério Público do Rio Grande do Sul pediram, na noite de ontem, a prisão preventiva por tentativa de homicídio de Ricardo Neis. A requisição ainda não havia sido decidida pelo Tribunal do Juri às 17h desta terça-feira.

De acordo com a polícia, enquanto o pedido era analisado pelo juiz plantonista do Fórum, a Polícia Civil chegou a deslocar uma equipe com policiais e um delegado, que aguardavam a resposta para realizar a prisão. Contudo, como o caso foi representado como tentativa de homicídio, no entendimento do Judiciário, deverá ser analisado pelo Tribunal do Júri.

Segundo nota divulgada pela polícia, foi possível apurar, pelo depoimento do acusado, que o automóvel foi "utilizado como uma arma" e isso acarretaria, entre outros elementos colhidos, intenção de matar. Outro fator para o pedido foi o fato de o acusado ter ciência de que sua atitude colocou em risco a vida dos ciclistas e, por isso, ele assumiu o chamado dolo eventual, quando se arca com o risco das atitudes provocadas.

Por volta das 19h da última sexta-feira, o movimento Massa Crítica promoveu um passeio ciclístico a favor do uso das bicicletas no tráfego urbano. Durante a manifestação, que reuniu mais de 100 pessoas, Ricardo Neis, que dirigia um Golf preto, acelerou e atingiu os ciclistas que bloqueavam a rua José do Patrocínio na altura da rua Luiz Afonso, no bairro Cidade Baixa. Pelo menos 10 pessoas ficaram feridas.

O pedido da prisão preventiva do motorista ocorreu logo após o encerramento do depoimento do motorista na segunda-feira, em que ele alegou legítima defesa, relatando que os manifestantes agiram com violência contra seu carro. Sobre essa alegação, a professora Aline de Morais Rodrigues, que participava da manifestação, afirmou que os tapas no carro eram para alertar o condutor. "Eu fui uma das pessoas que foram até o lado do carona para dizer 'espera aí' para o motorista", disse.

O movimento Massa Crítica convocou um protesto para hoje, às 19h, com saída do Largo Zumbi dos Palmares, bairro Cidade Baixa, percorrendo o mesmo trajeto da última sexta-feira. O grupo vai exigir punições ao motorista Ricardo Neis e propor alternativas ao trânsito de Porto Alegre. "Venha a pé, de bicicleta, de cadeira de rodas, de skate, de patins ou de pogobol. Manifeste as suas idéias em cartazes, camisetas e usando a sua imaginação", disse o grupo no seu site.
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